Revivendo um pesadelo

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Volteeeeeiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii, meus amores! Girassóis lindos do meu jardim, perdoem a minha demora pra voltar a escrever pra vocês...Sem enrolação, vamos lá. Ótima leitura, beijooooooos!



Cassie

Corri diretamente para o meu quarto depois daquele "incidente" com o Adam, ele tinha tocado as minhas costas (o que era até suportável), mas sentir seu toque na minha nuca me fez lembrar tudo de ruim que Lorenzo fez comigo, o jeito que ele passava sua mão imunda no meu corpo e as coisas nojentas que ele falava no meu ouvido. Corri e corri do toque de Adam do jeito que teria corrido do toque de Lorenzo, caso tivesse forças.

Cheguei no meu quarto sem fôlego, com uma fina camada de suor sobre meu rosto e com a mente atordoada com os flashbacks que passavam por ela. Fechei a porta imediatamente, tratei de arrancar aquele maldito vestido do meu corpo, tirei a lingerie e vesti a minha roupa de dormir. Me dirigi à cama de casal a minha frente e me joguei nela, só então lágrimas caíram de meus olhos e eu me permiti chorar.

Pelo visto as pessoas não tinham reparado mesmo nossa falta, porque a música continuava alta e ainda conseguia ouvir a voz animada de alguns convidados, o que me fez pensar que eu não conseguiria dormir tão cedo. Pensando nisso, levantei e fui ao meu banheiro tirar o acúmulo de maquiagem do rosto; a minha cara estava horrível, o rímel escorrendo pelos olhos e o batom borrado evidenciando a minha cara de choro.

Quando já estava prestes a tirar toda a maquiagem do meu rosto, ouvi um barulho (mais como um rangido) de porta abrindo, pensei que fosse Adam querendo pedir desculpas ou algo do tipo, mas quando saí do banheiro e voltei ao quarto Lorenzo estava em pé na minha frente depois de fechar a porta novamente. Me olhou com aquela mesma cara que sempre me olhava antes de fazer aquelas coisas terríveis comigo, sarcasmo. Pânico. Pânico. Eu precisava fugir dali.

Lorenzo se aproximava mais e mais, a cada passo que eu dava para trás, ele dava dois até mim; até que eu não tinha mais para onde ir, encostei na cama e ele rapidamente veio até mim.

- Nossa sobrinha, você tava tão gostosa naquele vestido. Eu foderia você vestida com ele ali mesmo. – falou já passando seu nariz no meu pescoço, tocou minha cintura verozmente e eu, numa tentativa falha de me abster de seus toques, tentei pensar em coisas boas. Não funcionou.

Me jogou na cama e tirou a parte de baixo do meu babydoll e eu travei, estava paralisada, seus toques doíam e até ardiam como se estivessem me esfaqueando várias vezes em um só minuto. Eu queria fechar os olhos e sumir daquele lugar. Quando fechei meus olhos ouvi novamente um ranger de porta ao se abrir e ainda com os olhos fechados, só consegui sentir Lorenzo sendo puxado de cima de mim.

Abri os olhos imediatamente e só então percebi que Adam estava no quarto, seus olhos estavam escuros e eu podia perceber o ódio exalando de seu corpo. Ele dava murros no rosto de Lorenzo, que continuava com aquele maldito sorrisinho na cara. Foi então que eu consegui recuperar a minha consciência e me levantei abruptamente, puxando Adam pelos braços; ele estava cego, ensandecido e não parava de golpear o rosto de Lorenzo com seus punhos. Gritei.

-ADAM, VOCÊ VAI MATÁ-LO!- a única coisa que consegui proferir nesse tempo todo, só então percebi que lágrimas transbordavam dos meus olhos.

-ESSE FILHO DA PUTA MERECE MESMO MORRER, EU VOU MATAR ESSE DESGRAÇADO. COMO ELE TEM CORAGEM DE FAZER ISSO DENTRO DA MINHA PRÓPRIA CASA? - ele tinha razão, como Lorenzo tinha coragem de tentar abusar de mim dentro da casa do meu futuro marido (o cara que manda na máfia estadunidense e poderia mandar matá-lo a qualquer momento, ou pior, torturá-lo até a morte).

Adam continuava esmurrando Lorenzo, até que três seguranças apareceram na minha porta e foram em direção a Adam que já se encontrava em cima de Lorenzo, que já estava quase inconsciente. Eles deviam ter escutado a gritaria e correram até aqui. Puxaram rapidamente seu chefe, tentando o conter, até que ele se permitiu ser contido e parou de se remexer nos braços de seus seguranças e então olhou para mim. Droga. 

- Peguem ele e o levem para bem longe daqui, não quero vê-lo nunca mais. -falou com seus seguranças - agora mais calmo - ainda olhando para mim.

Eu devia estar um caco, pela forma como Adam me olhava. Olhei timidamente pra baixo e me lembrei, merda. Eu ainda estava só de calcinha e a parte de cima do babydoll (que vergonha), vesti o shortinho de dormir novamente de forma bem rápida, me sentei na cama e então soluços começaram a sair da minha boca. Perdi as contas de quantas vezes eu já tinha chorado nessa casa em menos de três dias, mesmo pensando nisso me permitir chorar, eu tinha acabado de quase ser estuprada de novo, tinha todo direito de chorar.

Adam veio em minha direção parecendo não saber muito bem o que fazer. Sentou-se ao meu lado e eu o olhei ainda soluçando e sua pupila azul-esverdeada me encarava, com pena. Não quero que ele sinta pena de mim.

- Olha, e-eu não sei o que dizer. Eu... - ele disse gaguejando.

- Não precisa dizer nada, já estou acostumada. Pode ir para o seu quarto, não preciso de apoio emocional; terapeutas não conseguiram, então duvido que você consiga. - digo com mágoa na voz e sou totalmente ríspida.

- O que? Não, você quase foi estuprada por aquele filho da puta do seu tio e quer que eu te deixe aqui sozinha!? Não mesmo. Deita aí, vou ficar aqui até você dormir. Não vou deixar ninguém entrar aqui de novo. - levanta e vai a caminho da porta, fechando-a e volta a se sentar na beirada da minha cama.

Mesmo relutante, me deito e sinto suas mãos grandes passarem pelo meu cabelo liso - na tentativa de fazer carinho -, mas percebe que a tentativa foi falha ao ver que eu me encolhi na cama, ficando em posição fetal. Novamente me passa pela cabeça flashbacks de Lorenzo, dessa vez ele puxava meu cabelo me fazendo ficar de quatro.

 Me encolhia mais e mais na cama, quase que me afundando na mesma e Adam me olhava apreensivo, até preocupado eu diria. Seu toque era suave ,- como se estivesse massageando meu couro cabeludo- talvez pudesse até ser suportável, caso toda vez que ele me tocasse não passasse pela minha cabeça cada momento de dor, sofrimento e medo que eu sentia quando meu maldito tio me tocava.

-Por favor, para. Não me toca nunca mais, por favor! - ele tirou suas mãos de meu cabelo e então vi seu olhar de confusão e apreensão. Ele nunca ia entender.



Afefobia - O toqueOnde histórias criam vida. Descubra agora