Capítulo 8

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Lorena

Emburrada. É assim que estou sentada à mesa de um restaurante bastante chique, que fica de fato no décimo andar do prédio. O imbecil à minha frente, pelo contrário, sorri muito. Claro, não foi ele quem saiu carregado de sua própria sala sendo humilhada e ridicularizada diante de seus colegas de trabalho. Pois não adiantou nenhum dos berros, socos ou beliscões. Raul só me fez sentir novamente o chão quando me sentou na cadeira que estou agora. Eu lanço vários olhares assassinos para ele, mas ele parece gostar, pois em seu rosto só é possível notar a satisfação.

Além de me atrapalhar em meu trabalho, me assediar na minha própria sala, Raul cutucou o cu da morte ao dar várias palmadas em minha bunda. Porra. Eu nunca tinha apanhado nem dos meus próprios pais, beleza, não foi algo agressivo da parte dele, com certeza o teor era mais sexual, mas eu não me senti nada bem com ele acertando minha nádegas, ficar acariciando depois de cada golpe. Desgraçadamente tenho de confessar que a parte da carícia, fez meu estômago revirar e minha pele esquentar. Eu estava quase queimado, então se esse homem não era o próprio capeta, eu nem queria saber o que ele era para dominar tão bem assim o fogo.

— Já sabe o que vai pedir? — Ele pergunta segurando um cardápio.

— Um prato que tenha veneno para você — retruco, bem irritada.

— Tente outro. Aqui não vende isso — revida, sereno, olhando o menu com bastante atenção.

— Então não quero nada nem mesmo queria estar aqui. Se não fosse sua babaquice de me trazer arrastada.

— Carregada — contraponde. — Confesso que foi prazeroso. Se você se comportar, posso carregá-la de novo. Aposto como também gostou.

— Nem morta! — exclamo precisa. — Cara, como você sente prazer por uma desconhecida?

Quando ele vai responder, um garçom vem anotar nossos pedidos. Muito a contragosto, escolho um dos pratos, arroz, salada verde e frango assado com legumes. Raul, opta por carne vermelha e os mesmos acompanhamentos que os meus. Quando finalmente a pessoa sai, olho para ele, cobrando minha resposta. Bom, eu deveria deixar a pergunta esquecida, mas eu tenho um péssimo costume de querer tudo que é resposta.

— Nós não somos desconhecidos — ele afirma. Reviro os olhos. — Bom, eu sei seu nome, onde trabalha, com que trabalha. O que eu mais preciso saber para te conhecer?

— Meu Deus, você é inacreditável — sorrio de suas palavras. — Eu sou mais do que você pode ver.

— Isso eu sei. — Ele diz e ainda sacode a cabeça para dar mais certeza de sua ciência. — Eu ainda não tive a felicidade de vê-la nua.

— Ah, cala a boca, seu retardado.

— O quê? É uma chance de nos conhecermos mais. Não é você que quer que nos tornemos conhecidos? — Ele levanta as sobrancelhas sugestivamente. Me pergunto mentalmente se eu atirar nele uma das facas que tem na mesa, eu serei presa. Bem, seria um bem para humanidade. Um tarado a menos.

Maldito! Ele parece bem confortável e nada acanhado de ser a única pessoa no restaurante todo, vestindo uma roupa de médico. Pelo menos o jaleco né. Minha língua coça para perguntar sua especialidade, mas eu não vou perguntar nada. Assim como ele acabou de distorcer minhas palavras, ele vai distorcer e vai entender isso como um possível interesse de minha parte.

Nossos pratos chegam e dou graças a Deus. Isso pelo menos o manterá de boca fechada. Começamos a comer em silêncio, mas de vez em quando, eu levanto meu olhar e ele está me olhando. Seus olhos bem pretos brilhando. Eu odeio ter de admitir isso, mas o desgraçado é lindo. Uma beleza atrativa. Tudo nele parece ornar. Seu tom de pele, que deixaria qualquer dermatologista doido para cuidar. Ele é branco, mas não daqueles pálidos, ele tem um bronzeado diferente na pele, que deixa ele com aspecto de saudável. Os cabelos cacheados e médios, num tom negro muito invejável, ainda mais o aspecto de macio que deixa transparecer. A barba bem-feita e aparada, circula toda a boca perfeita que molda o sorriso mais sacana que conheço.

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