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CECÍLIA FERRAZ

Os 3 primeiros dias de trabalho foram até que tranquilos. Os jogadores estavam trabalhando muito para a pré-temporada, então saíam cedo e chegavam tarde no hotel, evitando o trabalho duro, já que eles não estavam fazendo tantas reclamações e o ambiente era bem mais calmo.

Eu estava no balcão, alterando alguns detalhes na tela do computador, enquanto Tereza atendia algumas ligações ao meu lado, Thiago havia saído com alguns dos funcionários para buscar algumas encomendas do hotel, que chegariam via aeroporto. Fiquei distraida por alguns minutos, entretida na tela do meu computador, até que dois sujeitos pararam em frente ao balcão, chamando minha atenção.

- Hola. - um deles, loiro, disse. - Nos dos gostariamos de un quarto. - pelo seu portunhol, eu saquei de cara que ele era brasileiro, e pelo seu abrigo do Barcelona, também notei que se tratava de um jogador de futebol.

- Brasileiro? - perguntei, vendo que a cara de alívio nos dois foi bem aparente.

- Viu Arthur, eu falei pra você que era melhor a gente ter falado em português, você parece um sem noção tentando falar em espanhol. - o moreno, um pouco mais baixo, tentou sussurrar para o tal intitulado Arthur, mas foi o suficiente para que eu escutasse, e desse uma risadinha.

- Então, nós estamos atrás de um quarto. Eu sou um dos jogadores novos do Barcelona, sei que aqui é o hotel especial para a concentração dos jogadores. Ele é meu irmão, será que é possível ele ficar aqui comigo até encontrar um apartamento? - Arthur, meio tímido, falou.

- Claro que sim. Só vou checar qual quarto duplo está vago para encaixar vocês dois. A distribuição dos andares para os jogadores e comissão técnica é o 5° andar e o 6° também. Vocês podem se sentar aqui na recepção enquanto verificio qual que fica melhor. - os dois concordaram com a cabeça e se sentaram nas poltronas que ali tinha.

Em alguns minutos os avisei que o quarto estava liberado, lhes dei o cartão de entrada e indiquei o caminho para os elevadores, os dois me agradeceram e seguiram os comandos.

PHILIPPE COUTINHO

Estava saindo completamente exausto do treino, como a pré-temporada estava prestes a começar, tudo estava um loucura. Treinos mais puxados e rotinas mais cansativos do que eu havia fazendo no Liverpool, mas estava extremamente grato por estar tendo a chance de jogar em um dos melhores times do mundo, e o maior da espanha. E o pessoal estava sendo muito bacana comigo, me integrando no time e fazendo com que eu me sentisse em casa, ainda mais com a chegada de diversos brasileiros.

O técnico estava me dando algumas dicas, quando Rafinha passou dizendo que estava indo para o hotel e queria saber se eu também já estava pronto, terminei de escutar as coisas que Valverde estava a me dizer, o agradeci e segui meu rumo junto com Rafinha, que estava se tornando um grande amigo.

Ficamos trocando palavras durante o percurso de dois minutos até o hotel, quando chegamos a primeira coisa em que eu pensei era dormir e comer, precisava muito chegar no meu dormitório. Como Rafinha estava hospedado no 5° andar e eu no 6°, ele desceu antes se despedindo de mim, enquanto eu me encostava na parede do elevador.

Mas assim que as portas se abriram, fui de encontro com uma pessoa. Logo de cara reconheci que era a menina de ontem, a que me ajudou no concerto do chuveiro, fiquei com vontade de rir, ao lembrar de seu humor esquentadinho. Ela se chocou ao ver quem era, sorriu de um jeito bem sem graça e tentou sair do meu caminho. Mas por alguns segundos consegui analisá-la e meu deus, ela realmente era muito bonita.

- Opa, me desculpa. - sorri com todos os dentes, esperando que ela fizesse o mesmo, mas ela apenas deu um sorrisinho amarelo.

- Eu que peço. Boa noite, senhor Philippe. - fiquei com vontade de rir, ninguém me chamava de senhor, mas entendia que era o trabalho dela.

- Pode me chamar só de Philippe, ou Coutinho, na verdade como você quiser. - pela sua expressão facial, entendi que ela ficou um pouco surpresa com as minhas palavras, mas por incrível que pareça, um sorriso mais aberto saiu de seus lábios.

- Bom, devido ao meu trabalho sinto que é obrigação eu chamar você de senhor. - ela deu um risadinha, e eu também.

- Eu me sinto um homem de 65 anos quando me chamam de senhor, mas tudo bem, entendo. - eu disse e mais uma risada dela eu consegui tirar.

Fomos atrapalhados por um dos elevadores, que foi aberto revelando alguns dos jogadores, eles me cumprimentaram e olharam rapidamente para garota em minha frente, que ficou estática por alguns minutos, quando ficamos nos dois novamente, ela se prontificou em falar.

- Bom, essa é minha deixa, preciso voltar ao trabalho. Boa noite. - ela já ia entrando no elevador, quando eu fui mais rápido e não pude deixar de perguntar.

- Peraí, ao menos posso saber seu nome?

- Cecília. Cecília Ferraz.

E ai tudo fez sentido, o nome do hotel, ela era dona?!

Needy | philippe coutinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora