Capítulo 6 - O início do fim

56 3 0
                                    

_______________________________________________________________________________

        Dr. Cooper:

        Segundo as estatísticas, tinha 99,9 % de probabilidades de sobreviver mais tempo que os outros  à solitária, dada a capacidade intelectual dos outros concorrentes.

        Como é óbvio, as estatísticas não falham, e sobrevivi. Segundo a posição aparente do Sol, pelo ângulo de 90 graus da luz que incide no soalho sombrio, estaremos nada mais, nada menos que a 5 minutos de se completar o meio dia. Pela já nela do estúdio de gravações só observo um terreno descampado. Estamos, muito provavelmente, nas coordenadas do maior descampado de Panem. Colocaram-nos em quartos sozinhos, com as portas trancandas, e assim que os relógios marcarem o meio dia, um mecanismo será acionando, e todas as portas abrirão. 

        Observo o meu relógio de pulso. De pouco nos serve ter um relógio, porque os desativaram, mas os mecanismo serão preciosos na luta pela sobrevivência. Como é óbvio, não vou morrer, porque 1-São todos intelectualmente inferiores a mim; 2-São todos intelectualmente inferiores a mim; 3-Nenhum é intelectualmente superior a mim; 4-Eu sou intelectualmente superior a todos.

        Quando as portas abrem, deixo-me ficar sentado, com as pernas flexionandas num ângulo preciso de 46º, porque ninguém se lembrará de me procurar no local exato de onde todos fogem nos primeiros segundos: O lugar onde começaram. 

        Sei que no estúdio existem portas trancadas, e, honestamente os sistemas são francamente fáceis de ativar e desativar. Desloco-me lentamente até à porta, e utilizando alguns cabos que consegui esconder habilmente dentro das camisolas e algumas peças do relógio, desativo a porta. Depois de ela estar desligada dos sistemas do Capitólio, tranco a porta manualmente. Todos vão pensar que não está ninguém cá dentro, quem se lembraria de mim? Estão todos a depender da sorte, que é algo que não existe, quando eu dependo das probabilidades.

        Sento-me novamente, e reparo nas armas que me disponibilizaram no quarto... Nada... Impressionante, não se esforçaram nem um bocadinho. No entanto, ofereceram-me um perú, o que já não é nada mau.

        Para passar o tempo, utilizo uma perna de perú para retirar alguma coloração, e utilizo a minha tinta improvisada para resolver algumas equações que decorei, para que pudesse continuar o meu trabalho aqui... Sinceramente, trancam-me aqui e não se lembram que eu tenho de resolver os dilemas do universo? Retiram-me da universidade abruptamente para isto? Há que pôr mãos ao trabalho...

        Quando me sento para descansar as pernas, procuro o local exato onde a luz incide com intensidade média, e onde não existe qualquer tipo de corrente de ar. A partir daqui, estou completamente invisível a quem espreitar para a janela, ou até pela fechadura. Se o vento vem da fechadura e das falhas nos vedantes das janelas, então a posição tem de ficar a 45 centímetros da porta, e 1 metro para o lado da janela. 45x34:78=x67.98/2* e está feito. Defino o local como o meu lugar cativo, e instalo o perú a uns certíssimos 22 centímetros de mim: o suficiente para eu não lhe sentir o cheiro, mas conseguir vê-lo com exatidão no caso de começar a apodrecer.

        Penso nas instalações... Só de pensar que colocaram um adversário à altura de Newton num quarto mais nojento que uma barata a defecar... Encosto com receio o meu dedo mindinho à parede, para ter a certeza que estou livre das bactérias e vírus contidos no pó... Quando olho para o meu dedo... 

_____________________________________________________________________________

        Bem, o Dr. Cooper não ficou muito mais tempo acordado para vos poder explicar o que aconteceu. A sala estava imunda de pó, e o seu dedo mindinho ficou tal e qual da cor de um buraco negro. Ao pensar na comparação com uma singularidade quântica o Dr.Cooper começou de saltar com o nojo, e após ter dado conta de ter tocado no perú já a apodrecer, desmaiou com o choque.

        Os restantes tributos tinham realmente saído dos quartos nos primeiros instantes, e colocaram-se à mercê do destino. Emma estava aterrorizada, e percorreu o estúdio em busca de Jamie, mas não o encontrou. Em contrapartida também não encontrou adversários dispostos a matá-la, o que era um ponto positivo.

Os Jogos da Fome - Apenas mais uns jogos, será?Onde histórias criam vida. Descubra agora