Escandinávia, Seculo IX D.C
Uma pequena embarcação paira a beira do lago negro, atracando-se na terra de cascalho coberto de orvalho da manhã. Dois caçadores andam na trilha das montanhas, cabisbaixos da fraca caçada que rendeu apenas um magro coelho, um deles, o mais robusto e mais velho avista a embarcação e observa, enquanto o mais novo corre em disparada esperando algum tipo de espólio ou caça abandonada.
Um grito ecoa na densa floresta. O caçador mais novo se distancia do barco. Rufus, o caçador mais velho e experiente empunha seu martelo de guerra e se aproxima rapidamente — Arax! Você está bem? Afaste-se do barco! — mas Arax tremia e seu corpo inteiro suava, de seus cabelos gotejavam ao chão pingos de suor, gelado, medo. Arax treme feito folha seca ao vendaval — Ruf.. Ruf... Rufus-us bruxaria! Bruxaria! Vamos sair daqui! — disse o jovem caçador deixando o medo dominar seus pensamentos — Recomponha-se! — ordenou energicamente Rufus, enquanto segurava Arax pelos ombros com as duas mão forçando o tórax do jovem para dentro — Fique aqui, eu irei ver o que está dentro daquele barco e então decidirei o que faremos.
Rufus se aproximou cautelosamente com o martelo de guerra empunhado, enquanto isso, Arax se escondia atrás de algumas árvores com o arco em mãos tremendo nervosamente. Chegando ao barco o caçador presencia algo nefasto, coberto por um pano negro, que aparentava estar encharcado de sangue podre e coagulado, havia um cadáver, mas aquela não era uma embarcação fúnebre, Rufus sabia disso, pois não haviam tesouros, armas ou troféus de caça para viagem ao além.
À distância Arax clama por Rufus — Você está bem? — pergunta o jovem, o caçador faz um breve sinal com a mão, para confirmar o que o companheiro de caça o indagava no momento. Rufus se aproxima mais, haviam várias runas escritas no barco, nenhuma que ele conhecesse ou soubesse o significado ele levanta o sudário para ver o rosto e logo entende por que Arax estava conturbado, o cadáver tinha olhos e boca costurados, orelhas arrancadas e o canal auditivo cobertas com cera de abelha, havia uma jarra de barro fechada que exalava um forte e terrível odor, Rufus abriu o lacre revelando órgãos internos em estado avançado de decomposição, rins, coração, pulmões, sem dúvidas aquele homem fora usado como artifício mágico. Na barriga e tórax do desconhecido haviam várias runas diferentes algumas Rufus reconhecia outras não, como se pertencesse a outro mundo. Rufus levanta e por ultimo vê ao lado do corpo encontrado um tabuleta de pedra, ao encostar nela com suas mão, Rufus faz com que os animais ao redor e pássaros batessem retirada agressivamente como se fugissem por suas vidas.
Rufus não atrevesse a ler o que há na tabuleta. Ele deixa o corpo e o barco onde estavam — O que houve Rufus? O que era aquilo? — pergunta Arax, curioso por respostas — Aquilo, Arax, era a Morte — O caçador olha nos olhos do jovem enquanto fala, de forma que o outro pudesse entender a gravidade do assunto — Nós iremos a Lorna, a velha bruxa deve saber o que fazer, nossa aldeia corre perigo.
Voltando pelo caminho mais curto, rochoso e pedregoso, Rufus pretende encolher o tempo entre a vila o lugar que encontraram o cadáver desconhecido — Rufus, eu não tive sua coragem de me aproximar, mas eu vi umas runas estranhas no barco e tamb~em algumas conhecidas, mas teve uma que apesar de não me dizer nada, fez meu coração gelar e minhas pernas tremerem... — Rufus, apenas ignora o garoto e aperta o passo — Anda garoto, temos de chegar rápido a aldeia.
Lorna, a Bruxa Branca, era uma druida, curandeira e feiticeira da pequena vila de caçadores a beira do lago negro, estava em sua cabana fazendo um cozido com ossos de aves e alguns cogumelos, e foi nesse momento que duas sombras abrem bruscamente sua porta, eram Rufus e Arax, os irmãos caçadores — Vejo que a montanha não teve piedade de nós mais uma vez... — disse desapontada ao ver o coelho magro amarrado na cintura de Arax — Não, Bruxa não teve, mas tem algo muito pior acontecendo — disse Rufus, e antes que ele pudesse terminar a velha completou — O Deus Negro, oh céus... — Rufus olha espantado, Arax parece febriu.
A velha bruxa pega alguns sacos de ervas, uma sacola de couro, dois pergaminhos de couro de cabra, contendo algumas runas diferentes, Lorna olha para Arax — Você fica aqui, e você... — diz ela apontando o cajado de caminhada para Rufus — ... leve-me ao lugar onde encontrou receptáculo, talvez ainda haja tempo...
Rufus e Lorna saem apressados pela porta da cabana, Arax senta-se a mesa, coloca um pouco do cozido em um prato, era primavera, mas ainda sentia frio. Arax sentiu um dor de cabeça aguda, como se a ponta de uma flecha perfurasse seu crânio, foi então que tudo ficou em silêncio absoluto... alguns segundo depois ele escutava uma canção estranha vindo de algum lugar, ele olha pelas janelas da cabana da velha bruxa mas não há mais ninguém nas vias, todos em suas casas, os guardas cuidando dos portões. Então ele ouve... dentro de sua cabeça... a voz falaca dentro de sua cabeça... — Quem é você? O que faz em minha cabeça?
"Eu? Eu sou sua salvação, Arax, peça-me, e eu lhe darei, em troca liberte-me agora."
Arax não acreditava. Era loucura. Ele estava louco? A voz repetia a mesma coisa por várias vezes e de formas e entonações diferentes — Estou perdendo minha cabeça? — Então ele vê a sua frente uma linda mulher... ela se aproxima e cochicha em seu ouvido algo, em seguida lhe diz com a voz macia "Obedeça caçador, e será recompensado"
O jovem caçador olha seu arco e sua aljava, equipa ambos em suas costas, levanta-se e deixa a cabana da Bruxa. Arax segue a trilha de Rufus pela floresta.
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BOSQUE FAMINTO
TerrorBOSQUE FAMINTO é uma história visceral, perturbadora, inquietante que vai mexer com você e com sua noção de realidade. Isso não é uma descrição. É um aviso. O que você daria para ter alguém amado mais uma vez? Um casal. Um acidente de carro. Um hote...