Parte 1

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As rosas estão por todo lugar.

Há corações de todas as cores pendurados por fios de náilon no teto.

Casais que vivem brigando estão na sua melosidade nada casual.

Há também mais flechas e cupidos do que eu pude contar.

Parece que fizeram da minha escola um ambiente corrupto de afetividade, ninguém está a salvo.

E eu posso jurar que estou sentindo o maldito do cheiro das margaridas de Amélia Rodrigues de onde estou.

Hoje, Fortaleza parece estar absorta em amor, paz, companheirismo, afetividade e carinho. E isso porque o dia dos namorados é apenas daqui alguns dias, mas parece que minha adorada cidade precisa comemorar, não só o dia, mas a semana toda do amor.

E isso seria maravilhoso, se eu não estivesse com um problema gigantesco bem acima de mim.

E tudo por causa da droga do dia dos namorados.

Mais precisamente por uma estúpida viagem com os meus amigos.

Na verdade, a culpa foi toda minha.

Mas é bem mais fácil culpa-los. Isso diminui a raiva que estou sentindo de mim mesma.

Desde o início do período letivo, quando magicamente todos os meus melhores amigos começaram a namorar, combinamos de fazer uma viagem no tão esperado dia do amor.

Tinha apenas uma coisinha em questão.

Eu não tinha/tenho um namorado.

Isso não era necessariamente um problema nem pra mim e nem para eles. Já que o que estava me deixando animada era passar um tempo junto deles.

Contudo, descobrimos a quase um mês que o pacote que queremos fechar requer seis pessoas, e não cinco. E o irmão de Amélia, Evan Rodrigues, se recusa a entrar nessa por não querer se misturar com um bando de pirralhos de dezesseis anos com hormônios a flor da pele, palavras dele, não minhas.

Em resumo da situação, Evan, tecnicamente seria nosso responsável,  na visão dos nossos pais. Mas o único interesse de ir com a gente é visitar a namorada que mora longe, tanto que ele nem mesmo irá ficar no chalé conosco. 

Sendo exatamente por isso que nosso problema, ou melhor, meu problema, começou. Lembro-me como se fosse ontem da nossa conversa. Rafaela Pax afirmou com clareza que o pacote inclui seis pessoas, sendo uma maior divisão do dinheiro, deixando automaticamente mais barato para cada um. Mas todos já tinham seus acompanhantes, exceto eu.

Depois de uma longa discusão, os cinco decidiram que seria eu a arranjar um par. Argumentei bem falando que não sou lá muito sociável e meu ciclo de amizade se resumia apenas a eles.

Connor Lautner, namorado de Amélia, discordou. Disse que sou muito simpática para não ter alguém a levar. Já meu melhor amigo, Rui López, disse que acreditava 100% em mim, já que nunca tive um namorado e não irei arranjar um nem tão cedo, quando o ouvi dizer, minha boca se abriu tanto em choque que quase sinto meu queixo tocar o chão.

O que passava em minha cabeça era a pergunta se era isso que todos achavam de mim.

Que eu era incapaz de conseguir alguém para sair comigo.

Foi exatamente por essa sua maldita fala que toda a confusão se desenrolou. Com o sangue nos olhos e a cabeça quente disse a todos eles que eu poderia sim levar alguém, afinal, estava saindo com um carinha a duas semanas, contando com o dia de hoje, totalizaria quase dois meses.

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