🌻Introdução🌻

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Em meio à tempestade que molhava seu rosto,Verônica caminhava alheia a tudo,indiferente à chuva pesada que lhe ensopava o corpo,aos trovões que rugiam iluminando o céu de quando em quando,misturando as lágrimas que embaçavam sua visão com a torrente incontida da tormenta.

É que a tempestade interior irrompia mais forte do que a de fora,e ela não conseguia acalmar seu coração tumultuado e aflito.

Na rua não havia ninguém. Até os carros haviam parado, esperando que a tempestade amainasse. Ela, porém, continuava andando, como se aquele andar fosse imperioso e inadiável.

Por trás das vidraças embaçadas, alguns rostos assustados, vendo-a passar, lançavam olhares temerosos, intimamente indagando por que ela enfrentava a tempestade.

Verônica, porém, voltada para seu drama interior, continuava caminhando, tendo consciência apenas de sua dor. Dentro de seu coração, a revolta, a raiva, o inconformismo por tudo que a vida estava lhe negando como se ela fosse menos, não merecesse a felicidade.

Ela parou um momento e cerrou os punhos com força, dizendo baixinho:

-Eles não vão me vencer!Eu ainda estou viva. Daqui para a frente, tudo vai mudar. Archie não será feliz com ela.

A visão dos dois abraçados e sorridentes surgiu novamente, e ela gritou desperada:

-Vou ter meu filho e viver para minha vingança, eu juro! Eles não perdem por esperar.

Um relâmpago mais forte iluminou seu rosto naquele momento, mostrando sua fisionomia contraída, pálida, sofrida. Ela sentiu como se as forças da natureza estivessem confirmando seu juramento.

Suas lágrimas cessaram. Precisava poupar as forças, pensar no que fazer, como enfrentar os cinco meses que ainda faltavam para a criança nascer.

Olhou o céu cinzento e escuro no final da noite que se aproximava. A chuva havia passado, decidiu ir para a casa. Seu rosto estava pálido porém sem lágrimas. Havia chorado tudo que podia. Sentia um vazio dentro do peito mas ao mesmo tempo uma força nova.

Entrou na pequena e graciosa casa onde morava disposta a arrumar suas coisas. Pretendia ir embora no dia seguinte. Quando Archie a procurasse, não a mais encontraria.

Pediria demissão do emprego na manhã seguinte e iria embora. Possuía algumas economias que a ajudariam a viver modestamente até seu filho nascer. Enquanto isso, resolveria que rumo dar à vida.

Conhecia Archie havia três anos. Quando ele a cortejou, ela já estava apaixonada. Ele era de família abastada (rica) e estava se formando em advocacia. Trabalhava no escritório do tio, um advogado famoso e conceituado.

Verônica recordou-se da felicidade que haviam desfrutados juntos, da casa que ele havia alugado, onde ela passou a morar e ele ficava a maior parte do tempo.

Archie lhe pediu segredo, alegando que sua família não queria que ele se casasse antes de se formar e ganhar o suficiente. Prometeu que logo que depois da formatura formalizaria o compromisso.

De cima do criado-mudo, Veronica pegou um porta-retratos em cuja foto Archie sorria feliz. Disse com voz fria:

-Traidor! Agora que se formou, escolheu Josie para casar-se. Chegou a pedir que eu abortasse. Falou em ilusão da juventude, disse que eu devia esquecer, como se o passado fosse nada. Aconteceu ontem, e hoje eu os vi juntos, aliança nos dedos, olhando-se com amor.

Colocou o porta-retratos no lugar e continuou:

- Pois você está enganado, Archie! Não vou esquecer nunca! Eu o amei com todas a pureza do meu coração. Eu me entreguei de corpo e alma a esse sentimento e você jogou fora, como se eu não existisse, como se tudo fosse mentira. De agora em diante vou me lembrar de tudo, todos os dias. Vou viver cada minuto pensando em mostrar a vocês que eu sou gente, sou pessoa, e que não podem simplesmente me descartar como um objeto usado e inútil.

Decidida, abriu o armário, pegou uma mala e começou a arrumar suas coisas. Passava da meia-noite quando deixou tudo pronto para a mudança. Só ia levar roupas e objetos pessoais. O resto ficaria para Archie decidir.

Ele lhe dissera que continuaria pagando o aluguel e as despesas da casa e que ela poderia ficar despreocupada. A esse pensamento, Verônica brincou os dentes com força. Nunca aceitaria essa migalha. Era forte e inteligente o bastante para manter-se. Na manhã seguinte, depois de demitir-se do emprego, iria a busca de um emprego. Trabalharia a troco de casa e comida até ter o filho. Guardaria suas economias para mais tarde.

Sentiu o estômago doendo e lembrou-se que não tinha comido nada o dia inteiro. Foi à cozinha, fez um lanche reforçado e comeu. Precisava cuidar da saúde. Dali para frente só poderia contar consigo mesma.

Lembrou-se dos pais. Eles não sabiam de nada. Melhor assim. Saberiam quando fosse adequado. Moravam no interior de New York, e Verônica preferia não poupá-los.

Quando se deitou, ela esforçou-se para não pensar em mais nada. Qualquer lembrança triste minaria sua força; precisava dela para sobreviver.

Assim, decidida a reagir, deitou-se e, mantendo o firme propósito de não pensar em nada, logo adormeceu.

Continuo?
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Bye bye!

 A True Love - VarchieOnde histórias criam vida. Descubra agora