capítulo 5

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Sinto a água escorrer por todo o meu corpo provavelmente mais quente que o normal, porém faz eu me sentir bem, fecho meus olhos e relaxo meus músculos, eu quero ficar neste momento pra sempre, meu alarme desperta na pia e eu acordo do transe, o caminhão com a mudança vai estar aqui em breve, preciso me apressar.

Após passar vários minutos não querendo sair do meu roupão, visto uma calça jeans e uma blusa branca, isso vai ser o suficiente por hoje, boto um pedaço de pão na torradeira, e isso é o que eu consigo pensar para fazer na cozinha agora, recebo uma mensagem no celular, o caminhão está na frente do prédio.

Desço as escadas o mais rápido possível e cumprimento o motorista e o ajudante, eles são rápidos para começar a carregar os móveis e agradeço muito por isso, uns 30 minutos depois o sofá é a única coisa dentro do caminhão, eu não conseguiria carregar sozinha para o primeiro andar e os dois homens estão subindo com a estante da televisão, sento nos degraus em frente ao pequeno prédio que agora é minha casa, não se passa muito tempo quando vejo Marco virando a esquina e vindo em minha direção, sorrio pra ele e ele sorri de volta quando está a poucos passos de mim.

- Acho que Jolene disse que eu viria aqui, certo?

Essa é a primeira coisa que ele diz e eu não consigo deixar de reparar como sua voz é bonita e acho que fico sem jeito com a sua postura, tudo o que consigo pensar agora é como eu poderia ouvir sua voz por horas, isso é embaraçoso.

- Ela me disse que ela viria aqui.

Eu digo tentando apagar meu amor platônico precoce. Bom, ele é incrivelmente bonito, mas eu ainda sinto que tenho que tomar cuidado, eu acho que posso confiar em Jolene, porque ela basicamente me salvou, mas quem seria você Marco? Um primo, um namorado talvez, você me parece ser respeitável, mas porque eu deveria te dar o meu respeito? eu quero fazer amizades entre meus vizinhos e você é um bom candidato.

Eu sinto que deveria chamá-lo para dentro da minha casa, mas o acontecimento ontem me deixou assustada e agora talvez eu esteja um pouco paranoica. Ele vê o caminhão e um único sofá dentro dele.

- Jolene esta trabalhando essas horas, eu vim aqui para te explicar algumas coisas não vou levar muito tempo eu prometo, e talvez eu possa oferecer uma ajuda carregando o sofá.

Ele aponta e eu levanto, não quero dar mais brechas para as minhas paranoias, eu quero esquecer ontem e viver o hoje, viver meu final de tarde com um céu alaranjado carregando meu novo sofá para minha nova casa com um cara que parece ser legal.

- Eu acho que um pouco do meu tempo e uma ajuda com o sofá é uma troca justa.

Eu esperava que carregar o sofá até topo seria mais difícil do que realmente foi, ele era mais forte do que parecia e em 10 minutos o sofá estava no centro da minha sala e eu estava agradecendo os carregadores que iam embora.

Fecho a porta e olho para dentro do meu apartamento que agora esta dividido em alguns tons de rosa e laranja por causa do céu de final de tarde, ver os meus móveis aqui me dá uma satisfação incrível, e a loja que eu fui tinha um sistema com móveis usados então eles levaram os antigos móveis que estavam caindo aos pedaços, eu não sei como eles poderiam tirar proveito daquilo mas eu não vou me preocupar com isso.

- Eu me sinto estranho parado aqui.

Marco me tira dos meus pensamentos e eu me sinto automaticamente desconfortável, eu esqueci dele, ele se senta no sofá e eu na poltrona, não tenho motivos para me sentir desconfortável, mas estou, estou com fome também...

- Só um momento.

Me levanto e vou ate a cozinha, tinha esquecido totalmente da minha torrada, que agora esta gelada, mesmo assim passo bastante doce de leite e faço meu caminho até a poltrona novamente.

- Almoço.

Sorrio e dou uma mordida, e nada poderia ser mais gostoso, ele dá um sorriso e eu sinto o seu desconforto, mesmo com as grandes janelas abertas, está quente, consigo ouvir algumas mães chamando suas crianças para dentro de casa.

- Almoço para os campeões.

Ele diz sorrindo e muda a sua posição, ele não esta mais olhando para mim, ele encara a rua, o céu laranja realça o seu tom de pele e eu continuo encarando, espero que ele não ache estranho, mas eu não faço a mínima ideia do que fazer agora e sou grata pelo som das crianças brincando e as mães chamando, isso é a única coisa que faz esse momento suportável.

- Toda vez que alguém se muda para essa área, eu venho...

A expressão dele muda, eu não consigo ler direito, ele não me encara quando bota as duas mãos nos respectivos joelhos voltados para mim.

Eu estou nervosa e desconfortável, que tipo de pessoa começa uma conversa assim? Agora só falta ele me falar que é o Batman.

- E eu nunca sei como começar, as pessoas dizem que eu sou bom com as palavras, mas Jolene faz essas coisa normalmente, eu nunca sei como..

Ele suspira e sorri sem mostrar os dentes, o sorriso não chega até seus olhos, ele olha para mim e suspira novamente, todo o incômodo inicial ia se esvaindo a cada palavra que saia de sua boca, ele estava nervoso se atrapalhando toda vez que tentava começar a falar, mas estava conseguindo deixar a situação confortável.

- Eu acho que vou começar contando a minha história.

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⏰ Última atualização: Dec 02, 2020 ⏰

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