Poesia de porão

TEUS AIS

Hoje choveu na cidade onde moro. Chovia no meu coração também. Chuva ácida do teu adeus.

Fiquei me perguntando por algumas horas onde eu poderia ter errado. Aos poucos percebi que não errei em nada. Nunca precisei me moldar pra caber em teu peito. Se é que um dia eu coube de fato.

É preciso saber escolher. Mas acima de tudo, é preciso entender sua escolha.

Eu entendi. Por mais difícil que fosse, eu segui.

Talvez tu não tenha entrado tanto em sintonia assim, e olha, eu não vou te culpar. O sinal da rádio onde eu toco, ás vezes é muito fraco. Chega em poucos corações.

Nem toda rádio tocam as músicas que a gente quer escutar. Algumas demoram muito, até que nos revele a programação.

A porta ainda está aberta, mas relaxa, não é pra você. Toda visita é bem-vinda. 

Sigo vivendo como se cada dia fosse importante. E na verdade é.

Bobagem pensar que viveria pra você. Vivi pra mim. Mesmo te amando, vivi por mim.

Não me lembro de você na construção de quem sou.

Te amei. Não nego. Mas meu amor sempre foi livre. Tipo liberdade de expressão. 

Infelizmente, ás vezes me sentia oprimida. Diminuída. 

Quase que átomo nessa tua vida.

Confesso que amor demarcado é prisão.

Gosto de amar solta.

Onde me sinto presa, grito.

Minha alma é meu equilíbrio.

Se um dia você voltar, a porta estará aberta.

Mas não se assuste, algumas coisas eu terei mudado de lugar.

A televisão, o tapete e quiçá o sofá.

Caso me ligue e eu não atenda, é que eu mudei de número do celular

Calma, respira, não é por sua causa.

A fatura me cansava de tanto trabalhar.

Mas se acaso acreditar no acaso

Guarde contigo a saudade.

Foi escolha tua, e eu não posso me considerar covarde.

Te amei demais.

Quase precipício

Por sorte sabia que isso era bem mais que um declínio.

Vivi esperando por um amor como este.

Confesso que mudei de opinião nos últimos meses.

Você foi a estrada que eu mais me perdi

por sorte eu tinha um mapa e uma bússola guardada aqui.

E se mesmo assim, a saudade insistir.

Eu sento e espero ela ir embora

como você fez , contigo aprendi.

Relaxa Luiza, a vida é assim mesmo

um dia te amo, no outro, não mais.

Mas fique tranquila

que eu sou tipo açúcar

na primeira chuva

eu sumo em teus ais.