Moradores de Rua
A árvore, a calçada e a ponte,todos os cantinhos da rua foram feitos de morada
Não importa mais quais são as horas, os meses, se é dia ou madrugada
Os olhares de rejeição das pessoas, as palavras e o andar acelerado
Para os moradores de rua, já virou costume parecer não ter significado
A sujeira já é sua aliada, as esquinas e os cantinhos se tornam a sua casa
O chão acolhe, o sol alimenta e as pessoas maltratam e denigrem a imagem de um ser humano
As mãos estendidas parecem não ter mais forças para se abrir e a voz só quer clamar por ajuda
O termo moradores de rua, deveria ser substituído por lutadores pela vida na rua
Se a família não acolhe por diversos motivos
A rua abraça como se fosse um filho
Na chuva o corpo esfria e o coração sofre
No sol, os olhos brilham mais ainda e o calor consome o ser
No fim da noite, a rua tem a companhia de moradores de rua
A lua, as estrelas e Deus a proteger, pois o que eles mais querem é um novo dia para viver
As lagrimas não são mais visíveis
Os corpos deitados sobre o chão, poucos conseguem visualizar
A ignorância, desamor e insensibilidade não podem nos contaminar
Crianças, idosos, mulheres e homens na mesma situação
Com uma higiene precária, sem contar a alimentação
Muitos moradores não sabem o seu nome, sua idade e nem onde estão a sua família
Acusados de crimes que nem cometeram
Os indivíduos que mais roubam não estão na rua desalentados e sim no plenário em Brasília
São denominados malucos, doentes e ladrões
Discriminados, marginalizados, sem voz e vez
Até quando olharemos o outro com desprezo?
Eles estão abandonados por tudo e todos
Onde os gritos são silenciados, vivendo a clamar por socorro.