Capítulo 6

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Após explicar a situação à sra. Alicia, que, como já era de se esperar, foi mais do que compreensiva, Anastasia passou o restante da noite dedicando sua atenção à pequena Jô. Christian apanhou um baralho e os três exercitaram-se em jogos simples que, por acordo tácito de Christian e Anastasia, foram todos ganhos pela menina. Foi um custo convencer Jô a comer alguma coisa na hora do jantar, e ela só aceitou alguns pedaços de carne, sentada no tapete, em frente a lareira, como se estivesse fazendo um piquenique doméstico.

A preocupação de Anastasia aumentava à medida que a hora de deitar se aproximava. Como a assustada menina iria se comportar? Por sorte, Christian distraiu a filha escolhendo um de seus pijamas para que ela usasse e levou a cestinha de Scrap para o quarto onde Jô passaria a noite. Com a cadelinha ao lado de sua cama e a fraca lâmpada do abajur acesa, a garota pegou no sono em questão de minutos.

De volta à sala de estar, Christian colocava mais brasa na lareira, enquanto Anastasia, jogando-se na primeira poltrona que viu pela frente, comentou:

— Ainda bem que Scrap existe. Tenho a impressão de que Jô sentiu-se segura por ter a companhia da cachorrinha.

— Se eu pudesse pôr as mãos no desgraçado que a deixou assustada assim!.

— Sei como se sente, Christian, mas isso de nada adiantaria. Acredito que Jô estará bem melhor amanhã.

— Acredita, mesmo? Acreditando ou não, você deve estar rezando para isso. Não só por causa dela, mas porque parece louca para sair de minha casa e nunca mais voltar aqui.

— Ora, como...

— Desta vez não cederei às suas exigências absurdas, Anastasia. O bem-estar de minha filha está acima de qualquer coisa!

— Você não está sendo justo! Em minha vida inteira eu coloquei Jô acima de todo o resto, acima de mim mesma!

— E eu venho por último. Isto é, claro, se você tivesse dedicado algum espaço de sua vida para mim!

— Já que sua participação no fato de Jô ter vindo ao mundo foi mínima, o que você esperava?

— Não estou me colocando apenas como o pai de Jô. mas sim como um homem com identidade própria. Será que não consegue me ver somente como Christian Grey?

— Não me interessa vê-lo nem como o rei da Pérsia!. Oh, está bem, está bem. Vamos nos esquecer de tudo isso, sim? Fiquei nervosa com o péssimo estado emocional de Jô e... Desculpe, não quis ser tão agressiva.

— Controle-se, Anastasia. Tudo o que aconteceu foi terrivelmente traumatizante para todos nós, mas agora é hora de recolocar a cabeça no lugar. Por que não se deita e descansa um pouco? As camas de todos os quartos estão arrumadas; escolha o que preferir.

— Acho que eu gostaria de tomar um banho primeiro, Christian. Você se importa?

— É claro que não. Por favor, fique à vontade. Tome uma boa ducha quente, enquanto preparo alguma coisa para comermos.

— Não prefere esperar por minha ajuda?

— Não sou um cozinheiro tão desprezível... você verá. Sempre preparo minhas refeições aos domingos. Denny só veio até aqui hoje por se tratar de uma ocasião especial. Vá tomar seu banho e demore o tempo que quiser. Vou organizar um outro piquenique em frente a lareira.

Anastasia sabia que um bom banho quente a ajudaria a relaxar, por isso, em vez da ducha que Christian sugerira, deixou-se ficar submersa nas águas mornas e perfumadas da banheira por quase meia hora. Evitando pensamentos desagradáveis, gastou o tempo analisando a aconchegante decoração em amarelo e branco escolhida para aquele cômodo da casa do ex-marido. Será que a idéia de aparelhar o luxuoso banheiro com peças tão sofisticadas fora dele ou de algum profissional do ramo?

Christian GreyOnde histórias criam vida. Descubra agora