capítulo vinte e um

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Saint

Você pode chorar, meu amor. -eu ouço o riso na voz de Pérola e reviro os olhos.

—Como diabos eu perdi o primeiro ultrassom da minha filha?

—Culpa dessa viagem de última hora...

—Não pude ver a minha menina. -mudo de assunto.

—Eu já te disse que é um menino, meu bem.

—E eu já te disse que ela vai se chamar Firmina. -eu desvio do seu tapa e desço as escadas rindo e escutando os seus passos atrás de mim em direção a cozinha.

Aspiro o cheiro doce de perfume feminino que só a minha casa tem, e porra, que saudade.

—Como foi a reunião? -Pérola se encosta na bancada. Eu seguro a sua cintura e a impulsiono, a sentando no mármore. —Eu ainda posso me sentar sozinha, Saint. -ela sorri e acaricia a minha barba por fazer.

—Eu sei. -dou-lhe um beijo suave nos lábios. —Foi normal. O de sempre. Investimentos, procura e oferta. -dou de ombros e vou até a geladeira.

—Hum, sei. -meus ombros tencionam quando eu detecto a desconfiança na sua voz.

Ignoro e continuo a olhar a geladeira. Sinto os seus olhos queimarem as minhas costas, capaz de fazer um buraco. Porra.

—Você já jantou? -mordo o lábio inferior e pego uma garrafa de leite.

Eu bato a porta da geladeira e então a garrafa escorrega entre os meus dedos, caindo no chão e criando uma poça branca aos meus pés. 

—Porra, Pérola! -a palma da sua mão se conecta no meu peito com força, me empurrando para trás e me colocando contra a geladeira.

Os seus olhos castanhos me observam como duas facas afiadas e os meus batimentos aceleram.

E eu nem fiz nada de errado.

—Saint, eu tentei. Eu juro que tentei, mas você não me ajuda. -a cada palavra dita, um passo é dado na minha direção. As suas mãos estão enroladas em punho e eu aposto que ela quer socar o meu rosto. —Eu tento ser coerente. Eu tento agir como a mulher madura que sou. -a última parte é dita como um sussurro ameaçador. Eu prendo a risada.

—Amor, o que...

—Foda-se amor, Saint. -o seu punho se conecta com o meu ombro e eu uivo de dor, absorvendo o impacto.

—Porra!

—Foi você quem me ensinou a bater. Viu como eu sou uma ótima aprendiz? E você não me leva a sério. -ela da de ombros e acaba com a nossa distância.

—Você é ótima em tudo, Pérola. -eu mordo o lábio inferior e tento me afastar do seu corpo, principalmente das suas mãos.

Os seus braços se posicionam cada um em um lado do meu corpo, mantendo-me preso contra a geladeira. Observo a sua feição irritada e o seu lindo cenho franzido. Porra.

—Eu vou perguntar uma vez e eu quero que você seja sincero, meu bem. -as palavras são sussurradas no meu ouvido e o meu corpo tenciona ainda mais. É estranho eu estar excitado agora?

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