Azul é cor de céu

02 - Helena

Beep... Beep... Beep... Beep...

O barulho ensurdecedor. Parecia que estava dentro da minha cabeça.

Beep... beep... beep...
Aaaaargh isso é tão irritante!

Tentei me mover, mas sentindo dor, eu apenas continuei quieta.

Uma faixa na minha cabeça cobrindo meus olhos.

- Alguém?

- Oi, Filha.

- Mãe?

Minha cabeça estava confusa.

- O que aconteceu? Como eu vim parar aqui?

- Você foi atropelada. Se estivesse dois passos a frente o carro teria te acertado em cheio. Você nem estaria aqui. Foi um milagre.

- Eu quero tirar isso.

Eu disse pegando nas ataduras do meu rosto.

- Helena, Helena, não pode tirar.

Ela recolheu a minha mão.

- Você passou por uma cirurgia. Bateu a cabeça muito forte e teve uma lesão.

A voz da minha mãe estava embargada.

- Lesão?

- Você... perdeu a visão por causa do acidente, mas passou por um procedimento para tentar reverter a lesão. O resultado só poderá ser visto a longo prazo, por enquanto você terá de se acostumar...

A voz dela falhou e percebi que ela estava chorando.

- O que o médico disse?

Ela não respondeu.

- Quais são as minhas chances?

Insisti.

- Eu... não queria te dar esta notícia, Helena.

Ouvi a voz do meu pai.

As ataduras em meu rosto estavam ficando úmidas.

- Você teve uma ótima cirurgia e está andando bem na recuperação. Ele disse que... se tudo ocorrer como esperado você tem...7% de chance ...

- De eu ficar cega pra sempre?

- De voltar a enxergar.

Eu senti meu coração se despedaçar e cada estilhaço se espalhar e me ferir por dentro.

Coneçei a chorar desesperadamente e meus pais tentavam me acalmar.

Só parei de me debater e gritar quando senti a medicação passar pelo acesso e me derrubar à força.

- Helena você está acordada?

Quando o efeito da medicação passou eu acordei.

- Helena?

Eu ouvi a voz mas não reconhecia.

- Eu quero que saiba que estou aqui.

- D-desculpe, não sei quem você é.

Trocaram os curativos do meu rosto mas já estavam úmidos novamente.

- Sou eu. Taerin, sua amiga.

Sorri ao ouvir a sua voz mas o sorriso veio acompanhando a uma angústia gigantesca e muitas lágrimas.

- Olá.

- Tenho boas notícias.

- Ah que ótimo, eu ando precisando de boas notícias.

Sorri mesmo com dor.