capítulo dezoito

2.3K 278 28
                                    

Saint

—Não, Pérola. Aqui, assim. -posiciono a minha perna da forma como ela deveria estar posicionando e arrumo a minha postura, erguendo os braços.

—Eu estou tentando, my skat. -ela tenta me imitar, mas ouço a risada na sua voz e sei que ela não está levando isso a sério.

—Não está, Pérola. Você prometeu que treinaria comigo. -sinto os seus braços circularem o meu pescoço, me abraçando.

—Não fui feita pra isso. Vamos deixar esses esportes para o meu... -ela prende o lábio inferior e olha para algo sobre o meu ombro.

A sensação dos seus seios apertados em um top de exercícios me distraem dos acontecimentos à minha volta. Não percebo a aproximação de alguém, até que ouço a sua voz atrás de mim.

—Saint! -a voz exageradamente fina é o suficiente para fazer a minha espinha congelar. Porra.

Os dedos de Pérola aliviam o aperto em meu pescoço lentamente, assim, eu me viro para encarar a dona da voz. Meus olhos são banhados com com visão dos cabelos mais claros e brilhantes do mundo, que são quase capazes de cegar-me. Reparo que ela não mudou muita coisa nesses três ou quatro anos, não lembro bem.

Tiffany.

*

—Tiffany, não? -Pérola anda ao meu redor como se não quisesse nada, ao ir em direção à cama, esbarra no meu ombro.

—Sim. -dou de ombros tirando a camisa suada pelo treino de hoje.

—Não lembro de ter escutado algo sobre ela antes.

—Não é importante.

—A forma como ela te abordou hoje pareceu íntima. Ela até perguntou sobre Jen.

—Jen não a suporta.

—Por que?

—Por que ainda estamos falando sobre ela?

—Por que te incomoda que estejamos falando?

—Foda-se, Pérola. -dou-lhe as costas e vou em direção ao banheiro.

—Talvez você queira fodê-la. -o seu sussurro não é baixo o suficiente para que eu não tenha escutado, viro-me olhando para ela.

—Como é?

—É exatamente o que você escutou. -ela da de ombros e desvia o olhar, encarando a almofada no seu colo. Percebo que ela se arrependeu, mas é orgulhosa demais para pedir desculpas.

Meu temperamento vai a mil. Recolho a minha camisa no chão e a coloco, já indo em direção a sala, pegando minhas chaves e carteira.

Ouço os seus passos calmos atrás de mim.

—Eu vou correr um pouco.

Antes de abrir a porta tenho um vislumbre do seu rosto contorcido em arrependimento, mas antes que eu possa falar algo, ela da de ombros e vai.

Eu vou na direção contrária.

—Eu não posso lidar com essas oscilações de humor dela. Ontem à noite ela chorou porque eu não quis colocar o piercing do lábio, porra.

—Mulheres são grades problemas, você sempre soube. Ainda mais depois da Tiffa...

—Não toca no nome dela! -ergo a mão fazendo com que Marmadoc se cale. Aceno para a garçonete que traz mais uma cerveja para mim. Ela se apoia sobre a mesa roçando os seus seios contra o meu braço.

BurnOnde histórias criam vida. Descubra agora