The Beginning

12.1K 746 218
                                    

Meu pai é um troglodita. Sei que isso é muito forte de se dizer de um pai, mas ele é. Acabou de bater em minha mãe sem motivo algum e eu fiquei lá parado, todo vermelho, sem poder fazer nada porque só em estar em sua presença eu começo a suar frio de tanto medo. A pressão psicológica é tão forte aqui em casa que as vezes ficamos o dia todo sem fazer um barulho sequer, com medo de sua reação.

Desde que me entendo por gente, as coisas aqui em casa são assim. Meu pai super agressivo e minha mãe super complacente. Ele se justifica dizendo que tudo isso não aconteceria se minha mãe fizesse as coisas do jeito que ele manda. Se eu fizesse as coisas do jeito que ele manda. Se a "porra" do mundo fizesse as coisas do jeito dele, tudo daria certo. Nessas horas eu só penso que eu não deveria ter nascido, mas me arrependo depois porque minha mãe ficaria ainda mais sozinha com ele e ela não merece isso.

Minha mãe. Não tenho palavras pra descrevê-la. Uma pessoa super doce, compreensiva, amiga e além de tudo muito legal. Isso quando meu pai não está em casa. Quando ele chega, se transforma em uma escrava pra satisfazer as vontades e desejos cada vez mais extravagantes daquele homem. Quantas vezes eu já tentei fazer a cabeça dela pra gente ir embora daqui, mas ela está decidida. Só iremos embora quando eu tiver dinheiro e maturidade suficiente para nos sustentar.

É um saco ter essa carga nas suas costas, ainda mais quando você está no último ano da escola e nem sabe o que quer fazer da vida ainda. Ainda bem que minha vida social é um desastre, então assim posso me dedicar mais aos estudos.

Existe um contraponto muito forte entre minha vida social/familiar e meus estudos. Enquanto minha timidez não deixa eu me relacionar com praticamente ninguém me fazendo um 0 à esquerda, minhas notas são as maiores dos alunos do último ano (geralmente 10) e sempre fico em primeiro lugar no ranking geral. Algo de bom eu tinha q fazer né?

Falando nisso, meu celular desperta pela terceira vez me dizendo que está na hora de sair de casa. Não gosto de deixar minha mãe sozinha com ele, mas até achar uma solução definitiva pra tudo que vem acontecendo aqui em casa, eu não posso fazer nada.

Saio correndo então, porque sei que estou atrasado pra aula e do jeito que sou tapado vou acabar levando bronca do professor e todos vão rir de mim fazendo com que minha vida fique ainda melhor do que já é.

Chego no portão da escola todo esbaforido e quando entro no corredor da minha sala, vejo o professor bem perto de entrar. Corro como se não houvesse amanhã e entro primeiro que ele na sala, dando graças a Deus por ter conseguido. Quando olho pra sala, vejo a Park Bo Young (minha melhor e única amiga) acenando pra o lugar vazio ao seu lado.

A Park Bo é uma garota linda, divertida e sua timidez deixa ela muito fofa. Nos conhecemos há 6 anos já que estávamos matriculados em praticamente todas as matérias juntos e no nosso primeiro trabalho em dupla no laboratório de química, fizemos uma amizade tão forte que não consigo me ver sem ela. Nossos pais se conheceram através da gente e também engataram uma amizade (eles não sabem das coisas que meu pai faz, porque ele fora de casa parece um santo).

Então dei um sorriso tímido e me dirigi para onde ela estava. Pena que o sorriso não durou nem 5 segundos porque num momento eu estava andando e no outro estava estatelado no chão com a sala toda ovacionando minha queda. Tudo isso porque o idiota do Taehyung tinha colocado o pé no caminho de propósito. Me olhou com uma cara cínica e me pediu desculpas, mesmo gargalhando igual a todo mundo.

Me levantei morto pela vergonha e se já andava com a cabeça um pouco baixa por conta da minha timidez, agora estava parecendo um avestruz procurando um buraco pra enfiar de vez a cabeça e não sair mais.

- Você está bem? - Park Bo me perguntou parecendo preocupada.

- Tô! - Respondi seco, já que a vergonha estava corroendo meu juízo.

Heal me! >>Jikook<<Onde histórias criam vida. Descubra agora