Destino.

Quando eu percebo o qual profundo foi o dano

Dezessete anos antes

- Você sabia que sempre lhe admirei de longe? - Jack fala enquanto estamos assistindo um filme de suspense e comendo pipoca na sala da casa dos meus pais. Estávamos namorando há seis meses e meus pais haviam saído para alguma festa familiar que eu recusei de ir, para ficar com Jack. Tiro os olhos da TV e o olho. Ele está com o rosto e os olhos completamente em mim.

- Bobagem. - Bufei - Você me tinha no seu perfil e nunca puxou conversa comigo. Inclusive você que me adicionou. As pessoas que adicionam que falam, sabia?

- Esperei você falar comigo há meses. - Ele confessa.

- E eu esperei você falar comigo.

- Você sempre curtia o que eu escrevia.

- Porque sempre achei você inteligente e acho interessante a forma de como você coloca as palavras. Você é tão inteligente Jack!

- Sempre curtia minhas fotos.

- Porque você tem o blog mais lindo que já vi!

- Sempre olhei para você, mas você nunca me olhou de volta. Cheguei a pensar que era presunçosa, mas toda vez que via suas postagens e fotos no seu perfil elas me mostravam que você não era. Amava cada palavra que você escrevia, seus pensamentos, suas fotos, você é tão boa em fotografia, sabia? Cada ângulo que me deixava de boca aberta e horas olhando aquelas fotos. As paisagens, os animais, as casas .... As pessoas sempre me diziam que nunca devemos confiar nas pessoas pelas suas redes sociais. E eu queria tanto confiar.

- E agora que está ao meu lado, me conhece... se decepcionou em algum momento? - Pergunto e nossos olhos e boca estão tão próximos que sinto sua respiração bem próxima a minha.

- Ali é apenas uma ponta do iceberg, depois que mergulhamos e sabemos a magnitude e tamanho que você tem, percebo o qual magnífica você é. Fico feliz porque só eu tenho o prazer de lhe conhecer completamente.

- Eu te amo Jack.

- E eu sempre te amei!

***

Sai do quarto parecendo que não saia há meses. Meu corpo doía e eu desejava voltar de novo para cama. Mas quando vi Samuel comendo cereal, na mesa ao lado da minha mãe, eu sabia que não podia continuar na cama. Precisava respirar e encarar os fatos.

Respirei e me aproximei, quando ele olhou para mim.

- Mãe, eu estava pensando .... Eu agora vou ter dois quartos? Como Jesse tem?

- Hunrun - Sentei ao seu lado.

- Talvez não seja tão ruim, não é?

- Não meu amor, não vai ser!

- Certo! - Ele falou ainda analisando. - Conheço amigos na escola que os pais são separados. Os pais de Jesse também são. E eles me parecem bem!

- Sim Samuel, no começo pode ser incomodo. É algo novo e que precisamos nos adaptar, mas logo encontraremos o jeito de sermos felizes novamente. Continuaremos sendo seus pais, o amaremos da mesma forma. O que muda é que eu e seu pai não iremos mais morar juntos. Ainda somos uma família! O amor continua inabalável.

- Eu sei! - Ele respirou fundo - Então vocês estão decididos, de verdade?

- Acho que sim! - Falei baixinho. Quase sentido dor por dizer isso para ele.

- Ok! - Ele olhou para minha mãe - Vovó, você poderia me dar mais cereal por favor?

- Sim! - Minha mãe olhou para mim e piscou o olho.