Patamar Winchester

Assassinatos, adolescentes e hormônios

    Diana acorda assustada. Mais um pesadelo, o mesmo de sempre. Ela confere seu celular para ver as horas e não se surpreende quando o visor marca duas da manhã. Vestindo um casaco, pegando as chaves do carro e o celular, a garota deixa a poltrona decadente em que dormiu e vai em direção a porta para pegar um ar e distrair a cabeça. A brisa fria da madrugada a abraçava e fazia questão de se manter presente até ela entrar em seu fusca. Conectou o aparelho no cabo auxiliar do rádio e colocou em modo aleatório a playlist calma que havia feito exatamente para essa situação.

    Os pesadelos eram algo comum para loira a esse ponto do campeonato. Começaram quando ela tinha dezesseis anos e desde então nunca a deixaram em paz. Como consequência, ela evitava dormir e, se o fazia, seus olhos se permitiam fechar por pouquíssimo tempo.

    Abrindo a porta do carro, Diana contorna a parte lateral e senta-se no capô para observar as estrelas. Ficava pensando se o que sua mãe havia dito antes de morrer era verdade. As vezes ela criava historias para algumas, quem eram na vida passada antes de cruzar o fino véu da vida. Até encontrou uma que era perfeita para a sua mãe. A mais brilhante. E toda a noite desde que os sonhos começaram, a garota tenta encontrar a bola de fogo mais intensa queimando a anos luz de distância, como uma forma de se concentrar e ficar mais perto do amor da mulher que a deixou.

    Seus pensamentos são interrompidos por um arranhar de garganta e uma mão em seu ombro, seus reflexos de correr ou lutar definitivamente decidem a última opção e levam quem quer que seja para o chão, pronto para ter o braço fraturado.
"Calma! Sou eu, Dean", o loiro fala com um leve traço de dor em sua voz. Assim que percebe quem é, Diana solta o garoto e oferece a mão como sinal de paz.
"Desculpa. Me pegou desprevenida. Eu te acordei?" claramente envergonhada por quase ter quebrado o braço do Winchester mais velho a loira o ajuda a levantar evitando contato direto com seus olhos.

    "Não. Não fechei o olho à noite inteira. Não consegue dormir também?" Diana percebe que o garoto apesar de fazer a pergunta de maneira retórica, ele realmente se importava.
"É. Peguei no sono por algumas horas fazendo pesquisas mas os fantasmas do passado resolveram me visitar" a partir dali, a conversa durou mais algumas horas. Falaram sobre tudo e todos. Diana contou como foi sua primeira caçada e Dean revelou alguns segredinhos sujos sobre Sam e Bobby, o tom leve e confortável entre os dois fazia à noite perfeita para fogueiras e marshmallows caso os tivessem por perto.

    Perguntas pessoais, histórias, primeiros amores e o que eles mais odeiam foram pautas da distração em que eles se colocaram para evitar o sono e isso os fez mais próximos do que antes. Não eram mais estranhos, apenas duas pessoas com um grandíssimo amor por tortas e rock clássico.

    Os raios de sol iam de encontro com a pele de Dean fazendo-o acordar com o começo do novo dia. Muitas coisas foram discutidas na madrugada mas nenhuma parecia suficiente para explicar ao loiro como ele havia terminado com a loira em seus braços dormindo serenamente em cima do fusca que ainda tocava a playlist calma no rádio. A garota começa a se mexer indicando seu despertar, esfregando seus olhos e levantando para observar as cores alaranjadas e avermelhadas do nascer do sol e só então perceber qual era a situação em que os dois se encontravam.

    "Que horas são?" Diana olha para o loiro ao seu lado ainda encostado no vidro do carro tentando ajustar seus olhos a claridade.

    "Provavelmente umas seis da manhã" A garota retorna a noite anterior procurando juntar as peças e entender como havia dormido abraçada ao mais velho, suas linhas de raciocínio são  interrompidas antes que a memória tão desejada venha em sua mente. "Sonhou com alguma coisa?".

    Agora que o garoto tinha mencionado, a estranha sensação de ter dormido sem perturbações, mesmo que em um lugar um tanto improvisado e longe da ideia de conforto, preenche seu corpo. Pelo o que lembra da noite anterior, Dean também lidava com pesadelos constantes. "Não. Você-".