III - Cereja

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CAPÍTULO TRÊS

Seria eufemismo dizer que Eunbi estava furiosa quando Chanyeol não deu as caras no jantar.

Oh, não. Ela estava além de furiosa.

Sua calma compostura assustava aos funcionários que nunca haviam-na visto tão irritada e ao mesmo tempo, tão inexpressiva. Estava sentada no sofá da sala de estar pelas últimas duas horas, sem mover um músculo.

Os empregados vinham de vez em quando lhe oferecer algo para comer ou beber, o que ela apenas recusava educadamente. As criadas imploravam que ela colocasse algo mais apresentável que uma camisola escondida pelo roupão ou ao menos esperasse no quarto. Qualquer coisa para que não recebesse olhares maliciosos dos empregados e seguranças.

Uma das servas se aproximou timidamente, o medo era evidente em sua expressão. Se inclinou, perto o suficiente para que apenas Eunbi pudesse ouvi-la. Ela esperou que fosse a mesma coisa sobre suas vestimentas.


– Sr. Park chegou.

Eunbi virou a cabeça imediatamente, assustando a jovem que lhe deu as notícias. Antes que a empregada pudesse se repetir, a porta da frente foi aberta. O mordomo o ajudou a tirar o sobretudo e se dirigiu ao armário de casacos.

Ela se levantou de seu lugar, o encarando sem dizer uma palavra sequer. Ele nem ao menos notou sua presença até uma das empregadas apontar para o sofá.

– Você ainda está acordada? – Ele perguntou com um sorriso cansado enquanto desfazia o nó da gravata vinho. – É quase uma da manhã. – Deu alguns passos na sua direção, mas parou ao ler sua expressão.

Eunbi levantou o queixo, pressionando os lábios em uma linha reta e foi ao seu encontro. Os servos assistiam aflitos a interação, prontos para ouvirem gritos ensurdecedores ou algo do gênero. Mas a casa estava silenciosa.

– Você já comeu? – Ele lhe ofereceu um sorriso doce, que foi rejeitado prontamente.

Tudo ocorreu mais rápido do que podiam acompanhar.

Em um momento, eles estavam apenas parados no meio da sala e no outro, Eunbi tinha sua mão no ar, lábio inferior tremendo enquanto tentava seu melhor para normalizar sua respiração. Arquejos de surpresa preencheram a sala, vindo de todos os espectadores.

Chanyeol levou a mão à bochecha, tocando a área dolorida onde a marca vermelha mostrava claramente todos os aspectos da mão de Eunbi. Ele suspirou, a encarando.

Ela estava tão... frágil.

Eunbi estava alguns segundos de distância de ter uma crise de choro. Tentou seu melhor para manter a compostura, mas estava tão magoada. Era demais para segurar e engolir os nós na garganta.

A governanta foi a primeira a se mover, caminhou até Eunbi em passos apressados, fazendo uma reverência a Chanyeol.

– Perdão, Sr. Park. – Implorou, mantendo-se cabisbaixa. – A madame está alterada e teve um dia cheio. – Puxou Eunbi pelos ombros para fazer uma reverência. – Por favor, considere isso e não a aplique um castigo. – Seu tom era afobado, procurando por levar a jovem senhorita para seus aposentos o mais rápido possível.

Chanyeol levantou sua mão e a senhora imediatamente congelou. Ele levantou a cabeça, a encarando. Parecia ofendido e mais irritado do que estava antes.

– Solte-a. – A governanta hesitou por dois segundos antes de obedecê-lo. Olhou para Eunbi, pedindo-lhe perdão com os olhos por não ser capaz de protegê-la.

Tudo o que a jovem podia fazer ela ficar parada, esperando o que viria em sua direção. Já estava magoada e cansada o suficiente para não se importar.

Shades of Red | Park ChanyeolOnde histórias criam vida. Descubra agora