A voz feminina

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Um leve barulho de "bip" me faz despertar vagarosamente.

Minhas costas doem mesmo estando deitado sobre algo macio. Tento me levantar, mais sinto me agarrado por fios que estão fixados no meu corpo. A sensação é incrivelmente estranha e minha cabeça dói muito. Tento abrir meus olhos, mas é inútil. Algo sobre meu rosto cobre minha visão e uma tontura repentina me faz cair no chão gelado.

O "bip" que era antes emitido por algum objeto, torna-se imediatamente um alarme. Coloco as mãos sobre os ouvidos e sinto um ar quente percorrer o chão gelado até minhas pernas.

- Ei! Vamos com calma aí. Você se machucou? – uma voz feminina pergunta enquanto me coloca de volta no que agora parece ser uma cama.

- Não! – respondo imediatamente.

- Calma, você passou por um trauma muito forte e precisa descansar.

- Não consigo abrir meus olhos. – Falo levando minhas mãos sobre meu rosto.

- Não mexa nisso. – As mãos quentes da voz feminina pegam em minhas mãos e coloca um aparelho em meu dedo indicador.

- O que é isso? O que tá acontecendo? Por que não consigo abrir os olhos? – milhares de perguntas rodam em minha mente confusa e tonta.

- Você sofreu um acidente junto com outros colegas de escola e estilhaços de vidros atingiram seus olhos. Você fez uma cirurgia e agora precisa descansar. – A voz feminina termina de falar e me cobre com um cobertor. – Eu preciso ir agora, mas mais tarde estarei de volta. Agora preciso que você descanse. – Sinto ela mexer em um dos fios no meu braço e então ela sai do quarto.

O ar quente entra novamente depois que ela sai do quarto. O "bip" volta a ser audível e sinto uma leve sonolência chegando aos poucos. Sinto-me extremamente confuso e agora enjoado. Penso sobre o que a voz feminina falou sobre o acidente com colegas de escola e estilhaços de vidro em meus olhos. Tento pensar sobre o assunto mais é inútil, minha cabeça dói demais e a sonolência vai chegando aos poucos até eu cair no sono novamente.

Algumas horas depois...

- Oi?! Vamos acordar. – Uma voz fala comigo enquanto eu desperto. Mesmo confuso e tonto consigo afirmar que foi a mesma voz que falou comigo a algum tempo atrás.

- Oi! – minha voz sai embargada e sinto minha boca extremamente seca. O ar gelado do quarto, aos poucos vai se tornando quente e confortável.

- Número 14, você tá sentindo alguma coisa? – a voz pergunta, agora perto de mim enquanto retira os fios do meu peito.

- Só um pouco tonto e enjoado. – Respondo.

- Ah, sim! Esqueci de me apresentar. Meu nome é Emily e eu sou a enfermeira responsável por esse setor.

- Então eu estou em um hospital?

- Bem, acho que você não lembra sobre a nossa conversar de ontem, então... Você estava em uma viajem com seus colegas de escola, rumo a um acampamento. Chovia muito e a pista estava lisa, então o ônibus derrapou e caiu em uma ribanceira. Infelizmente muitos de seus colegas morreram no acidente... Eu sinto muito!

Emily termina de falar e isso me deixa triste e confuso. Tento lembrar da noite do acidente, mas nada vem em minha cabeça. Somente um clarão branco toma conta de todas as minhas memórias.

- Não consigo lembrar de nada! – falo para ela que agora desliga o bip que então soava no quarto.

- Isso é muito comum em pessoas que sofrem acidentes ou tem traumas muito grandes.

- Eu não sei se ouvir direito, mas você me chamou de número 14?

- Bem... esse é o número do seu quarto e como não encontramos nenhum documento com você, resolvemos te chamar assim por enquanto.

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⏰ Última atualização: Apr 20, 2019 ⏰

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