Capítulo Três.

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- Vem, vamos deitar um pouco, foi um dia cheio, precisa descansar. - A chuva começa novamente e com ela, uma tempestade. Emma já sentia o medo tomar conta do seu corpo.

Play: Thank You - Celine Dion.

- Não, prefiro ficar aqui por enquanto, tempestades não são nada agradáveis e dormir durante elas é um terror para mim.

- Olha, eu sei que acabamos de nos conhecer e isso pode parecer estranho, mas, durma comigo, estou caindo de sono, mas também não a quero deixá-la agora.

- Eu não sei, realmente é estranho, mas se estiver bem para você, tudo bem. Eu também estou com sono.

- Certo. Vem - Regina a abraçou de lado e a conduziu até sua suíte. Enquanto Regina se trocava no banheiro, Emma se arrumava no quarto.

Por algum motivo Emma se sentia bem perto de Regina, não conseguia ver maldade naquela mulher, como se o destino quisesse por Regina naquele momento em que Emma mais precisava.

- Espero que não se incomode, posso ser bem espaçosa as vezes. - Regina se deita na cama, Emma se deita logo em seguida.

- Oh, não. Tudo bem, também sou, na verdade, sempre sou. - Ela sorri timidamente.

- Bom... Boa noite Srta. Swan, está protegida aqui. - Ela lhe dá um sorriso sincero, enquanto segura sua mão.

- Obrigada Regina, de verdade. Por tudo. - Ela sorri.

Emma não se sentia desconfortável tendo Regina ao seu lado, assim como Regina se sentia bem com Emma ali, era como se elas se conhecessem a anos.

Eram três horas da manhã quando um trovão alto ecoou pelo céu fazendo com que Emma desse um pulo na cama. Sentou-se na beira da cama, seu coração descompassado, estava tremendo. Não queria acordar Regina, se levantou e foi para sala. O trauma de tempestades é algo que Emma nunca superou, mesmo aos quase 17 anos. Quando criança, Emma costumava passar as noites sozinha, seus pais trabalhavam e deixavam ela com uma babá, mas eles nunca souberam que a mulher que era paga para cuidar da filha deles, saía e a deixava sozinha, com apenas sete anos. Isso durou até os doze, quando Emma contou a mãe, quando numa noite de tempestade ela estava em casa e Emma correu até ela. Sempre que começava a chuva, ela saía pela casa em busca de alguém, mas nunca havia ninguém, então, ela deitou embaixo das cobertas e ficava lá até o amanhecer.

Ela queria se esconder em qualquer lugar e ficar lá até que aquilo tudo passasse, só queria que sua mãe estivesse ali. Pegou uma manta que tinha em cima do sofá e se enfiou embaixo dela, sentada no sofá, abraçando os joelhos dobrados. Sentia as lágrimas queimarem, escorrendo por seu rosto. Até que ela sentiu a manta ser retirada e Regina a abraçando.

- Hey, estou aqui, já disse que está protegida aqui.

- Eu sei, eu sei. É algo que não consigo controlar, desculpe por isso.  - Ela se afasta e limpa suas lágrimas.

- Não se desculpe, todos temos algum medo. É natural.

- Eu sei. Mesmo assim, desculpe por te acordar, você deve acordar cedo amanhã.

- Na verdade não, estamos de férias.

- Realmente, você é professora, eu deveria saber.

- Você está bem? Podemos ver um filme até o sono chegar.

- Por mim tudo bem, perdi o sono mesmo. - Ela se ajeita no sofá para dar espaço a Regina.

Play: Cigarettes After Sex - Crush

- Filme não é um filme sem pipoca, escolhe algum enquanto eu vou para cozinha.

- Perfeito.  - Emma escolheu o filme Sexta- Feira 13, seu preferido. Logo Regina volta com uma tigela com pipoca de caramelo. - A minha preferida - Ela disse batendo palmas fazendo Regina rir.

Eram exatamente cinco da manhã quando Regina olhou em seu relógio de pulso, assim que ia se levantar para ir ao banheiro percebeu que Emma estava pesada demais, a loira se encontrava abraçada ao braço de Regina e dormia profundamente, Regina sorriu com a cena, achando tão fofo o modo como a menina dormia, resolveu tentar tirar o braço vagarosamente sem acordar Emma, sem sucesso.

- Que horas são? - Emma falava sem abrir os olhos.

- São cinco da manhã, ainda pode dormir. - Regina falava baixo.

- Tudo bem, acho que agora posso ir para cama, você vem?

- Logo eu vou.

- Tudo bem.

Fazia tempos que Regina não se sentia feliz por ter uma companhia em seu apartamento, se fosse alguns meses antes, ela iria abominar dividir sua cama com alguém, ainda mais alguém estranho.

Emma era especial, isso ela não poderia negar. Não sabe o que se passou em sua cabeça ao convidar aquela menina para ficar em sua casa, mas algo em seu interior mandou com que ela fizesse isso, se colocou no lugar daquela menina, tão jovem e passando por tanta coisa, não era justo. Relembrou todos os momentos como aquele que passou com Robin e imaginou o que ela poderia estar sentindo no momento, a única diferença era que ela era nova demais para aquilo, não entendia muito de como relacionamentos funcionavam e foi aprender do pior modo.

Deitou-se ao lado de Emma, a olhou por alguns segundos e fechou os olhos, tomou carinho por aquela menina mesmo em poucos dias, mas um dia ela iria embora e ela estaria sozinha novamente. Zelena, sua irmã, morava do outro lado do país com seus pais e ela não tinha amigos ali, apenas seus alunos, mas ela não se permitia amizade entre eles, então não conta.

Eram oitos horas da manhã quando um som estridente começou a soar vindo do criado mudo, Emma se levantou de supetão e atendeu o mesmo, Regina fingia dormir, queria saber com quem Emma falava.

- Oi mamãe - Ela suspirou - Sim, estou bem, desculpa não ter avisado antes, estávamos comemorando minha chegada. - Seus olhos marejaram - Sim, estão todos bem, mandaram um beijo. - Ela mordia o lábio, claro sinal de que estava prestes a chorar. - Sim, daqui a uma semana, eu iria mais tarde, mas eles estarão ocupados e não quero atrapalhar. - Ela suspirou novamente - Ok mamãe, te amo, da um beijo no papai. - Ela desliga - Você é péssima nisso Regina.

- Desculpe, queria me certificar de que não seria aquela garota. - Ela se senta na cama. - Você vai embora em uma semana?

- Hmm, Sim, Não quero dar trabalho...

- Você não dá trabalho Emma, gosto da sua companhia.

- Eu ainda sou uma estranha que você abrigou em casa.

- Você não é mais uma estranha, sei seu nome e onde mora.

- Isso não conta.

- Claro que sim.

- Ok.

- Tem certeza? Eu adoraria que ficasse.

- Irei pensar, Regina Mills.

Eternamente EmmaOnde histórias criam vida. Descubra agora