A Última Noite

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Montanha dos Exilados era um dos lugares onde as raças e pessoas excluídas dos reinos habitavam. Ela em si era formada por uma gigantesca montanha que ficava no centro de Kathai, composta por rochas e minérios tão exóticos que não poderiam ser encontrados nem mesmo em Órin. Diziam as lendas que quando os deuses o formaram, fizeram a Montanha com o propósito de exaltação e quando os mortais  olhassem para ela deveriam entender e se lembrar da magnitude e do poder dos deuses antigos que ainda os observavam e os julgavam. Pior que a própria montanha era o Pântano que a cercava, haviam muitas lendas sobre aquele lugar que perturbavam os reinos de kathai. A vida que existia ali era selvagem e perturbadora, como se a natureza quisesse te destruir a qualquer momento e as criaturas quisessem consumir seu cheiro, sua carne e seu medo. Das muitas raças que viviam no pântano, eram os drows que habitavam a Montanha dos Exilados, além deles haviam alguns selvagens do Norte, criminosos de Kathai e bestas abissais que lutavam pela sobrevivência.

Os drows foram considerados criaturas repugnantes pela maioria dos reinos e principalmente pela ordem do Vaticano, devido a prática de magia negra. Muitas raças como os elfos de Alpheim os condenaram e os expulsaram, alegando que apesar dos drows serem semelhantes em relação as orelhas pontudas e a beleza, eram gananciosos, mentirosos, traiçoeiros e faziam pactos com demônios comprometidos com a destruição e o caos. Por terem abusado tanto da magia negra, sua pele havia mudado para cinza, seus olhos tornaram-se vermelhos e seus cabelos eram brancos o que denunciava o início da transformação demoníaca, segundo o Vaticano. Houve uma perseguição dos elfos e do Vaticano contra os drows, que lutaram durante anos até perderem a guerra e habitarem na Montanha dos Exilados, onde tiverem que aprender a sobreviver.

- Essa vista da Montanha valeu o esforço - disse Kylem, olhando para o enorme Pântano e o leste, onde ficavam as grandes cordilheiras de montanhas em Órin.

- Vale a pena andar tanto para chegar aqui em cima - Wendry sentou e bebeu um gole do odre que carregava.

- Espero um dia conhecer esses reinos, ouvi falar que os anões em Órin ficam tanto tempo debaixo da terra minerando, entalhando e encontrando tantas riquezas que poderiam comprar toda a extensão de terra do Khalifado - Kylem apontou para o oeste, onde estavam as terras desertas do Khalifado.

- Acho que esses anões não sentiriam interesse em comprar um lugar com cidades no desero, além do que o Khalifado com certeza não as venderia.
- Não sei, do jeio que os anões são curiosos e gananciosos...

- Eles já tentaram explorar a Montanha dos Exilados uma vez, mandaram um grupo grande para encontrar riquezas aqui, mas todos eles acabaram mortos, não aguentaram passar pelo Pântano.

- É difícil mesmo - Kylem sorriu, virou-se para Wendry dizendo - dalando em Pântano, precisamos caçar ou nossos pais vão brigar com a gente.

- Vai reunindo o pessoal que eu vou pegar meu arco e as armadilhas que já deixei preparadas. Te encontro em Passo Sombrio daqui a pouco.

"Minha família depende de mim", logo Kylem desceu.

Kylem Arkalys Tytus era um jovem drow da casta Tytus, a casta responsável pela parte política da Montanha. Seu tio Kenlly Harmond Tytus era o principal líder dos drows. Seus pais eram Genry Harmond Tytus e Ketlen Travus Arkalys, que ajudavam o tio enquanto Kylem ajudava no grupo de caça de Wendry Stigmu, que era dois anos mais velho e uma cabeça mais alto, porém já liderava um dos grupos de caça dos drows.

Logo que o jovem drow desceu a Montanha dos Exilados, avistou a sua frente a grande fortaleza de Passo Sombrio, que era nomeada assim por ser a única entrada conhecida que levava para dentro da Montanha e por seu principal líder, Shormund Dravus Stigmu, conseguir afastar por anos os selvagens e as bestas que tentavam conquistar a Montanha. A fortaleza em si possuía apenas uma entrada conhecida, cercada por um fosso extenso, muralhas, torres altas e um caminho bifurcado que levava direto a um grande portão negro feito de obsidiana. Era possível ouvir os berros de ordens que ecoavam, sentir o cheiro acre do lugar, a terra úmida que subia atéas canelas e o vento gelado que soprava no rosto. Enquantoeu passava pelo portão, pude ouvir passos e gritos escandalosos vindos de trás, quando deparei-me com dois rapazes carregando alguém: era um velho que chorava como uma criança e pedia cada vez mais para os dois rapazes acabarem com sua dor. Sua armadura de couro estava rasgada com um corte na barriga que se encharcava de um viscoso sangue, manchando o chão e os dois rapazes. Seus olhos reviravam e suas palavras haviam se acalmado. Ele havia aceitado o destino, e agora sutilmente sorria para a lua, esperando a encontrar de perto, junto com suas filhas. "Agora eu finalmente posso descansar". A Adaga finalmente o havia o executado.

As Crônicas de Kathai - A Coroa Dos ExiladosOnde histórias criam vida. Descubra agora