As folhas passavam de classe em classe, cada aluno pegando uma para si. Mesmo que fosse um trabalho, as expressões dos que já haviam lido sobre o que este se tratava permaneceram amenas, e não desagradadas como eu esperava – afinal, quem gostava de fazer trabalhos de faculdade? -, o que dava a ideia de que não era tão ruim assim.
Finalmente o papel chega ao meu alcance, e sou rápido em descer os olhos, ignorando a introdução desnecessária que a professora sempre elaborava, e chego até o que interessava: depois de uma lista de critérios de avaliação e entrega, lá estava a pergunta:
"O que é arte para você?"
Uma questão simples. Uma resposta pessoal. Por isso o olhar tranquilo de meus colegas, não era necessário ir atrás de pesquisas para uma dissertação que valeria metade da nota do semestre. Fácil.
Passo a guardar minhas coisas com o final eminente da aula, dobrando a folha de ofício sem muito cuidado e a colocando na mochila. Checando se não havia deixado nada embaixo da mesa, me ponho em pé, pronto para ir.
Hoseok, meu melhor amigo, já me esperava na porta. Passamos a caminhar juntos até o restaurante da universidade.
- A professora facilitou, não acha, Joon? – Ele comenta alegre.
- Demais.
🎨
O segundo grupo de visitas deixava a galeria provavelmente sem se lembrar de uma palavra que seu guia – no caso, eu – dissera.
Sabendo que teria um bom e entediante tempo livre, fui para minha sala, a qual possuía uma grande janela de vidro por onde podia avistar qualquer "apreciador de obras-primas" que chegasse.
Alcancei minha mochila e retirei dela meu notebook, colocando-o sobre minha mesa de trabalho. Após poucos minutos, a tela mostrava um documento em branco aberto, e foi nele que comecei escrevendo "arte, para mim, é"... E então parei. Comecei a tentar encontrar palavras para descrever o que pensava, mas a verdade é que não conseguia pensar em nada.
Algum tempo depois, a barra que indicava em que parte o texto estava começou a me incomodar, sumindo e reaparecendo como se dissesse um sarcástico "você não tem escapatória, Namjoon", e eu simplesmente fechei o objeto com alguma força.
Vamos lá. Eu cursava História da Arte. Eu sabia tudo sobre os quadros mais famosos, e até sobre um bom número dos não tão conhecidos. Sabia cada detalhe de cada pintura que passava pela galeria. Óleo sobre tela, 74 por 92 centímetros; pintada enquanto o artista lentamente enlouquecia tentando definir arte.
Certo, não havia motivos para estresse. A entrega seria em duas semanas, tempo era o que não faltava. Tudo bem que eu pretendia me adiantar para conseguir ter um resultado realmente bom – afinal, cinquenta por cento da nota do semestre inteiro definitivamente era alguma coisa -, mas sem problemas. Talvez se eu procurasse por uma definição em qualquer livro, ou lesse alguns artigos sobre o assunto...
Espera aí, não era pra ser tão difícil! É literalmente uma pergunta pessoal; tem que vir de mim e se eu já não tivesse bagagem de conhecimento o suficiente para responder sozinho, então esses três anos de curso não me valeram de nada.
O que é arte, Kim Namjoon?
Não estava nem perto de encontrar uma resposta quando mais um grupo de visitantes passou pela porta, e fui obrigado a deixar o questionamento de lado por um tempo. Não que eu estivesse ansioso para chegar a lugar algum novamente; só queria acabar logo com aquilo.
Saio de minha sala para o saguão principal com meu melhor sorriso, já buscando em minha mente a explicação decorada que eu usava para apresentar cada quadro.
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Arte
Fiksi PenggemarO que era pra ser um trabalho simples, torna-se a mais difícil das tarefas. Tudo o que Namjoon precisa fazer é escrever sobre o que é arte, mas se vê sem respostas. Até que um garoto desconhecido com um hábito estranho aparece na galeria onde ele t...