A Menina de Cabelo Azul

3 -O DESAFIO

  Gina parou de ler:
  - E aí, Gina? Continua!

  - Não tem mais... O livro só vai até aqui...

  - Ooooh! - fizeram todos, desapontados.

A história estava tão interessante! Parar logo ali?

  - Quem sabe a gente consegue achar o resto?

  Começaram a vasculhar o quarto de alto a baixo, livro por livro, revista por revista. Olharam por todo canto. Tentaram até arrastar a estante, pra ver se não tinha caído lá atrás - mas era pesadíssima. Por mais que procurassem, não encontraram nada.

  - É, gente, não tem mesmo não. O livro é muito velho - Hugo concluiu.

  - Que droga! Por que não guardaram? Eu queria saber como a história continuava - queixou-se Marcinha.

  - Aqueles olhos misteriosos olhando a casa de noite... Nossa! Até me dá um arrepio! - falou Gina.

  Zé Beto riu, debochando.

  - Que será que eles queriam com a menina? - continuou Gina, sem olhar o primo.

  - Que será que a menina era? - Marcinha reforçou.

  - Feiticeira! - exclamou Lelena.

  - Credo! Feiticeira, não! Fada! - Gina emendou depressa.

  - Que fada! Era só uma menina... - Zé Beto estava mesmo disposto a jogar água na fervura.

  Todos olharam para ele.

  - De cabelo azul?! - desafiou Lelena.

  - E tudo aquilo que aconteceu no nascimento dela? - insistiu Marcinha.

  - Tudo aquilo o quê? Aquela babá é que devia ter um parafuso de menos. Tinha medo de vento e de trovão - Zé Beto riu.

  Hugo gostou da idéia e ajudou, para pirraçar as primas:

  - Pra falar a verdade, acho que todo mundo naquela casa tinha um parafuso de menos. Aqurela mãe com mania de mudar a cor do cabelo todo dia...

  - Todo dia é modo de dizer... - corrigiu Lena.

  - E aquele pai, que achou normalíssimo ter uma filha de cabelo azul?

  - Enraçada como arara! - Zé Beto provocou.

  - Mas isso é história! - protestou Marcinha. - Vocês queriam que as pessoas das histórias fossem iguaizinhas à gente? - gabou-se Hugo.

  - E eu, se fosse contar uma história, ia pôr só gente bem diferente! - cortou Lelena.

  Hugo virou pra Zé Beto:

  - Vamos continuar essa história? Continuar sem besteira, botando as coisas nos eixos?

   Zé Beto logo topou, rindo das meninas.

  - Pois então, nós vamos continuar do nosso jeito! - respondeu Lelena.

  - Éééé! - apoiaram Gina e Marcinha. - Vamos ver qual fica melhor! Seus bobos!