capítulo 2

9 1 2
                                    

Dois anos antes

Assim que entro no apartamento me arrependo de não ter deixado minha mãe vir, agora eu sei o porquê do proprietário ter se despedido na porta do prédio, ele não limpou o apartamento como disse que faria, acho que está até mais sujo do que da última vez em que vim aqui, mas não vou ter pensamentos negativos logo no primeiro dia, o preço estava baixo, não é um dos melhores bairros, mas pelo espaço do apartamento e as proximidades estava mais do que justo. Deixo algumas caixas no chão, não era muita coisa, o lugar era mobiliado, mas agora olhando de perto havia alguns móveis podres e sem salvação.

Sem pensamentos ruins no primeiro dia! Já repeti essa frase muitas vezes. O apartamento está limpo e as paredes estão pintadas, o único problema é que uma grande parte dos móveis estava podre e eu arrastei eles para um canto do lado da porta, eu não faço a mínima ideia do que fazer com eles, quero dizer, não posso simplesmente joga-los na rua, certo? Bem, tenho uma cozinha completa. Pego a chave do meu carro e tranco minha porta tirando a cópia da chave do chaveiro e colocando de baixo do tapete, desço as escadas e ando para a saída do pequeno prédio vou até meu carro e dirijo até qualquer loja de departamentos.

Já está começando a escurecer quando volto, sinto um pouco de receio, esse bairro não é conhecido pela segurança, então dou uma jeito de conseguir carregar minhas coisa em apenas uma viagem. Assim que chego na porta do apartamento vem o choque, a chave reserva está na porta que está entreaberta, empurro a porta devagar, mas não fui sutil o suficiente, sinto alguém agarrar o meu pulso e me puxar para dentro, teria sucesso se eu não estivesse carregando um tapete que havia prendido na porta, o homem me puxa novamente as compras e o tapete caem em frente a porta, ele me dá um soco e eu gemo e sinto sangue em minha boca, as lágrimas caem instantaneamente, não há tempo para sentir a dor, nunca havia levado um soco, eu estou em choque, meu coração está muito acelerado, eu imploro para meu cérebro raciocinar e meus músculos se mexerem, mas meu corpo não responde, respiração descompassada e tremedeira, eu realmente estou em choque, eu estou pensando demais e não estou agindo, sinto ele puxar meu cabelo para perto me mantendo próxima a ele, a dor me faz reagir e tento fugir, mas ele me arrasta até a porta tentando fecha-la e assim que ele chega a porta sinto o aperto enfraquecer, puxo mais ainda não é o bastante, ele me solta e corre até a janela, olha uma última vez pra trás, seu olhar está além de mim, a janela é aberta, sinto um vulto correr para dentro da casa tentando segui-lo, mas o homem já está descendo a escada de incêndio e a desconhecida que está em pé ao meu lado desiste de segui-lo, meus olhos finalmente se ajustam a pouca claridade e consigo vê-la melhor, ainda encara séria a janela como se seu olhar passasse as paredes e chegasse até o homem que já deveria estar a metros de distância.

— Quando se está correndo perigo, gritar é uma boa solução.

O Mundo Entre NósOnde histórias criam vida. Descubra agora