Capítulo um, continuação.

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O Rei seguia à frente da pequena comitiva de altos oficiais que povoavam o alto convés. Atrás vinha Helena. De repente Sirius parou e olhou para sua filha. "Onde está seu diadema?", perguntou ele. Helena corou, havia esquecido completamente do adorno. Mas Aurora, atrás de Helena, imediatamente se manifestou: "Está aqui, meu Rei". Aurora colocou a joia na cabeça da princesa e a prendeu no cabelo.

Já se preparando para desembarque, os tenentes gritando ordens para seus comandados que se enfileiravam no convés, atrás da comitiva real, o Rei mexeu em suas vestes e tirou de lá uma adaga embainhada e a entregou para Helena. Não havia nada de muito especial na bainha, era apenas um trabalho artesanal feito de couro. "Mandei fazê-la para ti", disse Sirius a Helena, "foi fabricada pelas mãos dos melhores artesãos que existem no mundo. Não é prudente que a princesa-herdeira ande por terras inóspitas desarmada". Helena desembainhou a adaga e viu o trabalho em aço, com varias camada sobrepostas formando um lindo padrão, como os das penas de uma águia, com o suave brilho azulado que o aço emana. A guarda era de bronze, propositalmente oxidado para que adquirisse a tonalidade verde, e no botão a Constelação de Orion, um dos símbolos do Reino de Astra.

Enquanto o Rei falava a Aeronau perdia altitude. As operações de pouso estavam sendo iniciadas. Eles iriam ancorar em uma pequena torre para Balãos, adaptada para a chegada da comitiva real. As outras duas Aeronaus que compunham a pequena frota teriam que executar procedimentos bem mais complicados, de pouso em solo em um terreno mais favorável alguns quilômetros ao sul. Aurora pegou a adaga das mãos de Helena, a embainhou e prendeu a bainha em um cinto bordado delicado, que passou pela cintura de Helena em pequenas frestas, que a princesa não havia sequer percebido antes. Quando terminou, o cinto parecia somente um adereço e a adaga, um simples enfeite no lado esquerdo da cintura de Helena.

Um suave baque no casco da aeronau precedeu as manifestações dos Marinheiros que prendiam em roldanas os cordames arremessados pelos portuários nativos, em terra, e os puxavam para afixar a embarcação no Porto. O silvo agudo indicava que a potência estava sendo retirada dos motores de propulsão. O Almirante Pollux saiu da sala de comando e desceu apressado a escadaria, ocasionalmente dando uma ordem ou outra para os marinheiros e estivadores que se encontravam em seu caminho.

Já velho e meio manco, a barba desgrenhada e o cabelo grisalho de Pollux era, geralmente, prenúncio de uma cacetada bem dada com a bengala de cedro que sempre trazia, na cabeça de qualquer um que fosse lento demais, ou lerdo demais, para não fazer as atividades na velocidade exigida. O baque-baque da bengala chegou perto do Rei e cessou quando ele se ergueu e se manteve em sentido, à esquerda do monarca (Helena estava à direita e Rafael à frente de seus homens, a direita de Helena. A fila era formada por um pequeno e seleto grupo de soldados, vestidos com uma armadura de malha sobre um gibião de couro de Bisão-brasil, uma rapieira curta e um mosquete pendurado em cima da capa anil).

"Estamos prontos para desembarcar, sua majestade", disse Pollux, "basta dar a ordem".
"Tem certeza que vossa Majestade não quer uma armadura e sua espada? Posso mandar um de meus homens rapidamente buscá-los" interrompeu Rafael.
"Esta ótimo assim, Rafael." disse Sirius. Depois gritou: "ABAIXAR A PRANCHA".

A Filha Perdida de AstraOnde histórias criam vida. Descubra agora