Quando criança, Caroline foi sequestrada na cidade de Chicago pela organização Tróia, que tinha como intuito criar e treinar pessoas que já nasceram com habilidades fora do comum, capazes de se tornarem algo muito maior no futuro. Após anos vivendo...
"Eu sou uma sobrevivente Eu não vou desistir Eu não vou parar".
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Atualmente Dakota do Norte, E.U.A Narração Caroline
O barulho do alarme era como uma serenata ruim para os ouvidos, acompanhado pelas luzes fortes que dificultavam minha visão para o caminho que precisava ser tomado. Eu estava estranhamente emotiva naquela noite, o que acarretou em mais uma crise de insegurança da minha parte. Naquele exato momento, correndo pelos corredores de Tróia, repensei nas possibilidades quase nulas daquela fuga dar certo. Durante anos eu planejei e até mesmo sonhei com aquilo, mas nunca criei coragem para realizá-lo. Tróia era um império, tão poderoso que se escondia até do próprio governo.
As coisas mudaram bastante após a morte de Paul, e Charlie, por meio de muita persuasão e jogo sujo, conseguiu chegar ao comando de Tróia. Eu sempre achei que as atitudes de Paul, um velho ranzinza que eu vira poucas vezes durante minha estadia naquele lugar, eram absurdas e indesculpáveis, mas quando Charlie assumiu o poder eu percebi que ele tinha planos e projetos ainda mais desprezíveis em mente. Ele não queria manter os mutantes fora da visão dos civis e do governo, procurar uma cura e proteger o mundo. Ao chegar no poder, Charlie demitiu todos os cientistas que trabalhavam na busca pela cura. O que significa, obviamente, que ele os matou. Ele não queria a extinção dos mutantes, ele queria usá-los. Nos usar. E foi o que ele fez. Charlie começou a nos enviar em missões para eliminar inimigos da Tróia. Por causa de tais missões eu posso dizer que já conheci diversos lugares do mundo. Além disso, começou a conquistar riquezas para uso próprio e a se considerar o próprio rei dos mutantes.
Mike não concordava com Charlie e tinha uma perspectiva diferente sobre aquilo, mas não dizia nada. Por mais que eu tenha crescido sob os cuidados de Mike, tendo ele como meu treinador, eu sabia que ele nunca faria algo que pudesse prejudicar a si mesmo. Sua preocupação real se restringia apenas a ele, enquanto os outros eram apenas números irrelevantes para sua equação. Eu era um desses números.
De princípio, foi difícil criar um plano e ganhar coragem para realizá-lo. Eu conhecia as bases de Tróia como a palma da minha mão, e isso também me levava a saber que tentar fugir era uma missão suicida. Mas eu tinha de fazê-lo. Eu precisava. As coisas eram difíceis e perturbadoras com Paul no poder, mas Charlie tornava tudo muito pior. Por muito tempo ele se escondeu em Tróia trabalhando como o braço direito de Paul e caçador de mutantes, mas eu sempre suspeitei de que ele tinha pensamentos diferentes. Ele queria mais. Sempre quis.
Baseado nesses fatores, eu tinha um desejo imenso de ser livre. Eu me negava a continuar sendo uma propriedade de Tróia. E, graças ao bom universo, eu não era a única que pensava assim. Alguns amigos - os únicos que eu já tive, para dizer a verdade. -, contribuíram para o plano. Todos ficaram animados em imaginar uma vida fora daquele lugar. Em segredo, durante intervalos de treinos e encontros na penumbra da noite, eu e mais quatro mutantes adolescentes criamos um plano que mudaria nossas vidas para sempre.
