Quando criança, Caroline foi sequestrada na cidade de Chicago pela organização Tróia, que tinha como intuito criar e treinar pessoas que já nasceram com habilidades fora do comum, capazes de se tornarem algo muito maior no futuro. Após anos vivendo...
"A cicatriz que eu não posso reverter quanto mais cura, mais machuca".
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Seis anos atrás Filadélfia, E.U.A
Após a conversa que Charlie e Caroline tiveram sobre Daniel, a garota foi enviada para um dormitório separado dos outros. Mesmo com pouca idade ela entendia muito bem quando o assunto era a dor da perda, e após a história sobre seu pai o sentimento de tristeza aflorou em seu coração.
O cômodo não era grande, com uma decoração sem graça que se restringia a uma cama e um pequeno armário pertencentes a uma cor cinza e infeliz. Ela não sabia quanto tempo passara ali, absorta em pensamentos e na companhia apenas da sua própria mente. O barulho da porta sendo aberta foi o que lhe chamou atenção, tirando-a de seus devaneios tempestuosos.
Katherine apareceu. Ela, em palavras pouco explicativas, levou Caroline até uma sala de treinamento. Era um lugar enorme, envolto por uma tecnologia feita exatamente para simulações de lutas e coisas do gênero. Feito para mutantes.
- O que aconteceu? Minha mãe me achou? Ele faz parte da polícia, sabia? Não importa o que você querem comigo ou o que planejam fazer por achar que eu sou uma mutante, ela vai impedi-los. - Sua voz transmitia a esperança que teimava em se fazer presente. Mesmo sabendo que ela estava em uma situação altamente perigosa, sentia falta da mãe. Caroline queria ir embora, apenas. Tudo que lhe fora explicado, desde a criação de Tróia até seu pai, deixou-a com as pernas bambas e o coração apertado.
- Querida... - Katherine se abaixou na frente de Caroline para que ficasse à sua altura, apertando seus braços magros e frágeis com ternura. - Eu sei que tudo parece muito novo para você, e eu não a culpo por estar se sentindo tão... desnorteada. Porém, se tentar resistir ou lutar contra o inevitável, só vai estar piorando sua situação... Aqui é seu novo lar agora, não há escapatória. Eu sinto muito que as coisas tenham que ser assim, mas é a única maneira.
- Eu não gosto das coisas do jeito que elas são - ela murmurou com descontentamento.
As palavras de Katherine faziam sentido, mas só até certo ponto. Caroline estava sim se sentindo desnorteada, principalmente com medo. No entanto, ela pretendia lutar. Aquele não era o lugar dela, independente do que Charlie insistisse em falar sobre os mutantes.
Katherine ainda segurava Caroline quando um homem entrou na sala. Ele parecia ter a mesma idade que Charlie, com um rosto jovial e cabelo dourado escuro. Diferente das outras pessoas da base de Tróia ele não estava vestindo roupas formais, mostrando-se com um estilo mais desleixado.
- Eu tenho que ir, Caroline. - Katherine sussurrou, impedindo que o homem a escutasse. - Lembre-se, não tente lutar contra o inevitável. Essa é a sua vida agora.
Katherine retomou a postura ereta, ignorando a reação amedrontada de Caroline por causa do impacto que suas palavras lhe causaram. A mulher olhou para o homem e saiu da sala.
- Olá, eu sou o Mike, seu treinador. - Ele estava tranquilo, sem tentar forçar qualquer tipo de simpatia para se mostrar confiável. Fosse em uma situação diferente e menos alarmante, Caroline teria com certeza simpatizado com o jeito de Mike.
- Treinador? - Ela juntou as sobrancelhas. Sua concentração sobre Mike foi tirada quando um grupo de crianças, provavelmente da mesma faixa etária de idade que ela, adentrou a sala.
- Você vai entender daqui a pouco. - Ele sorriu. Mike se afastou de Caroline e sinalizou para que ela se juntasse ao pequeno grupo.
Com muito receio, Caroline foi de encontro com as outras crianças. Todos pareciam apreensivos e com medo, assim como ela. A diferença era que, baseado nas lições que aprendera com a mãe, ela sabia disfarçar tal sentimento.
- Olá, iniciantes. Eu sei que vocês devem estar confusos, se perguntando porque diabos foram trazidos para cá. Alguns de vocês foram tirados de seus pais, outros capturados em plena luz do dia. - Ele parecia mais formal enquanto fazia seu discurso, variando seu olhar entre as crianças assustadas. - Mas, se meus colegas fizeram o trabalho certo, vocês já devem estar cientes sobre Tróia e a razão pela qual estão aqui. - Mike parou em frente a um dos garotos. - Você deve ser Jasper Decker, presumo?
- Sim. - Foi a única coisa que Mike conseguiu arrancar dele, mas foi o suficiente.
- Então, Jasper, diga-me a razão pela qual você está aqui hoje.
- Porque vocês me sequestraram! - Gritou, cuspindo as palavras irritadas no semblante totalmente passível do homem. - Eu não sou mutante, não tenho poderes.
- Você vem de Gotham, não é? - Questionou, olhando-o com cinismo. O garoto balançou a cabeça em concordância. - Acredite, vir para cá foi a melhor coisa que já lhe aconteceu. Caso tivesse ficado naquela cidade corrupta teria sido morto pela polícia ou pela máfia, que está muito acima de qualquer outra autoridade. - Mike comprimiu os lábios. - Todos vocês, por uma razão que só Deus saberia explicar, nasceram com habilidades fora do comum. Cada um de vocês é dono de um poder imensurável, algo que os torna tão diferentes dos outros. E por tal razão vocês estão aqui, onde serão treinados e aprenderão a lidar com o que os faz diferente, para que não sejam uma ameaça à humanidade. E, eventualmente, quando acharmos uma cura capaz de eliminar esses poderes, vocês serão livres, não como mutantes ou aberrações, mas como humanos. Mas, até lá, vocês são considerados oficialmente propriedade de Tróia.
- Eu só quero ir embora, moço, por favor. - Uma menina de cabelos ruivos tropeçou nas palavras. Ela tremia dos pés à cabeça e Caroline desejou poder ir consolá-la, mas sabia que estava fora do seu alcance. Ela tinha seus próprios demônios para lidar.
- Sophia Linois, certo? - Mike pareceu se abalar com a tristeza gritante de Sophia, entretanto, disfarçou rapidamente. - Eu sei que está com medo, mas logo irá se acostumar. - Ele voltou a nos encarar. - Eu vou ajudar vocês.
- Como? - Caroline levantou o olhar, suas íris brilhando com as lágrimas que ela segurava para não derramar.
- Sendo seu treinador.
Naquele dia, em uma sala de treinamento com um grupo de crianças mutantes, Caroline soube que seu destino tinha sido selado. Ela era uma propriedade de Tróia agora, graças ao sangue de Daniel Rivers que corria em suas veias.