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Leiam com a música da multimídia. Boa leitura!

Caminhar novamente pelas familiares ruas da minha pequena cidade está sendo como mudar de escola pela primeira vez: aquele frio na barriga; o pensamento de que ninguém gostar de você. Bem, estou sentindo-me exatamente assim. Recebo alguns olhares atravessados de quem passa na rua. Duas senhorinhas caminhando em minha direção; uma cochicha algo para a outra, fazendo com que ela acene a cabeça de maneira positiva.

Ainda não esqueceram nada a respeito daquela noite. Ainda sou a "menina que supostamente matou o namorado". Ainda sou a menina com má reputação.

Ao dobrar na esquina que finalmente me conduz até minha casa sinto um aperto no coração. Como pode um lugar, que já fora tão querido, me fazer sentir tamanha angustia? Toda essa inquietação emocional é potencializada quando vejo uma mulher com sua filha mudarem de calçada para não passarem perto de mim. Claro! Como se eu fosse algum tipo de monstro horrível.

Senti-me péssima. Como se tudo que eu mais temesse na vida me atingisse de uma vez só.

Não quero ser um monstro.

Toda a agonia que estou sentindo tomou forma líquida, escorrendo dos meus olhos em forma de lágrimas pesadas, cortando meu rosto com pesar. Parei. Inalei um pouco de ar, ajeitei firmemente o boné preto, que tem "CANADÁ" escrito em letras vermelhas, e segui meu caminho.

Andando mais alguns metros eu chego, finalmente, na frente da minha antiga casa. Olho para o jardim de flores amarelas e, por dois segundos, tudo parecia perfeitamente normal; como quando eu ainda era apenas eu. Quando eu apenas me preocupava com o dever de casa, prova de Física ou se Owen estava bem. Quando eu era apenas a vizinha de alguém. Quando eu era amiga do Shawn... até a amizade dele eu perdi.

Um breve latido de cachorro me faz virar para o outro lado da rua: lá estava meu amigo ou ex-amigo - acho que somos apenas vizinhos agora -, Shawn passeando com seu cachorro Tommy. Ele me lançou um olhar que eu não soube decifrar se era de pena, tristeza, saudade. Shawn ia levantar a mão para acenar e eu estava prestes a responder o gesto quando uma voz chama por mim:

"Ally? É a Ally! "Era Owen, meu irmãozinho. Ele tinha brilho nos olhos enquanto corria com seus bracinhos estendidos, prontos para me abraçar.

Naquele instante, esqueci tudo e todos ao meu redor, somente meu pequeno irmão importava agora. Então, eu caí de joelhos no chão, sem me preocupar com o impacto entre o cimento frio da calçada e minha perna. Todo meu coração estava preenchido com felicidade e amor.

"Senti tanto sua falta" falei e senti os baços do meu irmão rodeando meu pescoço e dando-me o melhor dos abraços.

As pequenas lágrimas que caiam dos olhos de Owen e molhavam minha blusa deixavam-me em um estado de alegria; não que eu achasse bom vê-lo chorar, mas as lágrimas comprovavam que aquele momento era real.

"Espera" eu disse fixando meus olhos nos dele. Uma conexão de olhos cinzas "Quero fotografar você com o olhar".

Nosso pai era fotógrafo. Ele costumava dizer que, para se ter uma boa foto, era preciso fotografar previamente o ambiente com os olhos. Assim, iríamos guardar na memória os melhores ângulos.

"Não quero mais me separar de você, Ally. Não vai mais embora, por favor" Owen pede suplicante.

Depois da morte de nossos pais, ficamos mais próximos do que nunca. Era só eu e ele com laços familiares verdadeiramente ativos. Tinha nossos tios que ficaram com nossa guarda, mas eles nunca foram nada além de "companheiros de casa": nunca nos deram nem amor, nem carinho. Por isso eu me esforçava o máximo para não o deixar sofrer. Tentei o meu melhor.

"Não vou. Nunca mais! " asseguro

Dei mais um abraço em meu irmão antes de me levantar e pegar minha pequena mala. Porém percebi que o pequeno observava algo atrás de nós. Quer dizer, alguém.

Era o Shawn. Ele estava no meio da calçada trazendo consigo uma expressão estranha: era como se travasse um conflito interno entre falar alguma coisa ou permanecer em silêncio.

Mas Owen decidiu por ele:

"Oi, Shawn! Cadê o Tommy? "

"Já está em casa Owen" Ele deu um pequeno sorriso.

Não sabia o que falar. Não sabia se deveria falar. Desde o nosso último contato, Shawn deixou claro que tinha outras prioridades acima da nossa amizade. Sinceramente, não sei nem porque ele está aqui, parado na frente da minha casa. Ele queria espaço, eu dei. Senhoras e senhores, apresento-lhes o bipolar e indeciso, Shawn Mendes.

"Err... acho melhor entrarmos, Owen" Vi o meu vizinho revirar os olhos minimamente, como se já soubesse que essa seria minha reação.

"Tchau, Shawn" ele acena para o garoto.

"Tudo bem. A gente se vê por aí" ele sorri meio desapontado. Por educação eu tento sorri.

Shawn já havia virado de costas quando outra voz familiar chama pelo meu nome:

"Ally?"

***

Espero que tenham gostado!! :)

Votem na história e comentem para me motivar a escrever!

bjs!! <3

Bad Reputation {S.M.} PAUSADAOnde histórias criam vida. Descubra agora