Capitulo 4

70 5 1
                                    

Minha mãe chegou em casa do trabalho, ela é orientadora pedagógica na escola em que estudo, e como era sexta-feira ficou até tarde no trabalho porque tem reunião com os professores toda tarde.
- Como foi o trabalho? - pergunto sentada na mesa da cozinha.
Ela suspira e levanta as sobrancelhas irritada antes de começar.
- Será que vocês só pensam na faculdade? Os jovens de hoje não tem problemas além disso? - ela se senta com o pano de prato no ombro, me levanto e massageio seus ombros rígidos na tentativa de relaxa-la.
- Essa é a menor de nossas preocupações na verdade - digo rindo.
- Yale? - ela pergunta esperançosa para mim.
- Yale - respondo concordando com ela, acho que minha mãe me conhece muito bem, ou talvez eu seja apenas muito previsível, me contento com a segunda opção.
Ela se levanta e volta a fazer sua janta, mas no caminho até o fogão ela para e me abraça.
- Você é surreal. - ela diz orgulhosa.
- Isso é um elogio? Porque monstros como minotauros, lobisomens e anacondas também são surreais - eu brinco.
Ela ri um pouco e pega seu celular, essa costuma ser a minha deixa para subir para o meu quarto e descansar, eu queria poder contar para ela sobre " A ouvinte" ela ia ficar orgulhosa, mas ia me perguntar sobre os problemas dos alunos e eu não consigo nem imaginar a repercussão que isso daria.
Da minha cama a ouço falar com meu pai ao telefone, fazem duas semanas que ele está viajando, o que quer dizer que quando eu acordar amanhã, minha mãe estará deitada ao meu lado, antes de dormir fico repassando meu dia, foi mesmo uma boa ideia pendurar aqueles cartazes? Será que estou mesmo fazendo o certo? Respiro fundo e penso em tudo que me falaram, pesquiso o que Demi me falou sobre Thomas, traição emocional ? Traição sentimental? Não me lembro então pesquiso os dois, e chego a resposta, é quando a pessoa está em um relacionamento mas gosta de uma terceira pessoa, quem será essa garota? Porque a Briana é simplesmente maravilhosa, e para Thomas preferir ela, não consigo nem imaginar uma garota assim.
Tenho tanto medo por Demi, essa distância de Peter não é nada boa, às vezes me preocupo com meu melhor amigo, ele parece estar passando por problemas, faço uma nota mental de pendurar um cartaz no banheiro masculino do refeitório, para que os garotos possam ligar também, também penso em Johanna, como é possível sofrer tanto por alguém e chamar isso de amor? Isso é paixão, ela não vê os mals que Daniel traz para ela, porque esse sentimento a cegou, tenho tanto medo desse tipo de coisa que nunca me envolvi com ninguém, ou talvez isso seja só mais uma das minhas centenas de desculpas por nunca ter namorado, ou sequer saído com ninguém.
Com esses pensamentos adormeço.

Acordo de madrugada com o telefone tocando, a pessoa que me ligou às 3:00 da manhã e quase acordou minha mãe chora do outro lado da linha.
- Alô? - atendo sonolenta.
- Ouvinte? Aqui é a Margo... Preciso falar com você, eu preciso de ajuda...
Margo, a garota mais social da escola, e sem dúvidas a mais linda também, com mais amigos e as melhores notas, estava chorando às 3:00 da madrugada e eu precisava consola-lá, e foi o que eu tentei fazer.
- Vou te ajudar, se acalma e me conta o que aconteceu - eu cochichei ao telefone.

A ouvinteOnde histórias criam vida. Descubra agora