Março de 2019.
— Droga!
Era a milésima vez que Aidan caia no meio da sala por causa de sua prótese na perna direita, o garoto junto de sua força de vontade tentava se adaptar a aquela nova realidade, depois de passar os últimos três anos de vida mancando com ajuda de muletas e sua mãe, Mary.
— Cuidado querido! — gritava Mary da cozinha já sabendo do que se tratava. — É só uma questão de adaptação querido, logo passa, você vai ver. — a mãe preocupada logo veio da cozinha para ajudá-lo a se levantar.
— Eu sei mãe, mas é tão difícil. — o desanimado Aidan se sentou com a ajuda da mãe e observava a prótese pensativo. — Isso é tão estranho mãe, mas também sou grato,me tornei mais forte por ter tido essa dificuldade esses anos. — Aidan sussurrou sincero.
— Ser diferente é bom filho, cada pessoa é única, não se esqueça disso. — ela colocou a mão no rosto do filho que estava com os olhos marejados querendo chorar.
Aidan sorriu com sinceridade e abraçou sua mãe, Mary era a base de sua vida, seu chão. Ele não a culpava pelo o que aconteceu, pelo contrário, faria de tudo para continuar protegendo-a, continuaria a mudar de cidade em cidade pela vida toda se fosse necessário para que ela permanecesse bem.
— Agora que está melhor, vá dormir para estar bem amanhã, novo nome, nova escola, novos amigos, vida nova querido! — falou Mary com um falso entusiasmo para tentar animar o filho.
— Quero deixar a cor do meu cabelo natural dessa vez mãe, por favor, eu não combino com loiro. — ele sabia das regras, porém aquela cidade era pequena demais, poderiam ficar mais tranquilos ali, aquele pequeno detalhe, que no fundo nem tinha tanta importância, começava a incomodá-lo mais.
— Tudo bem, mantenha a cor do cabelo e tire essas lentes verdes, apenas prometa que não vai chamar a atenção de nenhuma forma. — Mary sabia dos perigos caso Aidan chamasse a atenção, porém uma cidade com seis mil habitantes não parecia perigosa.
— Obrigado Mãe! — Aidan ficou um pouco mais animado com a situação, porém a vida que levavam não lhe agradava, recomeçar a vida a cada 6 meses estava começando a ficar chato, contudo eles não tinham escolha.
— Vou dormir, amanhã acordo bem cedo e me ajeito da maneira correta. — Aidan falou já pensando em manter também seus olhos naturais, um castanho escuro quase preto.
Fazia tempo que não se via de forma natural, fazia meses que intercalava as cores do cabelo entre loiro e castanho claro, juntamente com lentes verdes ou azuis. Aidan sentia falta de uma vida da qual ele nem se quer tinha vivenciado, uma vida normal, pacata, fixar em uma cidade, cursar uma universidade, ter amigos verdadeiros e um namorado, uma vida que presenciava apenas em sonhos.
(...)
Mary Wood e seu filho Aidan viviam de cidade em cidade, uma nova aparência, história e nomes a cada 6 meses. O passado amargo de um relacionamento abusivo os tiraram a liberdade de uma vida normal, ele os seguia, como um animal atrás da pressa e isso estava longe de mudar...
Em Nova York os Wood eram acusados de homicídio e procurados na maioria dos estados, o Inspetor Deivid Williams era o encarregado, um homem que faria o possível e o impossível para achar os culpados.
(...)
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H E A R T S H A D O W S
Mystery / Thriller. Fugindo da injustiça, mãe e filho refazem suas vidas a cada seis meses, com medo e nunca podendo ser eles mesmos, fogem do frio e calculista Inspetor Williams. Porém tudo tende a mudar na pacata cidade de Orion, onde Aidan conhece Lincoln, e...