Mar de decepções

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Ele está sempre tentando seguir em frente. Deixando seu passado de lado.
Há quem diga que para alcançar o futuro é necessário agarrasse ao antigo, mas não para ele. O significado de passado para o rapaz poderia ser facilmente substituído por desgraça. E então como alcançar o futuro se o seu passado não te leva a nada a não ser um mar infinito de sensações ruins?
Era essa a questão que o garoto fazia na frente do espelho de seu banheiro. O jovem terminou de lavar o rosto, vestiu-se e saiu andando pela praia que fazia o limite entre a água salgada e amarga e a terra infértil e quase inútil.
O rapaz decidiu parar ali e olhar o horizonte, pois nas suas costas não existia mais nada do que sua casa e ele já estava cansado de sua rotina desprezível.
A pausa feita foi o suficiente para ele tomar um rumo, uma decisão que realmente mudaria tudo ou nada. Se onde ele estava não possuía nada além de sua casa, se o horizonte também não possuir nada, ele não sairá perdendo. Iria morrer sozinho de qualquer forma.
E em uma pequena corrida, ele foi para o seu barco de esperança e o empurrou até as águas uniformes da tristeza. Quando foi o suficiente, entrou, pegando nos dois remos de determinação. Era o suficiente para remar contra a maré densa e alta.
Ele foi seguindo tranquilamente, mesmo cercado de tristeza, sua confiança naquele barco o mantinha firme em meio a qualquer perigo eminente, bem, era o pensamento dele.
Após se cansar daquela atividade braçal, o rapaz resolveu descansar e deitar, apreciando a vista do céu. Porém isto lhe fez esquecer de onde estava e quando o mar se agitou, o rapaz foi pego de surpresa em um turbilhão escuro que ele achou que não cairia. Seu barco balançou de todas as formas, foi levado de um lado para o outro conforme aquela água triste e funda quisesse. E ele se sentindo desconfortável e com medo, acabou perdendo seus remos, a determinação que ele havia ganhado agora estava sendo levada pelo medo imposto pela tristeza. E como a esperança é algo forte, ele se segurou naquele barquinho, conseguindo resistir uma boa parte. Mas isso não o impediu de cair nas águas, se debater por dentro delas e suplicar para que vivesse mais uma vez. Seus braços tentavam alcançar o vazio do ar como se estivesse agarrando a sua vida e bom, era algo literal.
A tempestade não havia terminado, mas amenizou e o que era um jovem com vontade e esperança, se transformou em uma imagem de completo arrependimento.

Pensamentos e sentimentos não tão lúcidosOnde histórias criam vida. Descubra agora