Parte 2

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— Maia? — ouço a voz de Gustavo

Meus olhos estão fechados e estou em um estágio em que você não sabe se estar dormindo ou acordada. É como se estivesse em um limbo.

Tudo o que sou capaz é de soltar um resmungo em resposta.

— Você já está dormindo?

— Sim! — respondo

— Ah!

A balança do meu sono pendeu para o lado acordada, mas quando estava quase voltando ao meu limbo, ouço sua voz rouca outra vez.

— Maia

— Hum?

— Se incomodaria se colocasse alguma música

— Não — respondo, nem me importando direito com o que quer que seja sua pergunta. As palavras se embaralham no meu cérebro e não entendo nada do que diz, minutos depois, ouço uma música, e meu sono aumenta, o barulho está cada vez mais baixo e estou cada vez mais absorta a realidade a minha volta.

Mas aí, novamente Gustavo me chama.

— Maia

— O quê?

— Não consigo pegar no sono

Derrotada na missão em tentar apagar de uma vez na cama, me viro na direção do moreno e encaro suas orbes castanhas e intensas sob a penumbra da noite. Há uma janela de vidro no quarto, não fechamos a cortina e a luz da lua iluminava os pontos certos do seu rosto, exaltando sua beleza peculiar.

— Por quê? — indago, aconchegando-me na cama, próxima demais dele

— Não sei. Acho que estou um pouco inquieto ou mesmo ansioso

— Também estou. Mas acho que esses dois dias vão ser incríveis

O silêncio se passa por alguns segundos enquanto encaramos um ao outro, então, parecendo ter notado algo em minha fala, ele ri consigo mesmo.

— Dois dias de completo amor nesse chalé. Seus amigos são melosos demais

— Oh, sim! — concordo — Você não faz ideia do que eu passo sendo a vela do grupo

— E por que é a vela do grupo? — o olho em descrença diante de sua pergunta

— Não sei se notou, mas sou a única sem um parceiro no meio de dois casais apaixonados

— Por quê? Quero dizer, por que não tem alguém?

— Primeiro, não estou atrás de um namorado agora. E segundo que dúvido que alguém tenha interesse em mim no momento. Não que eu me ache feia — trato de acrescentar, mostrando que eu não uma garota de se vitimizar, porque de fato, não era —, em uma escala de zero a dez, acho que estou na média. É que não sou tão ativa a escola e existem garotas mais bonitas que eu, que recebem atenção por isso

— Você está brincando comigo? — pergunta Gustavo, parecendo revoltado por um momento

Ãnn, não? — estou tão insegura pelo seu surto repentino que minha afirmação sai mais como pergunta

— Não pode dizer que não tem ninguém interessado em você. Isso seria humanamente impossível, eu apostaria dois mil reais como têm ao menos cinco caras querendo estar no meu lugar — diz ele, apoiando a cabeça na mão, erguendo-a um pouco e me encarando de cima, o novo ângulo o deixou ainda mais belo

— Desculpa, mas eu acho que você estar pirando legal

— Tive um crush em você no sétimo ano, Maia. E oitavo. E no nono. E no primeiro ano. Acredite em mim, não estou pirando

Dois Dias Para Amar |✓Onde histórias criam vida. Descubra agora