história manchada

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Que poder que tu tem,
Que liga e desliga,
O interruptor do meu coração?

Que chaves que tu guarda,
No bolso daquela tua jaqueta jeans surrada, abarrotada
Que abrem os cadeados de todas as correntes, de todas as trancas
Que me prendem e me seguram?
Que atormentam minha cabeça
Nas noites de brisa quente desse verão.

Deixa pra mais tarde a constatação
De que a muito tempo eu já sou tua.

Entreguei pra ti, e pra tua aura impura,
Os meus sonhos e fragilidades,
Minhas esperanças, minhas vontades,
Meu desejo e minha voz.
Meu canto que canta só pra ti
Minha noite que cai
Enquanto sonho contigo
E com a junção de nossos corpos entre meus lençóis
Com o cheiro de chuva que emana dos teus cabelos,
E com o gosto do teu beijo,
Que é onde eu quero morar.

Corro e fujo da verdade.

É que a tempos já atrelei minha felicidade a tua.

A tempos que vivo a incapacidade
De evitar expor minha alma nua
Pra ti pintar com tuas cores escuras
Com teus tons em preto e branco.
Doloroso, receoso,
Onde meu coração encontra repouso.

Me tapando tua sinceridade
Tu me esconde, e eu acolho a ingenuidade.
Me encolho, me faço pequena o bastante
Pra quem sabe assim caber em qualquer espaço no teu peito,
Qualquer um que me sobrar.
Que me faça sentir direito,
Parte do teu ser.

Mas eu não sou Alice
Pra viver nesse país de maravilhas.
Criado, reinventado, idealizado.
Com uma única sina
De fazer morar onde tu saiba me amar.

Tua adoração já não é meu destino.

De longe eu já vejo, te falta carinho.
Te falta alento, te falta espaço, te falta sossego.
Te falta coragem pra abrigar
Uma mulher forte como eu.

Mas tudo bem, meu bem.
Porque meu coração é gigante
E meu sonhos são inflamantes
Me recuso a queimar
Pra te aquecer um lar.

Regam-se os líriosOnde histórias criam vida. Descubra agora