Capítulo 1 | Mundo de Sofia.

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Sofia

Andando pelo corredor da escola, ouço o barulho da campa informando que a primeira aula vai começar. Algo está estranho. Não vejo mais ninguém no colégio além de mim.
Abro a porta da minha sala de aula e lá está Stefan, em pé a dois passos de onde eu estou, e assim que os seus olhos me encontram, ele abre um largo sorriso.
Eu dou um passo na direção dele e um sorriso estupidamente bobo se forma em meus lábios. De repente, surge o restante da nossa turma atrás de Stefan. Todos apontam-me os dedos sorrindo e rindo de mim. Palavras como "gorda e "feia" eles repetiam sem parar.

Acordo em sobressalto após um pesadelo. Sento-me na cama e o alarme do meu celular dispara informando que já está na hora de me levantar. Hoje é o primeiro dia do meu último ano no Ensino Médio.

Tomo um banho bem demorado e me arrumo do mesmo jeito de sempre: meus cabelos amarrados em um rabo de cavalo e o meu uniforme de um tamanho maior do que realmente me serve.

Eu sofro de um grande, BIG complexo de inferioridade em relação ao meu corpo, porque além de ter sido uma criança gorda, que usava óculos
de grau e aparelho ortodontico, eu também era nerd. Então já viu, né? Eu tinha o combo bullying necessário para ser o alvo de outros alunos.

Os meus quadris e bunda até hoje são mais largos e avantajados do que os das outras meninas e as minhas coxas também não colaboram. – suspiro. – .
É isso! Aqui estou eu me cobrindo de roupas para o meu primeiro dia de aula.

Eu me chamo Sofia Amanda Willians e moro em uma cidade chamada Niágara Falls, que fica localizado no Estado de Nova Iorque, perto da Fronteira Americana com o Canadá. Tenho 18 anos de idade e nunca namorei ou beijei alguém em toda a minha vida.

Você agora provavelmente deve estar pensando que isso é impossível para uma garota da minha idade.
Mas, sim.
E a prova viva disso sou eu.

Nenhum garoto demonstrou interesse por mim e eu até posso entender o porquê, já que eu mesma não me considero atraente. – outro suspiro.

Para ser sincera, eu também nunca tive olhos para outros garotos – apenas para um. Porém, eu sempre soube que esses sentimentos não passariam de fantasias e ilusões guardados na imaginação de uma garota boba e de autoestima baixa como eu.

"Filha, você já acordou?". Pergunta meu pai sem abrir a porta do meu quarto.

Todos os dias eu acordo cedo. Eu nunca gostei de chegar atrasada em lugar nenhum. Aliás, eu sempre priorizei ser a primeira em tudo que envolvesse atividades escolares e, por causa disso, todos os anos eu levo o título de "melhor aluna" no Mitchell's High School.

"Estou calçando os meus sapatos e já desço, pai.". Falo enquanto calço as minhas botas.

"OK. Vou preparar o café.". Diz.

Meu pai, Andrew Williams, é o melhor homem que eu conheço. Ele é atencioso e muito extrovertido. Soube criar muito bem a mim e ao meu irmão gêmeo, Sean. A nossa mãe, Amanda Willians, faleceu quando eu e Sean tínhamos 12 anos de idade. Ela era médica e estava a caminho do hospital quando um caminhão atravessou o sinal vermelho e acertou o carro dela. Naquele momento de tamanha dor e sofrimento, eu só consigo me lembrar em como o meu pai ficou devastado. Aquela foi uma época muito sombria para a nossa família, principalmente para ele que era perdidamente apaixonado pela mamãe.

O meu pai é americano nascido dos Estados Unidos e a minha mãe era brasileira, nascida em uma cidade chamada Belém no Estado do Pará. Ela era filha única de uma família rica e foi para os Estados Unidos estudar medicina. Meus pais se conheceram e começaram a namorar na Faculdade. Eles se casaram logo depois que se formaram. Eu e o meu irmão nascemos dois anos depois do casamento. Uma linda história de amor que infelizmente foi interrompida muito cedo.
Meu pai continua o mesmo brincalhão, mas aquele brilho que ele tinha nos olhos, se perdeu no dia em que a minha mãe se foi. Ele, desde então, vive sozinho. Apesar de ser um homem bonito e bem cobiçado pelas vizinhas solteironas daqui do bairro, meu pai não quis mais namorar nenhuma outra mulher. Disse que vai amar a mamãe até o dia em que ele morrer e eu acredito que ele só conseguiu sobreviver após a perda dela por causa de mim e do meu irmão.

Era para ser você. DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora