[Capítulo 1] Surpresas de uma tempestade

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      As estantes de livros diversos pareciam se fechar ao redor das mesas de madeira colonial lixada e envernizada, fazendo um domo claustrofóbico e sombrio sobre a cabeça de um pobre estudante que apenas queria terminar um projeto para que seu professor se orgulhasse o bastante para marcar um ponto extra generoso em sua lista de atividades extra. Baixando os fones de ouvido, o rapaz percebeu que não havia mais nenhuma alma viva entre as dezenas de mesas dispostas naquela sala.   

      Já passava das oito da noite quando Anthony olhou novamente o relógio e ele quase se sentiu frustrado. 

       Esse era um daqueles raros momentos em que Anthony se perguntava que diabos estava fazendo enquanto olhava ao redor. Podia estar em uma festa ou apenas bebendo uma cerveja com um amigo em qualquer lugar, fazendo algo realmente digno dos garotos de sua idade naquele campus. Havia pelo menos cinco "bagunças" organizadas em cinco fraternidades diferentes apenas naquela noite, então o que estava fazendo em um ambiente tão morto quanto uma biblioteca em uma sexta-feira à noite com nada mais que sua consciência cansada demais para qualquer deboche interno?

       Tinha gasto a tarde toda trabalhando no esboço de um relógio que serviria como agente primário de saúde para a semana verde de exibições da universidade e ainda estava empacado com a parte crucial. Ele havia estudado e estudado, lido alguns livros e visto algumas palhetas de cor no Pinterest, mas não sabia como estilizar a lata velha que descansava em uma caixa de sapatos acolchoada debaixo de sua cama. E aquilo era muito importante! Nem pensar ele levaria aquela coisa mal acabada como seu projeto.

         Se fosse para ser sincero consigo mesmo, desde o início do projeto Anthony não estivera muito inspirado. Quando a tarefa foi passada em sua turma, em sua defesa, não havia sido só ele quem respirou pesado e revirou os olhos. Mas era um trabalho importante para somar alguns pontos de mérito em sua grade, o que contava muito. Não que ele precisasse, mas queria. E quando o Stark queria uma coisa, ele ia até o fim.

         Mas tinha que admitir que, para quem apresentou um robô em miniatura que racionava o consumo de água de um edifício de até  vinte andares, o relógio era amador demais.

         É claro que seu colega de quarto, Stephen Strange, acabou tendo alguma influência nisso. Não que ele fosse admitir uma coisa daquelas. Nem mesmo sob tortura.

        Tony estava tentando ter uma boa ideia, jogando uma bolinha na parede sem parar e a pegando no ar, quando o rapaz de origem britânica levantou de sua cama muito irritado, com as faces naturalmente muito pálidas ardendo em um vermelho muito potente de ódio e tomou a bolinha, arremessando-a pela janela. Parte de si não queria saber até hoje, duas semanas depois, onde aquela bolinha havia ido parar ou se tinha machucado qualquer pessoa, mas rezava para que nada de realmente ruim tenha acontecido.

         Em primeiro momento, os dois discutiram afiadamente sobre quem era mais boçal ou como eles se odiavam mutuamente, até que a coisa foi perdendo um pouco da graça no terceiro soco e Stark se ofereceu para ajudar Strange a estudar para uma prova, já que não conseguia trabalhar em seu próprio projeto, e o outro simplesmente deu de ombros sem se importar. Stephen estava em um capítulo sobre inflamações internas e obstruções nas paredes das artérias. E então Tony se pegou pensando em como seria útil não apenas para os médicos, como também os pacientes, se houvesse um aparelho que identificasse essas falhas funcionais dentro do corpo e alertassem antes que se tornasse um problema maior. No inicio, o estudante de medicina riu pensando muito hipoteticamente que seria muito útil mesmo, mas a determinação de seu colega de quarto parecia tão poderosa que o britânico até mesmo ajudou Stark com algumas partes técnicas, o explicando bem superficialmente como o relógio deveria trabalhar para de fato cumprir o que prometia e lhe deu algumas aulas de anatomia durante a madrugada, depois que Rhodey simulava sua morte pelo tédio por estar na presença de dois "nerds" e ia embora para sua fraternidade.

🌸 Querido Mar-vell 🌸 [Stony]Onde histórias criam vida. Descubra agora