Apostila 04
Estudo da Antropologia
Dividida em 07 partes do estudo da Teologia sobre A LIBERDADE HUMANA
Parte I
Estudo da Antropologia – divido em 61 paginas.
Quando estudamos a doutrina do Homem, torna-se inevitável enfrentarmos a questão da liberdade. Os teólogos reformados, os chamados calvinistas, têm sido criticados como alguém que não crê que o homem seja livre. Isto não é verdade, e os membros da IPO que têm acompanhados os últimos estudos, já perceberam isso. Nós cremos que o homem tem liberdade sim, mas a questão que precisamos definir muito bem é: O que é ser livre? O que entendemos por liberdade?
Muita confusão já tem sido criada em torno do termo "livre", e isto porque ele pode ser visto em vários sentidos.
A maioria dos nossos irmão na fé diz acreditar no "Livre Arbítrio" Contudo, a maioria não tem a menor idéia do que isto significa.
A vontade, faculdade que todo homem tem, tem sido exaltada como a fantástica capacidade que a alma tem para discutir sobre coisas, fatos da vida.
Mas as pessoas estão dizendo que o arbítrio (vontade) é livre, precisamos perguntar: De que a vontade é livre? De que ela é capaz?
Para provar que arbítrio (vontade) não é livre lanço mão de 2 proposições:
O Mito da Liberdade Circunstancial:
A vontade pode ser livre para planejar, mas não para executar. Quando se diz que a vontade é livre, obviamente não quer dizer que ela determina o curso da nossa vida.
Não escolhemos doença. pobreza ou dor; Não escolhemos nossa condição social, nossa cor, ou nossa inteligência.
Ninguém pode negar que o homem tem vontade, e que esta faculdade de escolher o que dizer, fazer, pensar, etc. ... tem nos frustrado bastante. Pensando em nossa liberdade circunstancial, podemos projetar um curso de ação, mas não podemos realizar o intento. Em outras palavras, nossa vontade tem a capacidade de tomar uma decisão, mas não o poder de realizar seu propósito. ( PV 16:9; Jr 10:23; Lc 12:18-21)
Sim. O homem pode escolher e planejar o que tiver vontade. Mas a sua vontade não é livre para realizar nada contrário à vontade de Deus.
O Mito da Liberdade Ética:
Diz-se que a vontade do homem é livre para decidir entre o bem e o mal. Mas é livre do que? É livre para escolher o que?
A vontade do homem é a sua capacidade de escolher entre alternativas. A sua vontade, de fato, decide qual a sua ação entre um certo número de opções.
Nenhum homem é compelido a agir contrário à sua vontade, nem forçado a dizer aquilo que não quer. Sua decisões não são formadas por uma força externa, mas por forças internas.
A vontade toma decisões, e estas decisões tomadas não estão livres de influências. O homem escolhe com base nos sentimentos, gostos, entendimentos, anseios, etc. Em outras palavras, a vontade não é livre do homem mesmo. Suas escolhas são feitas pelo seu próprio caráter. Sua vontade não é independente de sua natureza.
A vontade é inclinada àquilo que você sente, ama, deseja e conhece. Você sempre escolhe com base em sua disposição; de acordo com a condição do seu coração.
A Bíblia diz que nossa vontade não é livre, ao contrário, ela é escrava do coração - ( Gn 6:5; Rm 3:12; Jr 13:23 ).
A capacidade de escolha do coração do homem é livre para escolher qualquer coisa que o coração ditar; assim, não existe qualquer possibilidade de um homem escolher agradar a Deus sem que haja a prévia operação da Graça Divina. Note o texto bíblico: "Nós O amamos porque Ele nos amou primeiro" I Jo 4:19
Se carne fresca e salada de tomate fossem colocadas diante de uma leão faminto, ele escolheria a carne. É a natureza que dita sua escolha ( Jr. 13:33 )
Por isto não existe livre arbítrio. O arbítrio humano, assim como toda a natureza humana, é inclinado só e continuamente para o mal. (Jr 13:23).
Não existe livre arbítrio a menos que Deus mude o coração e crie um novo coração em submissão e verdade, o homem não pode decidir por Jesus para Ter a vida a vida eterna. ( Jo 3:7; Ez 11:19; 36:26; Atos 16:14 ).
A vontade não é livre. Pelo contrário, ela é escrava, escrava do coração pervertido; escrava da natureza ( Jr. 17:9; 12:2; Mc 7:6,21 ).
Foi a vontade de escolher o fruto proibido que nos atirou na miséria. Só a vontade de Deus tem realmente liberdade, e se quiser pode dar vida. (Jo 1:12-13)
A ORIGEM DA VERDADEIRA LIBERDADE
(posse non peccare)
Definição: Liberdade é a capacidade de fazer o que é agradável a Deus.
Quando Adão e Eva foram criados, tinham a capacidade de escolher como a verdadeira liberdade. Nas palavras de Agostinho, nossos primeiros pais eram "capazes de não pecar" (posse non peccare). Eles poderiam permanecer no estado de tentação que a serpente lhes impôs.
Adão tinha o Livre arbítrio, tinha a capacidade de fazer a escolha certa. Possuía a verdadeira liberdade. Contudo, ainda não era a liberdade perfeita; era verdadeira, porém não perfeita. Pois havia a possibilidade da queda.
Note as palavras da Confissão de Fé de Westminster, Capítulo IX, seção 2
"O homem, em seu estado de inocência, tinha a liberdade e o poder de querer e fazer aquilo que é bom e agradável a Deus, mas mudavelmente, de sorte que pudesse decair dessa liberdade e poder"
A VERDADEIRA LIBERDADE É PERDIDA
(non posse non peccare)
Quando nossos primeiros pais ( Adão e Eva ) caíram em pecado, perderam aquela Liberdade que o Criador lhes havia dado. Perdeu não a capacidade de escolher, mas a verdadeira liberdade, ou seja, perdeu a capacidade de escolher aquilo que agrada a Deus.
Novamente fazemos menção do pensamento de Agostinho. Diz ele: podemos dizer que antes da queda, o homem era "capaz de não pecar". Após a queda é "não ser capaz de não pecar" (non posse non peccare)
As Escrituras ensinam de maneira muito clara que a humanidade decaída perdeu a sua verdadeira liberdade. (João 8:34; Romanos 6:6,17-20 )
A VERDADEIRA LIBERDADE É RESTAURADA
(posse non peccare)
No processo de redenção, o homem decaído começa a restaurar sua liberdade perdida na queda.
Agostinho chamou o estado do homem regenerado de "posse non peccare" - posso não pecar, porque a redenção significa libertação da "escravidão vontade".
Vamos dar um olhada em algumas passagens das Escrituras que mostram que a liberdade para fazer a vontade de Deus, é restaurada na regeneração, operada pelo Espírito Santo em nós. (Jo 8:34-36; Gl 5:1,12,13; II Co 3:17-18; Rm 6:4-6; 14-18; 22 )
A verdadeira liberdade não é licença para pecar ; não significa fazer o que bem quiser. Segundo o apóstolo Pedro (I Pe 2:16), quem tem liberdade, usa-a para servir a Deus.
O exercício de nossa liberdade envolve nossa responsabilidade neste processo que chamamos de santificação.
A VERDADEIRA LIBERDADE APERFEIÇOADA
(non posse peccare).
Em nosso processo de santificação, que é a verdadeira liberdade no processo de redenção, ainda podemos pecar, mas no estado glorificado, na vida por vir, nossa liberdade será aperfeiçoada. Então, como disse Agostinho; estaremos no estado "não posso pecar" (non posse peccare).
Quando estivermos com nossos corpos glorificados, já não seremos mais impedidos em obedecer a Deus com a perfeição que Ele deseja.
Cf. I Co 15:42-43 ; Ap 21:4
Esta glorificação não será apenas na alma, mas também no físico. A Imago Dei, ( Imagem de Deus ) antes ofuscada por causa do pecado de Adão, chegará a sua perfeição por ocasião da Segunda Vinda de Cristo, quando então, seremos ressuscitados e habitaremos para sempre com o Senhor (cf. I Tes. 4:13-18).
o estado final dos Santos Glorificados
Na nossa glorificação, seremos restaurados novamente á perfeita imagem de Deus. Em nosso estado glorificado, vamos poder refletir Deus em sua plenitude. Reporto-me ao Dr. Van Groningen, que afirmou que Deus ao nos criar á sua imagem e semelhança nos deu três mandatos que delineiam os deveres pactuais de Deus com o homem: São eles: os mandatos Espiritual, o Social e o Cultural.
A glorificação ( a imagem aperfeiçoada ) implica em que :
A. O Homem passará a ter um relacionamento perfeito com Deus. ( Mandato espiritual )
De acordo com as Escrituras, os remidos na glória vão poder desfrutar da comunhão plena com Deus; vão Ter uma visão de Deus na face de Cristo ( ap. 22:4 ); vão desfrutar da completa isenção do pecado; vão adorar plenamente o Deus verdadeiro ( Ap. 19:6,7 ). Prestarão um genuíno serviço ao Rei das nações ( Ap. 22:3 ). Tudo isso tinha sido perdido na Queda.
B. O homem passará a Ter um relacionamento perfeito com o próximo (Mandato Social)
No estado glorificado, ou seja, com a Imagem de Deus aperfeiçoada, os santos não mais vão se relacionar egoísticamente, não haverá ressentimentos, mentiras, odio ou manipulações. Amor e comunhão é o que marcará definitivamente o relacionamento entre todos os irmãos. As diferenças desaparecerão. Todos os membros desta Família estarão agora e para todo o sempre na Casa do Pai.
C. O homem passará a Ter um relacionamento perfeito com o cosmos. ( mandato Cultural ).
Paulo em Romanos 8:21 nos diz que "a própria criação será redimida do cativeiro da corrupção...". Não apenas o ser humano será redimido, mas também toda a criação. Não apenas o homem espera por um novo começo, mas também a criação o espera de forma expectante (Ef 8:19). A glória por vir também receberá uma criação redimida da corrupção do tempo presente. Em Isaías, Deus já prometeu criar novos céus e uma nova terra (vv. 22 e 23) para o seu povo se regozijar.
Se com a Queda, o homem perdeu o domínio sobre a criação, agora no estado de glória, ele vai exercer o domínio, o governo sobre a natureza. Vai herdar a terra. Não mais vai destruí-la como antes. Pelo contrário, o homem vai cumprir o mandato e governar sobre toda a terra, ( G, 1:27,28 ) agora redimida do cativeiro da corrupção.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Estudo Teológico da Teologia
EspiritualNossa reflexão é sobre identidade. Que nos identifica como cristãos, salvos, regenerados, nascidos de novo, tornados novas criaturas? Que convocação, chamada, temos da parte de Deus Pai que faz diferença no mundo em que vivemos e atuamos?