Hansol estava inquieto.
Olhava para sua mãe por cima do ombro a cada tic-tac do relógio ao lado da grande televisão onde tentava sem sucesso manter sua atenção. Chegava a ser irônico como o pequeno objeto atraía seus olhos quando a tela plana era pelo menos seis vezes maior.
— Hansol, para de trocar de canal como um desesperado. — desviou o olhar de sua costura e dirigiu-o por cima do óculos para o filho no outro sofá da sala.
— Pelo amor de Deus, mãe. — soltou o controle remoto e se jogou no chão indo na direção da progenitora — Só unzinho.
A mulher rolou os olhos e abriu a boca para repreender o filho, mas parou no ato e voltou ao bordado. O "Sofia" estava ficando cada vez mais bonito, considerando que a mãe de Hansol bordara mais de vinte toalhinhas de rosto para a menina.
Hansol tinha passado muito mal e ido parar no hospital há poucos dias por se empanturrar de doces na páscoa. A mãe achava que aquela fase já tinha passado, mas percebeu que não podia se preocupar apenas com a caçula da família quando encontrou os dois lambusados logo pela manhã.
Hansol alegara que estava apenas querendo realizar os sonhos de Sofia igualzinho a vez em que ela aparecera pintada inteira de tinta azul — porque queria ser um smurf, ela dissera na ocasião — e o irmão mais velho quem tinha o pincel e roupas sujas de tinta, totalmente cúmplice do ato.
As vezes a mulher pensava seriamente se ele tinha mesmo dezessete anos ou apenas sete.
O ponto era que agora ele estava estritamente proibido até mesmo de comer seu precioso pão de mel de toda tarde, o que o fazia agir como um viciado em substâncias ilícitas e a mãe duvidar de que todo aquele desespero fosse mesmo só por causa do pão.
De fato, não era só pelo pão de mel.
Com um "se você for parar no pronto socorro de novo, eu não vou ficar contigo", um Hansol sorridente saiu de casa rumo à padaria.
Ao chegar lá, fingiu procurar pelas variedades de pãezinhos no balcão e não achou seu precioso pão de mel. Sorriu consigo mesmo ao notar o quanto aquilo tinha dois significados para si.
Percebendo o menino, o dono da panificadora se aproximou sorrindo de orelha a orelha. Era mesmo conhecido por ser muito simpático e, mesmo quem não gostava de seus pães — o que era quase impossível —, gostava dele.
— Posso ajudar?
Hansol deu um pequeno pulo de surpresa ao notar o homem, já que esperava o atendente bonitinho que ele admirava em segredo — normalmente parado do outro lado da rua, atrás de um poste, como se planejasse um assalto e não seu possível casamento. O jeito espontâneo e descontraído exalava de seu corpo quase como um perfume, o mais novo logo pôde perceber.
— Ãhn, eu queria o famoso pão de mel. — sorriu de volta.
— Ah, claro. — o homem se alegrou ainda mais e o garoto quase pediu que ele parasse de sorrir porque não levara consigo um óculos de sol.
Pudera, seu pão de mel era uma especiaria famosa na região. Já pensara até em mudar o nome da panificadora de "Boo" para "Pão de mel".
Correu para onde os pães eram preparados e assados e Hansol notou um menino encostado ao balcão com uma expressão de paisagem no rosto.
O coração falhou uma batida. Era ele, o real motivo para suas caminhadas até a padaria, seu pão de mel.
Reparou que mexia no celular, mas estava com o avental com o logo da loja sobre suas roupas, que pareciam bem casuais pra um dia de trabalho de um funcionário.
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Pão de Boo [verkwan]
Fiksi PenggemarHansol gostava de pão de mel, mas gostava ainda mais de certo garoto que sempre estava na padaria perto de sua casa. [...] Seungkwan achava que nutria um amor platônico e, para piorar, este sempre estava na padaria de sua família. one shot | vernon+...