Capítulo 11 : palavras doem

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Se passaram alguns meses desde que eu e Arthur tivemos nossa primeira vez, nosso primeiro beijo, nosso primeiro encontro. Já era meio de ano, exatamente dia 12 de junho, dia dos namorados, onde eu iria me encontra com ele para que ficássemos juntos já que fazia alguns meses que não o via, a distância realmente estava pegando "pesado" nesses últimos dias. 

Me arrumo toda como se fosse a primeira vez que fôssemos nos encontrar, era meu primeiro dia dos namorados com algum namorado então  realmente queria que aquele dia fosse extremamente inesquecível. Coloco uma blusa preta com um símbolo da NASA estampada em azul brilhante com vermelho vivo, uma calça jeans clara que dava uma dobra nas pernas e um tênis alto preto, coloco um dos meus perfumes favoritos e fui direto a rodoviária ao seu encontro. Chegando lá, o abraço forte e o beijo de leve já que como sempre minha mãe estava nos acompanhando. Voltando pra casa, termino de pegar tudo que  teria que levar pra aquele dia:  identidade, celular, carteira de saúde e um pouco de dinheiro. Pedimos um táxi e formos direto ao shopping, nosso destino era até o cinema onde assistiríamos um filme, naquele momento eu exalava felicidade, tinham muitos casais na sala de cinema, era como se todos tivessem marcado de assistir o mesmo filme na mesma hora, pareciam todos muito apaixonados. 

Entrando na sala de cinema, sento ao lado de Arthur, logo o filme começa e meu celular começa a vibrar logo em seguida, era minha mãe reclamando sobre eu ter gasto quase todo o dinheiro que tinha no cartão de crédito pagando as entradas, me senti mal naquele momento,  pra mim o filme já tinha "acabado" ali. Arthur olha pra mim com cara de choro, como se tivesse estragado a nossa noite, ele tinha ouvido tudo...Tentei abstrair o que tinha ouvido da minha mãe minutos antes, abracei e o dei um selinho segurando o choro para que novamente eu não estragasse tudo, ele então me abraça forte me confortando em seu peito. O filme acaba e de novo uma ligação da minha mãe dessa vez para perguntar onde eu estaria e foi ai que uma longa confusão se iniciou, ouvi coisas que não deveria, começo a chorar dentro do shopping sem parar, realmente tinha estragado o dia dos namorados, onde estava super feliz e animada para passar com uma pessoa que amava de verdade. 

Me encostei em um vão da saída de incêndio e cai em lágrimas, meu corpo todo tremia, Arthur me segurava contra seu corpo na intenção de me deixar melhor e então que eu tomo a decisão de ir embora de casa, era muito pra mim aguentar tantas coisas acontecendo, ouvir que eu não era uma pessoa esperada por ela e que talvez não fosse nem para ter nascido, doeu em mim e nele, não esperávamos ouvir tudo o que ouvimos, sim, eu não era filha do mesmo pai das minhas irmãs, minha mãe se envolveu na juventude com um namorado, acabou engravidando e se tornando por ventura mãe solteira, me sentia culpada por isso mesmo não sendo culpa minha, não tinha pedido para nascer. 

Entramos no carro da minha mãe, ainda falando um monte de coisas que me cortavam o coração a cada frase e fomos para a rodoviária onde Arthur embarcaria no ônibus pra São Paulo novamente, então rapidamente escrevo no "notas" do meu celular e passo o mesmo a ele, nele estava escrito: 

- Quero ir embora, por favor, não posso ficar aqui... - escrevo desesperada e ainda chorando muito 

- O que você quer que eu faça? 

- Fica aqui no Rio e amanhã irei pra São Paulo com você... - alivio era o que eu senti naquele momento, senti como se me distanciasse de todo mundo da minha família fosse o melhor a se fazer, não era a primeira vez que me sentia um fardo e talvez não fosse a última...

Minha mãe o deixa na rodoviária com a finalidade dele pegar o ônibus de volta para São Paulo, ela não diz um "ai" e arranca com o carro com toda raiva possível, olho para trás e vejo o mesmo com sua bolsa de viagem olhando triste para o carro indo em direção a saída, meu coração doía,  minha respiração não era mais a mesma e minha visão era toda borrada pelas lágrimas que caiam de meus olhos. Fui da rodoviária até minha casa chorando,  ouvi a viagem inteira sem nem saber o motivo daquilo tudo, estava tão mal que cheguei em casa e não consegui olhar para o rosto de meu pai, sentia vergonha de quem eu era. Não tomo banho, apenas troco a roupa e vou direto para cama.

Talvez fugir realmente fosse uma opção válida naquele momento mesmo que isso machucasse alguém...

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