Capítulo 3

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Brigida

Cautelosamente caminhamos pelas sombras, próximo a água e em meio aos detritos que a maré trouxe, procuramos por qualquer sinal que possa nos indicar se houve algum embarque recente. Espalhamo-nos para cobrir uma área maior, mas pelas expressões dos meus companheiros entendo que eles estão tendo a mesma dificuldade que eu. Há muitas pedras, lixo espalhado, marcas aleatórias de animais e pessoas. Os rastros estão indefinidos.

Otto levanta a cabeça balançando-a negativamente, ele é um dos melhores rastreadores que temos no Clã, perdendo apenas para Liam, Owen e Brandon.

Brandon consegue transformar o rastreamento em uma arte matemática, observá-lo trabalhar é algo inspirador.

Droga! Tenho que parar de pensar nele, bloquear, eliminar toda e qualquer memória ou referência sobre ele. – mentalmente me recrimino - Ele não é inspirador, é um babaca egocêntrico.

Observo Otto trabalhar, seus movimentos fluidos e a força que seu corpo transmite é... interessante. Interessante é uma descrição insuficiente, a quem eu quero enganar? Ele é sensual, sexy...

Suspirando e volto a avaliar o terreno. Devo estar muito carente para considerar Otto sexy, não que ele não seja, mas, ele é meu melhor amigo. Não consideramos nossos amigos sexualmente atrativos, ou podemos considerar?

Esfrego meus dedos na testa, estamos no meio de uma interceptação e eu aqui pensando em homens lindos e irresistíveis.

- Brandon não é lindo, é um narcisista medíocre. – me policio. Em minha mente chuto minha bunda até o Texas.

Três assobios imitando o pio de um falcão são emitidos por Derek, o sinal indica que precisamos ficar de prontidão. Rapidamente nos escondemos atrás de restos de blocos de concreto e entre a vegetação próxima a orla. Olhando para a direção em que Derek apontou percebo as luzes dos faróis de dois carros se aproximando. Encolho-me o máximo que posso atrás do bloco onde me escondi e aguardo.

O som das ondas e da água batendo nas pedras, o vento frio balançando as copas das árvores e os sutis ruídos feitos pelos animais noturnos seriam hipnotizantes e tranquilizadores se não fosse pela situação perigosa em que nos encontramos.

Os barulhos dos motores indicam que um caminhão e provavelmente um SUV estão vindo em nossa direção. Olho para Otto que assente discretamente, nossa carga está chegando, Derek e Berserkr retrocedem completamente para dentro das sombras, é impossível vê-los agora.

Os veículos param a uns seis metros de mim, posso sentir o cheiro de borracha queimada e do diesel que vem do caminhão baú, o SUV preto estaciona logo atrás. Por alguns minutos ninguém se mexe, os veículos permanecem fechados e o tempo parece parar. Esperamos, assim como eles.

As portas do motorista e do passageiro do SUV abrem e dois homens absurdamente musculosos e mal encarados saem, seus olhos frios esquadrinham a área procurando por alguma ameaça. Vejo que um deles segura uma Glock³ e o outro possui uma arma de longo alcance pendurada a sua frente. Acredito que eles devam ter outros tipos de armas escondidas sob as roupas. Farejo o ar, o cheiro do suor, pólvora e cigarro indicam que são humanos.

Outro macho humano, mais baixo e magro do que os outros dois, desce do caminhão e caminha em direção a "Tora e o Cérebro", apelidei-os assim por falta de uma opção melhor.

- Trouxeram o meu dinheiro? – o homenzinho parece alterado ao perguntar, os olhos estão dilatados e inquietos, a expressão ávida que apresenta chega a ser nojenta. Enquanto fala esfrega as mãos tatuadas e nodosas, de onde estou posso ver uma "espuminha" no canto da sua boca que ele recolhe com a ponta da língua.

Rastro - Clã Mac Mactíre - Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora