"Remando entre
As correntes escuras
Eu encontro uma cópia fiel
Uma planta
Do prazer em mim"Björk - Pagan Poetry
Diariamente, eu me pergunto, o que realmente é o prazer? Recentemente eu li sobre Le Bon - um polímata francês - e ele dizia que que todo ser vivo se interessa exclusivamente por procurar o prazer e evitar a dor. Eu concordo muito com ele. O cara é tão genial que ele dividiu a "natureza" humana em cinco formas de lógica: biológica, afetiva, coletiva, mística e racional. E é muito doido como isso é verídico, a gente quer ter o prazer de não passar fome, quer o prazer de ser amado, quer o prazer de ser reconhecido, quer o prazer de poder ver o horóscopo diário em paz e ainda quer o prazer de entender as coisas como elas são. Só tem um problema: eu não entendo as coisas como elas são. Seria essa a chave do prazer absoluto? O conhecimento das coisas e como elas funcionam? Será?
As coisas seriam mais fáceis se nós tivéssemos uma planta baixa com todas as atribuições e medidas do nosso sentir, é bom sabermos os limites tanto do fundo do poço quanto da camada de ozônio. Por muito tempo eu achei que o "sentir" era mais físico do que mental (grande erro adolescente), mas aí eu comecei a perceber que na verdade nem é físico nem mental, é um trem abstrato, bem no sentido mineiro do trem, deixa gente confuso, sem rumo pra tomar, e nem da pra saber como que isso veio, é assim DO NADA. E faz sentido? Não. E adianta fazer alguma coisa? Também não.
Esses pensamentos todos você tem no final da sua adolescência, onde você não sabe o que é sentir e tem que levantar e ir atrás de um ensino superior, um trabalho, um refúgio longe dos seus pais abusivos. A gente leva um baque. Aí começa o ciclo: procura um psicólogo, procura um psiquiatra, sente que nada funciona, procura um tarólogo, percebe que na verdade você nunca tinha que ter abandonado o psicólogo, procura um psicólogo... e assim continua. Melancólico, não? Um pouco, mas isso realmente acontece (pelo menos aconteceu comigo e com algumas pessoas que eu costumo dividir doses de conhaque barato). Eu cheguei naquela fase de ler livros de autoajuda, e mermão, sem condições, chega uma hora na vida que o senso comum só funciona se você viver dentro de uma bolha. Conclusão aos 17 anos: estou perdido.
Agora estou com 21 anos, quatro anos se passaram, eu continuo perdido. Porém, agora sou um perdido localizado, ou seja, aprendi que nunca vou saber o que é o "sentir", mas agora eu descobri o que é o prazer (ou quase). Eu me alimento, eu sou amado, eu sou reconhecido, eu fiz uma conta no astrolink, e eu sei que eu não sei. Eu sou o meu próprio prazer (já imagino a quinta série em festa com essa frase). E a vida no final é uma poesia pagã, assim como sugere o título. A poesia é o prazer e o paganismo é o âmbito "politeísta" da natureza humana. Uma rima com nosso corpo, nosso amor, nosso grupo, nossas crenças e nosso pouco conhecimento.
Björk é um gênio.
YOU ARE READING
WABI-SABI: um devaneio sobre quietude e simplicidade
NonfiksiÀs vezes nos bate um sentimento discrepante onde nossa vida não parece mais fazer sentido. É nesses momentos que a melhor solução é devanear sobre como e quando a vida funciona, qual sentido ela tem, quando ela começa, quando ela termina e se ela re...