1891 (parte II)

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O Épico

Eu escolhi a escuridão. Eu escolhi a hora em que nada é deixado, quando tudo o que é agora não tem retorno. Escolhi a hora do devaneio, quando poucos de nós ainda estão acordados, assombrados pelos fantasmas mais velhos dessas mesmas paredes. É o tempo em que tudo o que é sagrado, no entanto, está enterrado há eras. Sente-se à sua janela, sinta a brisa gelada da morte, abra os olhos devagar, como alguém que não os abriu há séculos. Olhe para cima, lá está a lua amaldiçoada que colocou a tristeza em cima de todos nós. E antes de você se conscientizar, sua camisola já está cheia de lama. Seus pés tocam o chão, imploram pela carne viva da natureza, anseiam pela vida. A noite sussurra "venha, minha criança". Você responde ao chamado. A sabedoria da face branca fala de sentido, mas você não precisa mais dela. Sim, ali está o lugar. Você olha para trás, hesitando por um momento, mas profundamente dentro de si mesmo, você sabe que precisa responder ao chamado do vazio. Você implora para a lua amaldiçoada "diga a ele que eu não estou mais aqui".

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