Encolhida no sofá, Anastasia suspirou baixinho. A casa brilhava, o jardim havia submergido à inexorabilidade do inverno, Jô estava na escola, Christian fora a Edimburgo numa nova viagem de negócios e Scrap dormitava a seus pés. Faltavam duas semanas para o Natal e até mesmo as compras e a escolha do cardápio para a data já estavam feitas. Aquele era o dia de aula de tapeçaria da sra. Alicia, Jô iria direto do colégio para a festa de aniversário de uma amiguinha e Camilla tinha ido a Portugal para uma rápida visita aos pais. Todos, com exceção dela, tinham o que fazer. Droga.
Suspirando novamente, Anastasia olhou no relógio. Três horas da tarde. Ah, como o tempo demorava a passar! Desanimada, ela se abaixou e acariciou os pêlos lustrosos da cachorra, comentando:
— A verdade, Scrap, é que não estou acostumada a tanto tempo de indolência! No fundo, acho que está na hora de ter outro filho. Oh, eu gostaria tanto, mas, para isso, precisava estar segura quanto aos sentimentos de Christian. Sei que ele parece gostar de mim, só que isso ainda é pouco, não? Oh, seu dono é um homem muito complicado!
Scrap abanou o rabo em muda solidariedade e Anastasia foi até a janela. A tarde estava fria, nublada, cinzenta, pálida. Muito diferente de sua vida, que havia mudado drasticamente nas últimas semanas quando, afinal, resolveu assumir uma verdade que nunca ousara enfrentar: amava Christian e estivera apaixonada por ele praticamente desde quando o conhecera. Era difícil esconder seus sentimentos do marido, e manter sua postura fria e distante, mais ainda quando estava nos braços dele nas intermináveis noites de amor que dividiam. Não, não podia deixá-lo perceber sua fraqueza; o que sentia não correspondia à imagem de mulher forte, decidida e corajosa com a qual ele estava acostumado, aquela que consentira com uma nova união afirmando tratar-se de um sacrifício para o bem da filha. Além do mais, Christian era terno, gentil, educado, mas jamais falava ou demonstrava uma afeição mais forte por ela.
A fim de ser uma companhia agradável, Anastasia passara a ler as revistas especializadas em economia, que chegavam em sua casa semanalmente, trocara suas palavras cruzadas por clássicos da literatura, fazia perguntas e discutia os problemas internacionais e de seu país com Christian, ouvia com atenção quando ele lhe contava os detalhes de seu dia de trabalho na empresa, jogava xadrez e procurava participar de outros passatempos que o distraíam. Agora fazia cinco dias que o marido havia partido para a Escócia e estava sendo terrível conviver com a ausência dele. Ainda bem que aquele martírio terminaria em breve. Christian devia chegar à noite e ela já havia até mesmo preparado um jantar especial para a ocasião: pato assado com brócolis ao alho e óleo. salada de legumes e folhas verdes, mouse de maçã e o patê de camarão de que ele tanto gostava.
A vida de Anastasia havia mudado tanto que na semana anterior ela tinha recebido Laura Verney para um jantar. Após conversarem longa e francamente, a moça assegurou-lhe que nunca tivera um compromisso sério com seu marido e que só voltara a procurá-lo por pensar que ainda estivesse separado da esposa. Fazendo questão de esclarecer a situação de uma vez por todas, Laura confessou haver sentido uma pontinha de inveja e ciúme de Anastasia, que fora totalmente sufocada pelas atenções de Bruce Harrison, o secretário de Christian, que também tinha sido convidado para a pequena reunião.
Ao olhar pela janela, Anastasia torceu o nariz. Uma densa neblina já tomava conta do jardim de inverno e parecia que. . .
A campainha do telefone despertou-a de seus pensamentos e ela correu atendê-lo.
— Mamãe? Aqui sou eu!
— Eu? Não conheço ninguém com esse nome. . .
— É Jô, sua boba! A. mãe de Fiona mandou perguntar se posso dormir aqui.
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Christian Grey
FanfictionAnastasia odiava Christian Grey. Tanto quanto o desejava... Mãos fortes, possessivas, acariciaram a mulher adormecida, despertando-a de seus sonhos. Sem saber quem a tocava com tanta intimidade, Anastasia quis gritar, mas não pôde. Os lábios quentes...