Aprisionado

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Quero agradecer ao @AlexandreRomualdo7 por ter feito capa :D

08/08/2001

Eu sou vivente de internatos. Ultima vez que vi um campo foi enquanto adolescente. Estava já de maior, não me mutilava mais, nem crises, apenas morto.

Os médicos me deram alta, alegando" está de acordo com os padrões necessários para viver em sociedade"

Estou vivendo a base de remédios. Tomo uns... Não sei, uns quatro por dia. Na clínica eram apenas dois, antidepressivo e o Zolpidem para dormir. A verdade é que quando fiquei em liberdade aumentei em muito a variedade de drogas. Meu transtorno de personalidade nunca vai me deixar.

Essa é uma verdade.

Embora me considere extinto por dentro dado os vários anos que perdi na clínica, queria por um fim em quem eu era. Eu sabia da existência dessa clínica há anos. Sempre olhava para a montanha da janela do mórbido quarto. Queria me integrar de fato a sociedade,ter família. No entanto sem a cura para os meus males eu acabaria pulando de um prédio.

Procurei por hotéis e não achara nenhum. O sono era tanto que decidi parar descendo um pequeno relevo abaixo da rodovia. Tranquei as portas e dormi segurando uma pistola. Era apenas um cochilo. Meia hora já estava bom. Dirigi por dois dias com poucas paradas para descansar e estava no meu limite. Dormir era uma obrigação.

Não levou poucos minutos para sonhar. E desta vez,estava em uma clínica psiquiátrica,uma dos anos noventa. Igual ao filme girl interrupt, onde passando pela sala de estar tinha um grande corredor com quartos,lugares sem contrastes e um clima lírico preenchendo o recanto. Era ambientado com cantos gregorianos lindos que vinha da sala de estar. Sai do quarto que estava e fui olhar o corredor...Eu tinha sensação de que vivia há anos nela então me sentia bem ambientado as pessoas de lá.

Estava um dia seco na sala de estar até uma nova garota chegar.
Ninguém parecia dar bola para ela...

Estava sentada no sofá em posição fetal. O lugar tinha doentes em vários cantos. Uns acompanhados de funcionários,pais sendo orientados pelas assistentes sociais sobre os quartos e áreas da clínica.
O lugar seguia todo branco, pacientes de branco,sala branca, funcionários de branco. Apenas o estilo da roupa se seguia diferente.Na sala tinha uma tv,sofá: branco. Várias mesas e cadeiras. E uns pacientes assistindo o bingo. Diferente da garota no canto esquerdo em posição fetal roendo as unhas.

Tudo se seguia na sua mais bela normalidade. Embora um louco que chegou a sala e viu a novata em posição fetal. Encheu a boca e disse:

- GOSTOSA!

Aquilo esquentou os meus nervos,fervulhei-me em ira.

Maldito o homem que é rude com uma mulher! mulheres são cercadas de amor e delicadeza. Tratar uma dama assim iria ser punido com graça.

A retribuição pelo ato não ia passar despercebida.

O "homem" que vociferou a palavra tão desnecessária foi se achegando para perto da mulher. Era magro, roupa rasgada. Com certeza um louco.

E eu, fervendo em odio peguei uma cadeira e amassei ele várias vezes até os guardas me imobilizarem. Foi uma grande confusão. Como o cachorro que não desiste até matar sua vítima. Mas, eu estava convicto da razão.

Os olhos já caidos da menina novata continuaram frios e sua reação: nenhuma.

Isso me fez parar. Era um comportamento nunca visto por mim antes. Deve ter sofrido tanto que já não liga com oque lhe acontece.

Todos ficaram atônitos com o cara espancado várias e várias vezes por mim em um curto tempo.

A garota limpava sempre o nariz escorrendo sangue.

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⏰ Última atualização: May 18, 2019 ⏰

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