21. Mercy

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Marta (Narr.)

21 janeiro. Hoje vivi pela primeira vez o caos das urgências, o verdadeiro pandemónio. Achei mesmo que eu própria ia adoecer naquele meio. Só queria chegar a casa e deitar-me nos braços do Shawn.
Para minha surpresa encontrei o seu telemóvel pousado na mesa com um bilhete: "Fiquei sem bateria. Fui sair com a Winnie, ela chegou hoje à cidade. Não sei a que horas volto. Beijos"
A única Winnie que "conheço" é a Harlow e sinceramente ela nunca me inspirou muita confiança, mas para o Shawn ser amigo dela é porque ela tem algo de bom.
Limitei-me a ir para cama depois de comer uns cereais. Li um bocado antes de me deixar absorver pelo sono.

22 de janeiro. Mais um dia cheio, mais cansaço acumulado. Ontem nem me apercebi dele chegar mas hoje estava ao meu lado quando acordei.
Assim que entrei pela casa senti um cheirinho maravilhoso que me despertou o apetite. Dei-lhe um beijo e espreitei a obra de arte.

- Gostas de risoto, certo? - ele pergunta
- Sim, claro! Ia tomar um banho antes de jantar mas agora deu-me fome
- Ainda bem! Até porque depois vou sair - ele anuncia sem acrescentar mais nada
- Hm okay - respondo seco e sento-me na mesa
- Com a Winnie novamente . - ele acrescenta enquanto me serve - Já não a via há imenso tempo e ela vai estar poucos dias por cá
- É de aproveitar- tentei afirmar mas temo que a ironia se tenha feito notar
- Ficas bem à noite?
- Claro, Shawn

A refeição foi feita praticamente em silêncio visto que me limitei a responder "sim/não" às questões que ele me fazia. Estou cansada e esta Winnie está a apoderar-se do meu lado ciumento que tanto tento esconder.
Assim que terminei pus a minha loiça na máquina e fui tomar banho para não dar oportunidade ao Shawn de se despedir. Pouco depois ouço um bater na porta da casa de banho e ele diz um breve "Já vou". A porta da entrada bate com força. Suspiro e aumento a temperatura da água, algo tem de substituir o calor que ele não me dá.

Shawn (Narr.)

Esta noite consegui chegar mais cedo, até porque não gosto nada que a Marta fique tanto tempo sozinha em casa. Já notei que a Winnie a incomoda de alguma forma, só queria saber porquê.
Juntei-me a ela na cama e aconcheguei-a como sempre nos meus braços. Ela virou as costas para mim mas sem sair do meu aperto. Até o seu inconsciente sabe que ela quer discutir algo comigo.

...

Quando acordo ela nunca está ao meu lado, a cama já está fria mas ainda se sente o cheiro de café pela casa e o seu perfume flutua no ar. Contudo nada dela. Fica só a sua marca, (quase) todos os dias.

...

Estava a ver um jogo dos Raptors quando a porta da entrada soa e os seus passos se fazem ouvir. Ela pousa os sacos no cadeirão e junta-se a mim no sofá, a uma distância maior que o costume. Ela recosta-se e suspira.

- Estás bem? - pergunto
- Cansada. Algumas dores de costas.
- Hm até te fazia uma massagem mas vou ter com a Winnie daqui a bocado - decido gozar com ela
- Vais? - ela questiona num tom mais assertivo
- E se for? - desafio
- Tudo bem Shawn. - ela diz e ia levantar-se mas impeço-a e sento-me mais junto a ela
- Tudo bem mesmo? - insisto aproximando os nossos olhares
- Shawn, o que queres que te diga?
- A verdade - peço
- Hm muito bem. Se estou chateada? Não. Se me incomoda? Sim. Se estou triste? Sim, mas sobretudo cansada. Cansada de chegar a casa e querer estar contigo e tu não estares nem aí, só para ir ter com ela. Depois daquele filme sei lá se não ficaste a desejar novas experiências -ela atira finalmente
- Achas mesmo que eu te traíria?
- Shawn, eu não estou a dizer que me trairias, mas tu dirias-me se deixasses de me amar? - ela engole em seco - se te cansasses de mim? Porque é o que parece
- Marta.. isso não vai acontecer e eu não me cansaria de ti, nunca
- Shawn, se acontecer, tu dizes-me certo? - ela mostra-se insegura deixando-me confuso por não ser típico dela
- Eu nunca te magoaria. Serei sempre honesto contigo - envolvo os meus braços nos seus ombros - Mas isso não vai acontecer - afirmo e pego no seu queixo elevando-o para ela me olhar - okay?
- Hm - ela assente e beijo-a

Sinto um sabor salgado nos seus lábios e noto as suas lágrimas.

- Marta? - questiono
- Estou só cansada Shawn - ela encolhe os ombros e limpa o rosto - Vai lá ter com ela
- Eu não vou ter com ela. Foi só para te provocar - confesso e ela revira o olhar ainda triste - Hoje sou teu. Hoje e sempre - afirmo e recebo um mini sorriso
- É bom que sim
- Vou provar-te que sim - digo e junto os nossos lábios

Envolvemos as nossas línguas e quando ela intensificou o beijo senti-me fraquejar e agarrei a cintura dela. Fui-nos deitando no sofá ficando sobre ela. Puxo-lhe a blusa ligeiramente para cima, acaraciando a zona das costelas.. um gemido soa quando as minhas mãos chegam aos peitos dela

Marta (Narr.)

Ele faz-me esquecer tudo, até o meu cansaço. Ele retira-me a camisola de vez e não perdeu tempo em tirar o sutiã e apalpar os meus seios por inteiro, contornando os meus mamilos com a língua. O seu olhar está preso na minha expressão e isso deixa-me ainda mais excitada, a querer mais. Como se ele me lesse os pensamentos chupou-me os mamilos descontroladamente, como se provasse cada bocadinho de mim e levasse a minha alma também. Estou perdida nos movimentos dele . As mãos dele descem pelas minhas costelas até à beira das minhas calças. Antes de deixar que ele me as tire, tiro a sua camisola.
Com as minhas calças fora, segura as minhas pernas deixando beijos dos meus pés até às minhas cuecas, onde parou e desviando-as introduz dois dedos em mim..
- Shawn - gemo e ele aumenta a velocidade

Quando estava próxima do meu êxtase ele retira os dedos, nem me dá tempo para reclamar, apoderando-se do meu clitóris com a língua. Sinto-me a explodir e ele ainda junta um dedo à equação.
-Marta, relaxa comigo -ele geme e contorço-me na lingua dele
- Shawn...-gemo alto e deixo-me vir possuída pela boca dele

Ele junta os nossos lábios fazendo-me sentir o meu sabor.

Shawn (Narr.)
O olhar dela está escuro, coberto de luxúria e desejo. Aposto que ela vê o mesmo em mim e o meu membro ereto não deixa enganar ninguém. Retiro as minhas calças e os boxers e roço-me nela. Ambos gememos. Subo as pernas dela para os meus ombros e ela apoia os braços no meu pescoço.
Penetro-a lenta e gradualmente. As suas mãos alcançam o meu cabelo, apertando-o entre os dedos. Aumento a velocidade em estocadas mais fortes. Os nossos olhares cruzam-se e como sempre o coração explode, assim como os nossos sexos. Juntos chegamos ao clímax final, os nossos corpos juntos, grudados, suados. Um gemido brutal sai de nós e abraço-a.
As nossas respirações tentam recompor-se.

- A cada vez estamos melhor ou é impressão minha?!
- Imagina a próxima vez então - ela responde atrevida e sorrio-lhe

Little Bird

Roses (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora