Era uma manhã fria, meu primeiro dia de aula, eu mal havia acordado e já estava me sentindo totalmente desanimada, sinceramente eu não queria ir para a escola, não queria conhecer as pessoas e nem mesmo os professores.
Eu queria continuar de férias dentro de casa e debaixo das cobertas até a morte, porém não podia se quisesse um futuro melhor.
Prometi a mim mesma que eu não continuaria da mesma forma, eu iria mudar para melhor, morar nesse lugar, um lugar novo, era a oportunidade perfeita.
Quer dizer, eu já morava aqui nessa cidadezinha quando pequena, mas não era a mesma coisa, diferente da energia alegre da infância eu me sentia morta e invisível.
Por isso, mesmo com preguiça de viver, eu precisava levantar e ir à escola.
Minha mente fazia suas funções básicas diárias automaticamente, como por exemplo escovar os dentes, tomar banho, trocar de roupa, comer... E ao mesmo tempo, à todo momento, sussurrava para mim mesma;
Este é o primeiro passo.
Enfim, mas não é sobre isso que quero falar, a história não é sobre uma garota que não quer ser mais a mesma garota anti-social do passado.
A história é sobre o meu pecado.
Não demorou muito para conhecê-lo, assim que eu havia entrado na sala e sentado em meu lugar, logo depois de ser recebida com um "oi" dado pela representante da sala e suas amigas, eu o vi.
Um garoto alto, bonito e estiloso, porém um garoto comum como qualquer outro.
Mesmo assim, não entendo porque não conseguia tirar os olhos dele.
Deduzi mentalmente que foi por conta do estilo de suas roupas ou por conta da camisa do Slipknot, que na verdade fazia parte de seu estilo jovem, rebelde e alternativo.
Lembro que ao vê-lo, me senti levemente atraída, não quero dizer que havia sido amor à primeira vista, era apenas uma emoção parecida com aquela que sentimos ao ver alguém que parece legal, ou alguém que parece gostar das mesmas coisas que você, talvez só um pouco mais intensa.
Não nos conhecemos naquele dia, porém, por uma coincidência ou quem sabe obra do destino, o professor o havia mudado de lugar, o fazendo sentar na frente do lugar onde me sentei.
De qualquer forma, me senti levemente feliz por ter a oportunidade de falar com ele, mas naquele dia eu acabei falando com a representante da sala e suas amigas mesmo.
Passando-se um certo tempo, eu acabei me afastando naturalmente das meninas com quem havia começado a falar, talvez por elas gostarem de coisas diferentes das que gosto.
E então conheci uma garota que parece mais uma criança do que uma adolescente de 15 anos, e por causa dela e de seu jeito espontâneo, acabei criando coragem e fui falar com o garoto que tanto costumava fitar.
— Oi, quer ser meu amigo?
— Tudo bem! - Ele respondeu rindo.
A partir daí surgiu uma amizade, nós começamos a conversar um pouco, até que com o tempo, conversávamos bastante e fazíamos brincadeiras sem sentido (que faziam todo o sentido para nós).
Ele entrou em minha vida aos poucos, através do seu jeito e de seu sorriso.
Não sei bem por que gosto tanto de sorrisos, mas vê-los me transmite uma sensação de bem estar, e com certeza são contagiantes.
Mas o dele parecia mais do que um simples sorriso, era algo tão marcante que não vê-lo me deixava seriamente triste e preocupada, como nunca havia ficado com ninguém.
A partir do momento em que me senti dependente daquele sorriso, e a partir do momento em que percebi que eu me sentia sozinha quando ele faltava na escola, percebi o que estava começando a sentir.
Gostar de alguém assim era preocupante, eu não queria gostar dele, não queria me tornar dependente de coisas simples como seu sorriso e sua presença, mas por incrível que pareça, pela segunda vez eu me deixei levar pela emoção.
Eu não pretendia confessar meus sentimentos, preferi esperar os sentimentos dele, iria deixar as coisas seguirem com o tempo, acreditando que com certeza poderiam se resolver sozinhas.
Mas nunca se resolveram.
O tempo passou e eu conheci mais algumas pessoas que também eram amigas dele, foi quando descobri algo que me deixou triste.
— Gaby, essa é minha namorada e futura esposa. - Ele disse e então riu.
— Namorada? - Perguntei chocada, olhando para a garota tímida ao seu lado, ele nunca havia dito nada sobre ela.
— Sim. Amor, essa é a Gaby, ela é a melhor pessoa da sala. - Ele nos apresentou, e a garota ao seu lado sorriu.
Tentei disfarçar com um sorriso a frustração que senti ao perceber que estava afundando em um amor platônico, eu deveria ter me livrado desse sentimento antes de acabar me decepcionando, mas acontece que eu já estava afundada nele sozinha.
Depois de tanto tempo, depois de tantos dias, depois de todos os momentos que presenciamos juntos e depois de todas as histórias que compartilhamos, ele resolve contar que é comprometido só depois que eu já havia me iludido!?
Não havia sido justo, eu não podia continuar assim, porque dentre tantas outras pessoas eu tinha que gostar justamente de um garoto comprometido?
Tentei de tudo para esquecer meus sentimentos por ele, eu já havia feito uma carta e jogado no lixo, na intenção de jogar com ela todos os meus sentimentos, já havia tentado conhecer outros garotos e até já tentei namorar um deles, mas eu percebia que tudo era em vão assim que eu via o sorriso desse maldito garoto, esse maldito pecado.
E até hoje, até agora, ele ainda continua em meus pensamentos, eu continuo sentindo sua falta e não me sinto bem com isso.
Eu simplesmente não consigo esquece-lo, nem mesmo deixa-lo como eu costumava fazer quando estava gostando de alguém e queria desgostar, eu ainda quero ficar perto dele.
Ficarei satisfeita em ter apenas sua amizade, mesmo sabendo que a cada dia ele está alimentando meus sentimentos e me machucando.
Sei que é errado quere-lo, mas parece que eu sempre tive uma queda por erros.
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Mini histórias
NouvellesTodos possuem lembranças que desejam guardar, sejam elas tristes ou felizes, queremos preservar os detalhes em nossa mente. Essas são lembranças, contadas como simples histórias, talvez minhas, talvez de outro alguém, talvez suas...