A filha da Noite - O Resgate do Sol

III

  Andei por algumas quatro quadras, antes de perceber que já havia escurecido completamente. Como um estalo meus sentidos se aguçaram, atentos a qualquer ameaça, afinal, eu estava perdida nos Estados Unidos com um inglês fluentemente péssimo. Por ser meados de dezembro, estava frio, e minha roupa não era a mais adequada. É. Foi uma completa burrice sair correndo dali sem pensar duas vezes.    
  Suspirei. A minha volta não havia nada que indicasse onde eu estava. Puxei um pouco a manga da minha jaqueta e olhei as horas em meu relógio de pulso. Já passava das vinte e duas horas. O fuso horário estava me deixando mais confusa ainda. Senti alguém me encarando e um terrível cheiro de podre. Fiz cara feia e olhei em volta. Não havia nada. Mas eu não ficaria ali.
  Coloquei a mão no bolso e segui em frente, virando na próxima rua. Que logo  após virar me arrependi.
  Era semelhante a um beco extremamente pequeno. E com três figuras de quase dois metros me encarando, provavelmente ganguesters. Tentei fazer a volta mas fui interrompida.
  -Ei, ei - Chamou o que estava no meio, provavelmente o líder - Perdida fofinha?
  Ao escutar sua frase me virei completamente para eles, que avançaram um passo.
  - Não estou vendo nenhuma fofinha aqui.
  Só então percebi que eles não estava falando português (é claro), mas também não era inglês. E o ponto é que eu tinha falado na mesma língua que eles. Minha expressão provavelmente estava bem confusa. O brutamontes da direita, gargalhou.
  - É ela mesma.
  - Sim - respondeu o líder - Ah, seus parentes não te explicarão nada? Muito mal educados.
Eles começaram a andar em minha direção, apenas para exitar por um minuto, que é claro, tirei proveito. (É eu não estava sendo racional em momento algum)
  - Vocês tem medo de mim. - Eles exitaram ainda mais e eu tbm, por um momento até eu acreditei nessa frase.
  - Uh - o terceiro, que ainda não havia se pronunciado soltou um grunhido - É claro. Você é a abençoada pelos deuses... - os outros saíram do transe e um deu uma cotovelada no terceiro, que resmungou em troca.
   - Feche sua boca Bo.
   - Me desculpe Ba.
  Dei uma gargalhada.
    - Seus nomes são Ba e Bo -Olhei para o restante, o provavel líder,  ainda sorrindo - e o seu? Be?
     - Cale-se. Você devia nos temer. Não debochar. Sua aura é mais fraca que a de um semideus. Mas seu cheiro espanta todos.
    - De menos aqueles que servem ao mestre, não é Auro - Bo disse alegremente, mas Auro lançou para ele um olhar de se-revelar-mais-alguma-coisa-vai-ser-o-jantar.
    - Mestre? - Perguntei - Quem é seu mestre?
    - Você descobrirá - O líder disse e avançou.
  No primeiro momento desviei do ataque, mas três contra um era injusto. E para piorar, suas formas mudaram, agora eles não tinha mais quase dois metros de altura. Eles tinha três metros e não se pareciam mais com ganguesters e sim com esses trolls horrendos que vemos em filmes de ficção científica, um pequeno detalhe, eles portavam lanças assustadoras.
  Olhei em volta à procura de algo que poderia ajudar é só havia alguns pedaços de ferro. Acho que não seria muito eficiente, mas avancei para pegar um. Quando alcancei consegui enfiar na perna de um dos monstros. Que me olhou e sorriu.
    - Apenas bronze celestial me fere criança. - Dizendo isso ele avançou com sua lança pingando líquido verde e me encurralou contra a parede.
  Então vários pensamentos rancorosos me vieram à cabeça e principalmente a raiva. Senti uma pontada em meu lado esquerdo e água jorrou do encanamento, mandando todos os três para longe. Ainda atordoados, uma espada atravessou o tórax do chamado Bo, e ele virou pó. O mesmo aconteceu com os outros.
  Ali estava, o garoto loiro do aeroporto, e uma garota de cabelo cor madeira de cerejeira vieram em minha direção, eu tenho quase certeza de que tomaria rumo a eles, mas então uma sensação nauseante me tomou e o mundo ficou amarelo e de cabeça para baixo, e eu caí desacordada no chão duro.