Prólogo

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Uma passarela, um dia chuvoso. Ela estava apressada, em direção ao ponto de táxi. Ele saía em direção oposta distraído demais com o próprio sofrimento para perceber o mundo exterior, até que um esbarrão o faz voltar à realidade.

Ela olha para trás e se curva brevemente.

- Me desculpe! 

Continua a andar apressadamente.

Ele, completamente ensopado pelo temporal,  fica olhando o guarda-chuva vermelho se afastar.

Quando enfia a mão no bolso, percebe que o frasco não está mais lá.
Caiu e foi esmagado pelos carros lá em baixo, no momento do esbarrão.

Ele se apoia na mureta.
Seu plano A foi completamente frustrado, mas esse parece servir como plano B.

Lá em baixo o ponto de táxi. O guarda-chuva vermelho.

E um motorista desgovernado.

Ela não está percebendo.
Vai atravessar a rua e o carro está vindo.

Suas pernas o levam em direção ao ponto de táxi antes que ele perceba estar correndo.

- EI!

Ainda está muito longe. Ele desce a passarela correndo.

- EI!

Por mais que ele corra não consegue alcançar.

- Moça!

Ele mal termina de falar quando ela se vira dois passeios  para trás e o carro a atinge.

Ele fica paralisado em choque. Em seguida corre até ela.

As pessoas começam a se aproximar, o motorista bateu no ponto mas por sorte não havia ninguém lá.

Ela está inconsciente.
O Rapaz impede que as pessoas a movam de lugar para evitar lesões mais graves.

Ele liga para a emergência.
A ambulância vem prestar o socorro.

Ele olha a mochila à procura de documentos.

Helena Kim, 20 anos.

Os socorristas colocam o motorista na maca, também inconsciente, depois vêm em direção à garota.

- Você a conhece? Pode contatar a alguém da família?

Um dos socorristas chama a atenção do rapaz.

- Eu vou ao hospital.

Ele diz.

Chegando ao hospital ele entrega a mochila com os contatos e documentos da moça.

Assim que alguns familiares chegam perguntando por Helena ele sai sem ser percebido.

O motorista teve uma parada cardíaca ao volante, foi socorrido e ficou internado em estado de saúde estável, ele ouviu alguém dizer.

Helena foi levada para exames. Não deram mais informações porque rapaz não era um parente.

Ele volta ao local onde deixou o carro. Uma Mercedes preta recém -comprada.

Segue para casa, mas não consegue deixar de se sentir preocupado com a moça. Aparentemente o impacto não a pegou em cheio e o carro já vinha em velocidade mais baixa quando a atingiu, mesmo assim a probabilidade de ela ter sofrido algum dano interno não é nula.

O carro passa pelos portões da mansão, ele desçe e vai sem pressa alguma até a entrada mesmo que o céu pareca estar sendo torcido como um lençol encharcado.

- Sr. Park... o que houve?!

Eunjin, a governanta pergunta assustada com o estado de Jae.

- O senhor caiu em uma poça?

A senhora disse atônita.

- Eu gosto de chuva.

Ele falou.
Eunjin correu para pegar toalhas para Jae.

- Está um gelo lá fora e o senhor me diz que saiu para dar uma voltinha na chuva? 

- Foi.

Ele fala um tanto apático.

- Senhor Jae, eu trabalho nessa casa há vinte e cinco anos e eu vi você nascer, então acho que tenho alguma autoridade para dizer o que vou dizer.

Eunjin falou e Jae levantou as sobrancelhas.

- Pare de brincar com a sua saúde desse jeito! vai acabar doente! Não lhe bastam todas as perdas dessa casa?

Eunjin nunca havia falado naquele tom de voz com um Park, mas dessa vez ela se sentiu na obrigação de tentar despertar o jovem.

- Meus pais e minha irmã. Se eu morrer também você pode apenas ir trabalhar na casa do meu tio. Ele vai te receber bem.

Ele disse.

- Garoto preste atenção no que acabou de falar! não haja como uma criança mimada! Você é jovem e saudável e está vivo! Deus te deu essa bênção!

Ela falou brava e batendo com o guarda-chuva no braço de Jae.

- Lá vem.

Ele revirou os olhos.

- Não aja como se Deus fosse culpado por todas as desgraças do mundo!

- E não é? Porque... se ele é tão poderoso quanto dizem, ele devia fazer alguma coisa.

- Park Hyungjae não seja injusto!

- Injusto? Eu sou injusto?
Primeiro ele leva meus pais naquele acidente, pessoas que aliás insistiam em ajudar as pessoas, a igreja e obedecer a ele. Depois ele põe um câncer na minha única irmã e não importa o quanto eu tenha pedido para curá-la ele simplesmente a matou como fez com meus pais e eu sou injusto? Eles eram pessoas boas e estavam na igreja todos os dias e na hora que precisaram Deus deixou eles morrerem. Eu não consigo ver em que parte estou sendo injusto.

Ele subiu as escadas furioso e se trancou no quarto de novo.

Eunjin voltou ao lugar onde passou a maior parte do seu tempo nos últimos meses: De joelhos à beira da cama.

Jae sobreviveu ao acidente em que seus pais morreram há três anos, ficou sozinho com a irmã mais velha Heeyeon. Ela teve leucemia e morreu há um ano.

Ultimamente a única coisa que consegue sentir é a dor das suas perdas.

* No hospital

- Senhor, senhora Kim. Parece que a Helena teve um trauma nessa região.

O médico mostra o exame aos pais de Helena.

- Felizmente não foi grave a ponto de representar risco de vida mas...

Os pais sentiram um aperto em seus corações.

- Mas ela pode ficar com algum tipo de sequela.

- Que tipo de sequela, doutor?

O pai perguntou.

- Uma perda de visão temporária ou... permanente. Ainda é cedo para saber. Eu sinto muito.

Os pais se abraçam e sentem o peso da notícia.

- Prometo que eu e minha equipe faremos o possível pela Helena, mas eu devo adiantar que em casos assim é difícil reverter os danos. Mesmo assim, vamos fazer novos exames e esperar os resultados para buscar novos recursos.

- Obrigado doutor.

O pai disse mesmo sabendo o que aconteceria a seguir.

Que a vida de Helena jamais seria como antes.

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