Minha cabeça girava enquanto eu ouvia o tik tak irritante do relógio, hoje, como ontem, também não está sendo um bom dia, só que dessa vez pior, as coisas em casa não estão indo nada bem, e agora estou presa na sala de aula, é filosofia, o professor Marcel é simplesmente um sonífero ambulante de tão tedioso, mesmo ouvindo todas as palavras que ele falava irritantemente devagar eu não conseguia compreender nada, na verdade eu nem estava tentando, minha cabeça está tão cheia que a única coisa que estava prestando atenção era nos minutos que faltavam para acabar.
Se ao menos Esther estivesse aqui poderia amenizar as coisas, mas ela não faz essa aula, no mesmo momento que estava pensando nela por coincidência ela me manda uma mensagem, olho discretamente para tela do celular, e leio a mensagem.
Quando terminar a aula vem direto para o pátio, eu preciso muito falar com você, por favor!!!
Franzo a testa com preocupação, Esther era um pouco exagerada as vezes mas isso parece ser sério.
Quando o sinal finalmente tocou eu sai da sala praticamente correndo em direção ao pátio, a encontrei sentada no banco que ficava mais afastado dos outros, ela estava cabisbaixa, isso logo me causou estranheza, acelerei meu passo e parei em sua frente, ela olhou para cima, seus olhos estavam brilhando por causa de lágrimas? ela nunca chorava e agora parecia que as lágrimas que se formavam veemente no quanto dos seus olhos iriam transbordar.
— o que aconteceu? - eu pergunto preocupada.
Minha pergunta pareceu que a fez se desmanchar, Esther colocou a mão na boca para estrangular o choro, diversas lágrimas escorreram pelo seu rosto, vendo ela dessa forma fez com que qualquer coisa que eu estivesse sentindo antes evaporar do meu corpo colocando no lugar preocupação e de uma necessidade enorme de consertar o que quer que tenha acontecido.
Me sento rapidamente do seu lado e coloco meu braço ao seu redor e eu a abraço fortemente, com a minha mão livre tiro sua mão de seu rosto e a seguro firmemente, ela encosta a cabeça no meu ombro e eu a deixo extravasar.
Acaricio seu ombro enquanto repetia que tudo ficaria bem, em uma tentativa de acalmá-la, e funcionou com o tempo sua respiração foi se amenizando, ela desencostou a cabeça do meu ombro e olhou seu reflexo no celular.
— eu realmente não fico nada bem chorando. - Esther diz enquanto enxuga de seu rosto suas lágrimas.
Um pequeno sorriso puxa nos cantos da minha boca, mas é mais por preocupação do que qualquer outra coisa.
— o que aconteceu? - eu pergunto de novo, apoiando minha mão em seu ombro, ela me olha e respira pesadamente.
— é meus pais, flor, eles vão ser deportados. - ela fala criando novas lágrimas em seus olhos.
— o que? como isso aconteceu? - eu perguntei extasiada.
— Meu irmão ficou doente, as coisas ficaram muito ruins, e tivemos que levá-lo ao hospital, e lá levantaram a ficha dos meus pais, você sabe que eles são ilegais, não é? - eu concordo tristemente e ela continua. — descobriram isso e denunciaram. - ela solta ar como se estivesse tentando evitar o choro. — eu não sei o que fazer flor.
— ei - me viro para ela. — vai ficar tudo bem. - falo e volto a abraçá-la. — eu não sei como, mas vou ajudar você no que eu puder, sempre.
— não a como me ajudar, mas eu só precisava de um abraço, obrigada - Esther fala com um sorriso fraco.
— não precisa me agradecer.
— preciso sim, não só por isso, por tudo. - ela fala como se estivesse se despedindo.
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Eu Não Quero Querer Você.
Teen FictionFlorencia e Victor se conhecem em uma situação não tão boa na escola. Vivem em uma cidade não muito convidativa, e Victor é filho do homem que um dia foi temido por muitos, Florencia sabe que não deve se envolver com ele, mas não é tão fácil assim...