DEIXEI o apartamento de Hiago no mesmo dia em que fui contratado pela senhora Helena Mendonça, Cinthya, também, se mudou junto comigo, pois no fundo da lanchonete havia um quartinho que seria o suficiente para ela se estabelecer por alguns meses até conseguirmos alugar um flete para nós. Foi possível perceber que Hiago ficou chateado por estarmos partindo de sua casa, mas era necessário, não devíamos continuar a sufocar a privacidade dele e, ambos sabíamos que estar hospedado na casa de Hiago era algo provisório, devo ressaltar que ele era um ser humano incrível e como já tinha dito a Hiago, teríamos uma dívida eterna com ele, mas naquele momento não podíamos mais abusar de sua boa vontade.
Despedimos de nosso mais novo amigo e partimos para nossa jornada em busca do desconhecido, de conhecer o mundo de verdade e descobrir o que a terrível relva de pedra nos reservava. Assim que saímos da casa de Hiago nos dirigimos para lanchonete onde seria a mais nova residência de Cinthya, a ajudei com suas malas e, resolvemos mais alguns assuntos pendentes sobre como iriamos dar continuidade no negócio que meus pais haviam me deixado como herança. De imediato o lugar precisaria de uma boa reforma, mas não tínhamos financias suficiente para realizá-la, então iriamos adaptar e trabalhar com que tínhamos de palpável naquele momento, Cinthya cuidaria do atendimento e da cozinha, uma vez que ela aprendeu as principais receitas com a minha mãe, e eu cuidaria da administração e do financeiro, mas a minha parte seria resolvida externamente, pois não poderia estar presente todo o tempo, porque sabia que a senhora Mendonça encontraria uma maneira de ocupar muito bem o meu dia. Cinthya consentiu com a minha participação externa, sendo que não havia outro meio para eu ajudá-la, naquele dia organizamos toda a lanchonete para fornecê-la um ambiente mais despojado, porque precisávamos aumentar com urgência a clientela. No fundo sentia que iriamos conseguir sair do abismo que nos encontrávamos naquele momento, o sonho de meus pais sempre foi de tornar aquele lugar em um ambiente agradável e expandi-lo para outras partes da cidade, eles não conseguiram, mas eu irei realizar esse sonho deles. Finalmente este dia se findou, agora tinha que seguir para mansão dos Mendonça, estava com um pouco de medo, algo dentro de mim pedia para não ir, mas não tinha outra escolha, precisávamos do dinheiro e, não seria um emprego para sempre, apenas alguns meses, até conseguirmos o dinheiro para reforma da lanchonete e alugar um lugar para moramos. Despedi de minha amiga, ela como ótima que era me desejou boa sorte, tinha certeza que iria precisar, nos abraçamos e partir para meu destino.
No trajeto até a mansão dos Mendonça, fui mentalizando pensamentos positivos como meus pais sempre me ensinaram, pois, os pensamentos bons geram realizadas positivas. Após um longo percurso entre a lanchonete e o condomínio de luxo onde a família morava, cheguei ao meu destino, o táxi me deixou na entrada da mansão e uma das funcionárias veio me receber.
── Olá, você deve ser o Jonathan, disse ela.
── Oi, sim, sou eu. Neste momento tentava ser simpático para disfarçar a minha aflição.
── Estávamos ansiosos para conhecê-lo. Comentou ela me ajudando com as malas.
── Estávamos? A questionei educadamente.
── Sim, eu e todos os outros empregados da casa. Disse ela sorridente.
── Casa! Exclamei em voz alta.
── O que disse? Perguntou ela sem ter entendido minha ironia.
── É que você disse casa e, casa para mim é a que eu tinha, simples entende? Essa aqui está mais para um palácio.
── Com o tempo você acostuma. Respondeu ela com mais um sorriso.
── Me desculpe, mas como se chama?
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As Marcas do Tempo
Short StoryÁs vezes vivemos tentando esconder o que somos, ou nos vitimizamos diante as circunstâncias que a vida emprega em nosso caminho, porém, é preciso entender que o acaso surge para nos ensinar a tomar decisões importantes em nossas vidas. Esta história...