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"Estava te procurando" Tom diz me parando no caminho de volta a sala. Internamente eu peço aos céus para que Harry não apareça atrás de mim. Não seria fácil explicar que só estavamos conversando.

O som de uma banda instrumental nos chama a atenção, e caminhamos até o centro do grande salão. As luzes diminuiram e então o lugar parecia ainda mais lotado. Consigo ver pessoas por todos os lugares, desde onde estamos até os andares de cima.

"Quanta extravagância" Tom comenta ao meu lado. Olho para ele, que dá de ombros voltando a assistir a banda.

Após alguns minutos, Harry se junta à banda e o barulho do lugar se intensifica. Há gritos e assobios, se torna quase ensurdecedor. Harry se inclina levemente em agradecimento. Meus olhos acompanham cada movimento seu.

"Boa noite à todos" Harry diz por cima dos gritos. "Sejam todos bem vindos" mais gritos.

Ao meu lado Tom murmura algo, mas é impossível entender com todo o barulho.

"Eu estou extremamente grato pela presença de todos e muito feliz também. Estar aqui com todos vocês, dividindo essa nova parte de minha vida, contando um pouco mais do que sou, é muito importante. Então, muito obrigado!" Harry finaliza e todos aplaudem. "Que comece o show"

Ao dizer isso a banda ganha vida. Um ritmo gostoso, admito, nos prepara para a voz suave do Harry logo em seguida. Harry tem uma voz rouca e forte naturalmente, mas a forma como está cantando agora hipnotiza qualquer pessoa que o escute. Ele fecha os olhos em determinados momentos, em determinados trechos, fazendo qualquer um se prender à essa cena. Quando a música termina, Harry passa a língua entre os lábios, antes de abrir os olhos e agradecer à todos. Mais uma onda de aplausos atinge o lugar, antes da próxima música.

Me pego batendo palmas, assim como todos, ao ritmo da música. É uma música lenta, e tem uma pegada daqueles rock antigo. Eu gostei dessa, mas então o Harry começa a cantar e a letra que escuto me faz parar no mesmo lugar.

"Sou egoísta, eu sei
Mas não quero mais ver você com ele
Sou egoísta, eu sei
Eu te disse, mas sei que você nunca escuta"

Olho para o Harry lá no centro, seus olhos antes fechados, agora presos aos meus. Nem sabia que ele conseguia me ver de onde estou, mas ele me olha enquanto canta cada palavra, e um frio estranho sobe por minha espinha.

"Espero que você possa entender o estado em que fico
Enquanto ele está tocando sua pele
Ele está exatamente onde eu deveria estar, onde eu deveria estar
Mas você está me fazendo sangrar"

À essa altura meu coração está batendo loucamente em meu peito. Essas palavras não podem ser apenas coincidência. Sou a primeira a desviar o olhar. Cada palavra que sai de sua boca, seu olhar em mim durante cada minuto cantado, Harry está deixando claro o seu recado para todos que quiserem ver. Me sinto envergonhada em olhar para o Tom, mas ainda assim o faço, encontrando sua expressão séria, o maxilar tensionado. Me sinto mal por ele, o Tom não merece passar por isso. Volto a olhar para o Harry, que agora canta com os olhos fechados.

"Tentado, você sabe
Desculpas nunca vão consertar isso
Eu sou vazio, eu sei
E promessas são desfeitas como pontos em uma ferida"

Tom aperta seus braços em minha cintura, minhas mãos vão até as suas automaticamente. A música vai terminando e Harry abre os olhos. Ele canta a última parte com os olhos presos ao meus. Então se volta para a multidão qu enlouquece novamente.

Solto um longo suspiro, nem sabia que estava prendendo. Um silêncio se instala antes que comece a próxima canção. Harry se apoia em um banquinho colocado para ele, então a música começa. Mais calma, com somente o som do violão o acompanhando, ele começa a cantar.

"Acordei sozinho neste quarto de hotel
Brinquei comigo mesmo, onde você estava?
Voltei a dormir, fiquei bêbado ao meio-dia
Nunca me senti menos descolado
Não nos falamos desde que você foi embora
O silêncio confortável é tão superestimado
Por que você nunca é a primeira a ceder?
A propósito, até meu telefone sente falta das suas ligações"

Suas palavras me levam à uma viajem no tempo. Ao dia em que tudo desmoronou entre nós. Ao dia em que disse adeus ao Harry, ao dia em que meu coração foi despedaçado bem à minha frente. Sinto meus olhos pinicarem e pisco rapidamente para afastar a sensação que sei estar se aproximando. Encaro o Harry sem conseguir desviar. Ele não abriu os olhos em nenhum momento. Sua expressão quase me faz acreditar que ele também está sentindo o mesmo que eu, mas foi ele quem destruiu tudo entre nós.

"Talvez um dia você me ligue
E me diga que você também sente muito
Mas você, você nunca liga"

Ele vai terminando lentamente a canção. Seus olhos se abrem e olham para onde estou, antes de desviar para o público. Isso tudo está sendo demais pra mim. Sinto meu coração apertar a cada canção. Cada palavra batendo em mim, me torturando lentamente.
Eu havia me acostumado com a sua volta, conseguia fingir que ele não me atingia mais. Estar aqui, ouvindo seu coração sendo aberto para todos, sendo que nós dois sabemos o real significado de cada palavra, está me destruindo, exatamente como fez à três anos atrás.

Quando sinto a primeira lágrima escorrer por meu rosto, eu forço as minhas pernas a se afastarem. Eu já ouvi demais por uma noite. Eu conheço cada sensação que essas canções querem transmitir. Embora todos aqui presentes nem imaginem ao que se refere, eu conheço de perto a dor pronunciada por cada palavra que sai dos lábios do Harry. Me sinto sufocada e cada lágrima parece querer me afogar mais e mais. Eu havia bloqueado meus ouvidos em uma tentativa falha pra não me deixar levar por essa noite. Mas como bloquear o coração, quando ele mesmo não obedece?

Então eu saio para a noite fria. Sem me importar se o Tom me seguiu, eu só corro pra longe. As lágrimas sendo levadas com o vento que me atinge e me acompanha.

"Precisa de um carro, senhora?"

Não consigo nem olhar para a voz que me aborda, me parando. Só aceno concordando e um carro para à minha frente. As portas se abrem, e eu entro. Murmuro meu endereço ao motorista que me olha pelo retrovisor.

"Mas antes, pode só dirigir um pouco? Ainda não estou pronta pra ir pra casa" falo.

"Como quiser, senhora".

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Oooooooooiiiii
Tudo bom? Espero que sim! Haha ❤
Mais um capítulo pra vocês e espero do fundo do meu coração que gostem, assim como eu amei escreve-lo.

Boa leitura ❤

Ever Since New YorkOnde histórias criam vida. Descubra agora